Para onde vamos agora? (Romance LGBT/Ficção)

Capítulo 04: Pesadelo

《Narrado por Nicholas》

Passamos o resto da noite dentro daquela loja, com frio, com medo, preocupados, não sabíamos como nossas famílias estavam ou se seja lá o que aquilo for já tenha ido embora. Já fazem mais de 10 horas que estamos aqui e ninguém veio nos procurar, no meu relógio marcam agora 5 da manhã, vejo o sol começando a nascer por uma janela de vidro que havia ali, os meninos dormiam atrás de colchões, estávamos escondidos esse tempo todo.

Com movimentos leves levo meu corpo pro lado e olho se está tudo calmo lá fora, pelo que parece sim, saio de trás do colchão e me levanto, vejo o sangue que ainda estava no vidro e as lembranças do que eu havia visto vieram a cabeça novamente.

- não... - escuto uma voz e olho pro lado, Christian estava começando a suar e se mexer, sua respiração era pesada, um pouco mais adiante vejo os olhos de Jackson sendo lentamente abertos por causa dos barulhos.

Ele olha pro garoto causador dos sons e depois trouxe seu olhar até mim um pouco confuso, ambos sabemos que se aquela coisa ainda estiver aqui ela com certeza vai nos escutar.

- SOCORRO - ele gritou e seus olhos se abriram, corri até ele e tapei sua boca para que não fizesse mais nenhum som, Jackson veio logo em seguida.

- fica quietinho, respira, foi só um pesadelo, a gente tá aqui com você - ele disse sussurrando ao chegar até nós, tiro a mão de sua boca e o garoto começa a respirar normalmente.

- quer nos contar com o que você estava sonhando? - pergunto me sentando no chão.

- aquela coisa derrubou o nosso avião, eu vi todos nós morrendo - ele colocou as mãos no rosto e novamente respirou fundo.

- olha pra mim - peço e ele olha - vai ficar tudo bem, okay? Enquanto Jackson e eu estivermos aqui, nada de ruim acontecerá com você.

- por mais quanto tempo vamos ter que ficar aqui dentro? - ele abaixa a cabeça e escuto sua barriga roncar, concordo com ele, temos que sair daqui.

- por mim não saíamos daqui - Jackson diz olhando pra porta - mas se não sairmos, morremos de fome, frio, e desidratação... temos que sair daqui.

- eu vi algumas barras de ferro que seguram camas aqui, podemos usar como defesa e ataque - digo levantando novamente - é nossa única chance.

Eles concordam e levantam junto a mim, os levo até onde as barras estão e cada um pegou uma, qualquer um estaria com medo agora, assim como nós estamos, mas não iremos sobreviver se ficarmos aqui.

- abrimos a porta, saímos daqui, procuramos por nossas famílias, e vamos pra Van, depois disso seguimos com nosso caminho, pra bem longe daqui! Esse é o plano - Jackson diz se posicionando para pisar no sensor da porta e abrir ela.

De uma forma lenta, foi colocando seu pé no sensor e logo a porta abriu fazendo um barulho, ele deu o primeiro passo, o segundo, e estava fora da loja olhando de um lado pro outro, fez um sinal com a mão para sinalizar que estava seguro, o seguimos.

Até chegar no primeiro andar, foi praticamente como viver em um filme de terror, tudo vazio, apenas corredores com vários lojas, mesmo nos arrastando para que não fizéssemos barulho, chegamos lá, nada da nossa família ou do bicho que vimos, minhas mãos tremem a cada passo que dou, descemos as escadas e de longe pude ver o automóvel estacionado.

- não foram embora, a Van ainda está ali - digo os fazendo olhar - o que fazemos agora Jackson?

- vamos procurar por nossas famílias, eles devem estar por aqui em algum lugar - ele diz observando atentamente todo o local.

- assim como eles podem estar por aqui em qualquer lugar, aquela coisa também pode estar - concordo com o que Christian disse.

- então você quer ir embora? Deixar eles aqui? - Jackson para o que estava fazendo e se aproxima de nós.

- não é isso, eu só não quero acabar como aquele homem - o garoto se explica e demos mais uma olhada sem se afastar um do outro.

- temos que procurar por eles em todo o shopping, não importa o que aconteça no caminho - digo olhando pra Van - vamos encontrar eles.