Capítulo 03: Vulto

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《Narrado por Nicholas》

Achar um carro naquele estacionamento foi bem difícil, todos estavam trancados, e os que não estavam, não tinham chave, nenhum de nós sabia como fazer o carro pegar por ligação direta. Eu já havia desistido, me encostei em uma van e fiquei olhando para baixo pensando praticamente no mundo, em como tudo isso aconteceu, e principalmente nas mensagens que Laura me mandou, e no áudio da mulher que estava conosco no avião, coloco as mãos no rosto respiro fundo e olho pro lado e vejo que a Van estava com sangue na porta, me abaixo pra ver até onde o sangue ia, acabei me deparando com uma carteira e a chave da van debaixo do próprio veículo.

Não tinha vestígio algum de onde o sangue havia saído, ele apenas estava lá. Pego a chave e tento abrir a porta do carro, por sorte ela abriu e um pequeno sorriso se formou em meus lábios.

- aí galera, consegui - chamo a atenção do resto do pessoal que vieram até mim todos com um pouco de esperança.

Entramos no veículo, o irmão do Christian foi dirigindo o veículo com minha cunhada ao seu lado, minha irmã foi com a mãe do Jackson no meio, e eu e os meninos nos bancos de trás da Van.

Um cenário pós-apocalíptico nos cerca, casas com portas e janelas quebradas, carros destroçados, motos e bicicletas caídas no chão, e o pior era que de vez em quando encontramos alguns vestígios de sangue pela cidade.

- vocês tem alguma ideia de o que pode ter ocasionado isso? - cruzo os braços ao perguntar aos meninos, ambos ficam calados pensando um pouco antes de me dar uma resposta.

- talvez algo tenha acontecido na cidade e ela tenha sido evacuada - Jackson sugere.

- Eu creio que não, mas caso tenha sido isso mesmo, não é um bom local para ficarmos não acham? - Christian intervém.

Passamos um bom tempo até chegar no Shopping que o pessoal tinha comentado, e em todo o caminho não havia sinal algum de ser vivo, realmente foi tudo evacuado. O tédio já estava grande mas finalmente chegamos no tal shopping, que realmente é bem grande.

- já está escurecendo e não tem moradores aqui para que as luzes sejam acesas, o que acham de ficarmos aqui até amanhã? Com certeza deve ter algum lugar aqui com camas - pelo que vi todos confirmamos com o que minha irmã acabara de dizer.

- nós vamos procurar lá em cima - sigo o caminho até às escadas com os meninos ao meu lado, tem muitas lojas, o que nos dificulta de achar a de colchões, porém continuamos andando e conversando no caminho.

Não só nós três mas tenho certeza absoluta de que todos os passageiros daquele vôo estão com um único pensamento na cabeça no exato momento: "Por que?". A cada minuto que passa, a dificuldade em esconder como estou de verdade em relação ao que aconteceu com a Laura, mas me mantendo forte pelos outros.

- Achei - fui tirando dos meus pensamentos com a fala do Jackson, que está apontando para uma loja, a parte mais de um metro coberto por material sólido e o resto por uma vidraça grande, dentro podia se ver um lugar cheio de colchões.

A porta é daquelas que abre com sensor, pelo fato de que o shopping provavelmente ter um gerador de energia, ela abriu assim que chegamos perto. Entramos lá, é uma loja realmente grande, colchão para todos os lados, a criança interior que habita dentro de mim me fez correr e começar a pular em cima de um deles. Christian sorri ao me ver daquele jeito e Jackson se junta a mim pulando também.

- a gente tá em uma situação quase de emergência populacional e vocês dois pulando em cima de um colchão, quantos anos vocês tem? 12?

- nunca se é jovem demais para se divertir cara, a gente sabe que você quer vir - digo descendo do colchão e pegando no braço dele o puxando.

- é sério isso? - ele diz rindo até que consigo fazer ele ir com a gente.

No momento em que ele deu o primeiro pulo, vi alguém correndo do lado de fora da loja, um homem vestido com uma roupa de policial, parou em frente a vidraça e apontou uma arma pro corredor, acho que ele não nos viu. Sua boca se mexia mas não conseguimos escutar por causa do isolamento acústico que havia dentro.

- o que ele está fazendo? - Jackson diz descendo do colchão e indo em direção a ele, mas antes de chegar no mínimo na porta, o homem começa a atirar e Jackson volta correndo até nós que ficamos paralisados.

Um vulto grande e muito rápido foi em direção ao policial, parecia um urso, mas não conseguimos ver pois ficou escondido abaixo da vidraça, em questão de segundos o sangue do policial estava no vidro, e vimos sua cabeça rolando e parando em frente a porta, tapei minha boca para que eu não pudesse gritar e vejo algo que me deixou com mais medo do que eu já tive em toda a minha vida, uma garra preta com algumas partes coberta de sangue fincou dois de seus "dedos" se é que posso dizer assim, nos olhos do policial e arrastou a cabeça pra longe dali.

- que porra... é essa? - digo com uma voz trêmula.

Para onde vamos agora? (Romance LGBT/Ficção)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora