Capítulo 56

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Aviso 📍 cenas fortes e que podem ser gatilho. Conteúdo com tentativa de suicídio 📍

Uma semana depois

Ayla

Ja faz algumas horas que eu mandei mensagem pra Madu perguntando se estava tudo bem e nada dela me responder, já liguei pra minha tia e nada dela chegar em casa. Eu tento não pensar no pior, tento bloquear aquela cena da minha cabeça mas não da, não sei se a minha família suporta mais uma perda.

— Mensagem (2)
Amor 💕: nada ainda?
Eu: não, to ficando preocupada já
Amor 💕: to indo pra aí, se acalma.

Nos últimos dias eu e o Guto estivemos em bem em cima da Maria Eduarda, querendo saber como ela estava toda parte do dia. Ela não teve contato com o grupo veneno e por mais que eles insistissem em procurar ela estava bem firme não querendo aproximação, até agora não sei o que aconteceu e pouco me importa.

— Chegamos — Guto e o Rafa apareceram na sala.

— Não consigo falar com ela — já tava quase chorando — Eu to sentindo aqui uma sensação ruim — coloquei a mão no meu peito e comecei a chorar.

— Você acha que ela tá no mesmo lugar? — Guto perguntou.

— Vamos — peguei a minha blusa de frio e entramos no carro do Rafa. Guto foi dirigindo por já saber o lugar e o caminho mais rápido, entrou em um caminho deserto e parou em frente a uma ponte. Bem de longe eu conseguia enxergar ela, apoiada no ferro. — Duda não — gritei descendo do carro correndo.

— Não chega perto de mim — gritou fora de si.

— Duda, por favor — tentei me aproximar mas o Rafael me puxou — Você tá cheia de sangue, deixa eu cuidar de você.

— Não — apertou mais os cortes nos braços — Eu mereço isso, eu mereço tudo isso... — neguei.

— Não merece, meu amor — ela tinha corte por todo o corpo, no chão duas facas e tudo em volta cheio de sangue — Deixa eu cuidar de você mais uma vez, por favor.

— Eu sou influenciável, sou imunda e fiz mal pra tanta gente — arranhou mais os braços — Vai ser um peso a menos na vida de todo mundo — se apoiou no ferro.

— Você não é nada disso — Guto se aproximou — Você é linda, inteligente mas cometeu erros, isso é normal e nós estamos aqui pra tudo. Não faz isso, Duda — falou chorando.

— Eu sou uma vergonha pro Vítor, não consegui me despedir dele e errei mais uma vez  — soluçou — Eu deixei ele se matar... eu deixei ...

— Não deixou — me aproximei — Ninguém sabia, nenhum de nós sabia. Vou já passou por tudo isso e se reergueu, não deixa isso te derrubar de novo. — Rafa deu a volta ficando do lado aposto a ele — Eu te amo, você é a minha prima, sangue do meu sangue e agora não importa nada do que aconteceu — ele se aproximou mais — Você é forte e consegue resistir dessa voz que tá te diminuindo toda hora.

— Eu decepcionei vocês — falou baixo e como se algo estivesse doendo muito — Eu mereço isso..

— Você é a minha prima, aquela que me derrubava na piscina, aquela insuportável que sempre chorava pra vó me culpando de tudo. Você me defendeu quando queriam me bater na escola e limpou os meus machucados quando eu apanhei — Guto falou chorando — Eu não posso perder mais um, por favor..

— Desculpa — pediu e se jogou pra trás mas o Rafael conseguiu puxar ela.

Naquele momento eu não tive forças pra ficar em pé, me permiti cair e chorar alto. Deus, se eu não tivesse chegado a tempo ela não estaria mais aqui, se eu não tivesse deixado ela sair mais cedo ela não estaria cheio de cortes pelo corpo e desmaiada no colo do meu namorado.

Quando o Vitor, irmão da Madu, não aguentou  a nossa família desmoronou. Ninguém tinha forças pra continuar e foi ela quem reergueu todos e mostrou que era necessário lutar, dois anos depois segurar tudo nas costas teve a sua consequência. Madu foi ao psiquiatra e ao psicólogo, não queria sair de casa e muito menos comer, chegando a pesar 43kg. Certo dia ela não aguentou e veio a esse mesmo lugar acabar com toda a sua dor, conseguimos chegar a tempo mas as cicatrizes continuavam em seu corpo.

Depois de ter enxergado aquela Madu chegando eu entendi tudo o que tinha acontecido, ela tinha se apegado em alguém de um modo protetivo, como se aquela pessoa fosse ela mesma. Proteger a Vitória foi a autodefesa dela, não estava consciente do certo ou errado e cada vez mais entregue aos outros, e infelizmente não era a pessoas boas. Quando tudo piorou e mostraram a verdadeira face ela desmoronou, o sentimento de solidão dominou tudo e mostrou que em todo tempo ela não estava ficando mais forte e sim, criando uma barreira sob terceiros. Não fez o que fez por maldade ou infidelidade mas sim dominada pela própria inconsciência e a autodefesa.

Rafael colocou ela no carro e dirigiu ao hospital mais perto, Guto a pegou no colo e entrou na emergência gritando socorro enquanto eu só conseguia ver tudo girando. Os médicos se aglomeraram em volta da minha prima e tudo o que eu consegui ouvir era o som do desfribilador.

Guto e Rafael ligaram pra minha família chamando todos urgentemente para cá, eu só conseguia ficar no chão encostada à parede sem reação. Meu coração doía só de imaginar perder mais alguém..

— Amor, bebe — Rafa esticou um copo d'água e eu neguei — Ayla você tá pálida, toma logo essa água — falou impaciente e ele mesmo abriu a minha boca virando aos poucos o copo ali.

— Cadê a minha filha? — minha tia chegou desesperada — Cadê o meu bebê?

— Ela entrou tia, os médicos já estão cuidando dela — Guto tentou a acalmar.

— Obrigada por ter salvado ela — me abraçou chorando — Obrigada por não ter deixado ela ir embora..

— Eu não consigo passar por isso de novo — Guto saiu pela porta principal.

O que acharam?
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Não vejo outra saída [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now