Capítulo 01: Piloto

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《Narrado por Nicholas》

- Atenção senhores passageiros, se preparem para o pouso - a voz do piloto me tirou de um horrível pesadelo que eu estava tendo.

Mexo minha cabeça pro lado e vejo que minha irmã está dormindo deitada no ombro de sua namorada que não tirava o olho do celular, mas não tocava na tela, provavelmente está assistindo algum filme ou série. No lado direito, vejo a cidade de cima, estava tudo muito calmo, não via as pessoas que pareciam com formigas aqui de cima, nem carros se movendo nas estradas, eles estavam parados.

Me prendo aos meus pensamentos e apenas me toco de que pousamos quando sinto o impacto do avião chegando ao solo, minha irmã acordou no mesmo momento, ainda se passaram alguns minutos com o avião se movendo até um ponto em que os outros passageiros foram avisados que já podiam começar a tirar as malas, minha cunhada levantou e em menos de uns 40 segundos entregou a minha bolsa, coloquei nas costas e esperei o avião parar.

Se passaram uns 3 minutos e nada do piloto abrir a porta, já tinha gente reclamando pedindo para agilizar o processo, até que ele sai de sua cabine e vem até nós.

- Algo não está certo - disse ele.

- Descobriu isso sozinho? E me disseram que o serviço de vocês eram bom - um senhor que aparentava estar com raiva falou.

- Tentamos nos conectar com pessoas na cabine, e ninguém nos respondeu, resolvemos descer mesmo assim, chegamos agora e não apareceu nenhum dos trabalhadores para no mínimo trazer uma escada, na verdade não há ninguém aí fora... vou abrir a porta, pular do avião e pegar uma escada pra vocês.

Mesmo a altura da porta ao chão sendo um tanto quanto alta, ele pulou, e saiu correndo pra pegar a escada, logo voltou com ela e colocou na porta, as pessoas começaram a sair de lá e ir embora, desci seguido pelas meninas e eu vi que o piloto tinha razão, algo não está certo, tudo muito quieto e vazio. Desligo o modo avião e mensagens começam a chegar, entre elas 5 da minha melhor amiga.

LAURA: Eu tô com medo [17:03]
LAURA: Eles mataram todos dentro da sala do cinema [17:03]
LAURA: Nicholas, eu te amo [17:04]
LAURA: Você foi o melhor amigo que alguém poderia ter [17:04]

Nesse mesmo momento minha garganta ficou estranha, como se estivesse guardando choro, eu fiquei paralisado, não sabia como reagir... ao meu lado uma mulher escutava um áudio em seu celular.

"Mãe, eu estou escondida, eles vão me achar". Todos alí escutamos claramente o que estava vindo do celular, "eles entraram na escola e começaram a atacar a todos, eu estou escondida no banheiro com umas garotas, mãe eu tô com medo"

Todos olhavam a mulher que já chorava, os áudios da menina eram de arrepiar qualquer um, a garota chorava de uma forma desesperada mas ao mesmo tempo sem gritar, a mulher coloca um segundo áudio pra dar play.

"MÃE SOCORRO ELES ENTRARAM DENTRO DO"

Agora sim ela gritava, não deu tempo de ela falar o que queria no áudio, apenas escutamos um barulho horrível que eu não havia ouvido antes, e o áudio acabou, a mulher se ajoelhou no chão chorando, algumas pessoas foram até ela tentando fazer com que ela se acalme.

- Nick, vamos sair daqui, o clima tá pesado - minha irmã me arrastou pelo braço, eu estava praticamente sem respirar com tudo isso acontecendo.

Andamos até a parte interior do aeroporto, além das pessoas que vieram conosco no avião, estava tudo deserto, não havia uma pessoa ali mas sim alguns destroços. Saímos pro lado de fora, um grupo de umas 20 pessoas, só haviam os carros do estacionamento, algum deles chocados em outros, como se várias pessoas tivessem ligado os carros e tentando sair ao mesmo tempo mas acabaram perdendo o controle e batendo nos outros. Mas nem mesmo um sinal de outros seres humanos.

- Tá tudo muito estranho, acho que devemos ir pra dentro - um cara disse levando suas duas filhinhas pra dentro, seguimos seu conselho, o pessoal ficou todo em uma sala grande, um pouco afastado em "grupinhos" porém perto uns dos outros, sinto que todos estão com várias perguntas na cabeça.

- Eu vou no banheiro - digo pra minha irmã e ela concorda com a cabeça mas pediu pra que eu tomasse cuidado.

Levantei e fui até as escadas, muitas coisas ainda funcionam por causa da tecnologia de máquinas que não precisam de auxílio humano, mas muita coisa deve ter parado por aqui. Subo as escadas até o segundo andar, que seria onde ficam as lojas de comida e etc. Também estava totalmente vazia, confesso sentir medo de ficar aqui, fui andando devagar, mas no meio do caminho vi um cachorrinho escondido entre as mesas encolhido e tive que parar.

- ei carinha - me abaixo pondo um joelho no chão e me apoiando com o outro pé - vem aqui.

Fiquei o chamando até que ele veio, pela primeira vez senti que um cachorro estava nervoso, ele veio até mim devagar, e eu comecei a fazer cafuné nele, vi que ele tinha coleira, seu nome é Raio, fiquei uns minutos brincando com ele até que outro cara sobe as escadas e vem em minha direção.

- qual o nome dele? - ele chega perto e se abaixa também.

- na coleira diz que é Raio - respondo.

- acabou de achar ele? - concordo com a cabeça.

Escuto um barulho vindo do lado direito, e logo um terceiro garoto aparece de uma porta fechando o zíper.

- eu tava com medo de que ele fosse raivoso - ele diz ao se aproximar - vi ele ai sozinho e fiquei meio triste com a cena mas não tive coragem de pegar nele.

- eu também tava, mas chamei ele e depois de um bom tempo ele veio - explico e vejo ele baixando até nós - passa a mão nele.

- tá bom - ele coloca a mão na cabeça do cachorrinho fazendo carinho e logo o rabinho dele começa a mexer por causa da atenção que tá recebendo.

- eu vim aqui em cima pra ir no banheiro também, vou lá rapidinho e já volto.

Deixo eles lá com o cachorro e vou até o banheiro, entro em uma das cabines e faço o que tinha ido fazer, depois de terminar, lavei as mãos e me olhei no espelho, não sei se Laura morreu, não sei quem tava tentando matar ela, não sei o que está acontecendo em todos os cantos, apenas respiro fundo e saio de lá indo em direção aos meninos novamente.

- Ae, vocês estão afim de cometer um crime? - vou em direção a eles.

- Do que você tá falando? - o garoto que havia chegado por último pergunta.

- A gente tá no meio do paraíso das comidas, Mcdonalds, Starbucks, podemos pegar qualquer comida que quisermos sem que ninguém saiba - dou a ideia e eles sorriem.

- Fica aí a gente já volta - o outro garoto disse pro cachorrinho - é hora de roubar comida.

Para onde vamos agora? (Romance LGBT/Ficção)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora