Capítulo 14

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Rafael

Eu amo trabalhar com os animais, namoral, mas ter que lidar com papelada é o maior castigo de um mero iniciante nesse lugar. Final de semana vai ter uma feira de adoções aqui, vários cães e gatos esperando o seu dono é aquele rolo inteiro, mas quem se fode é a gente classe baixa operária que cuida dos bichanos. Assinar mil e uma liberações, averiguar se o bichinho não vai morrer e trazer danos sentimentais pra família e deixar ele bonitão pra adoção.

A notícia boa da semana era que o farofa tinha melhorado, o mulecote era fortão e mandou as bactérias pra puta que pariu. Já tava todo animado querendo brincar e latindo na minha cabeça.

O hospital tava um caos porque o governo cortou a verba e pau no nosso cu. Tinha que ir atrás de voluntários e mais voluntários pra ajudar na feira, tava um mais estressado que o outro.

Parei pra almoçar era umas 15h da tarde, fui em um refeitório que tem aqui mesmo e pedi aquele almoço caprichado pra cozinheira daqui. Sentei pronto pra comer e o meu celular começou a apitar, paz não existe nesse mundo.

— Mensagem (2)
Ju: oi gatinho
Ju: a gente nem se falou dps daquela treta lá, bora dar um role essa semana?
Rafael: sei não Ju, to ocupadasso no trampo. Quando der uma aliviada eu te aviso, pode ser?
Ju: hm tá bom

O problema da Juliana era ouvir um não, emburrava na hora. Eu deixei pra lá, se não entende que não da agora é bom procurar outro. Almocei rapidão e voltei pra minha sala, estava tentando examinar uma gata mas ela só sabia me morder, já tava ficando puto.

- Rafael - Will entrou puto batendo em tudo que é coisa, já olhei com cara de pouca conversa.

- Nem vem que eu to ocupado - resmunguei.

- Você é meio mundo - bufou - Estamos precisando de voluntários pra feira, conhece alguém? - perguntou.

- Não - respondi sem dar atenção. Na hora que ele virou pra sair me deu um estalo, eu conhecia sim - Will - gritei - Tem uma amiga que já foi voluntária.

- Amiga? - olhou malicioso - É bonita?

- Se continuar assim não vou chamar ninguém não - fechei logo a cara, palhaçada rapaz - Vou falar com ela e te aviso - ele concordou e saiu, a gata logo me deu uma mordida no dedo - Aí cacete, o que eu te fiz gatinha?

Terminei o meu dia e bati o ponto ouvindo o Will fofocar pra metade do pessoal que eu ia trazer uma amiga pra ser voluntária. Cheguei em casa morto, entrei e ouvi o Leonardo xingando só Deus sabe quem, meu parceiro tava nervoso essa semana e o motivo tem nome e endereço.

- Vai tomar um banho caralho, tá fendendo aí - Entrou na sala brigando comigo.

- Não vem descontar o seu estresse em mim não, vaza - revirou os olhos e se jogou no sofá - Vai contar o porque disso tudo? - ficou quieto e se ajeitou no sofá - Ou eu posso confirmar que é por causa da Sarinha?

- Sarinha é o meu pau - resmungou - Ela tá toda cheia de gracinha pro novo amiguinho dela.

- E? - ele me encarou e eu dei uma risada - Ah não, você tá com ciúmes dela? - fechou a cara - Parceiro foi tu que terminou tudo com ela, agora tá todo arrependido?

- To nada, só não gosto desse papo de amigo dela - resmungou.

- Fila andou parceiro - dei um tapa na cabeça dele e levantei pra tomar um banho.Liguei pra minha mãe pra fazer aquela média e capotei.

Ayla

Passei a madrugada todo estudando pra prova de hoje, tava parecendo um zumbi com as roupas amassadas e o cabelo esbagaçado. Tomei um banho rápido de manhã, peguei uma garrafinha com água na geladeira e corri pra não perder o ônibus. Mal cheguei na faculdade e ja fui interceptada pela Fernanda.

- Ayla do céu eu to muito ferrada - ela falou rápido - A prova é daqui alguns minutos e eu to fudida cara, socorro!

- Amiga vai dar boa - abracei ela - Preciso de cafeina, bora? - ela concordou e fomos em direção a cantina.

- Tá só o pó em amiga - Sarah chegou acompanhada dos meninos.

- Nossa, obrigada Sarah pela parte que me toca - sorri forçada e arrumei o meu cabelo pra ver se melhorava.

- Moça quero uma garrafa cheia de café, por favor - Fernanda pediu.

- Tu tomou quantos energéticos, só pra saber? - Yan perguntou abraçando ela, que fez o número 5 com as mãos.

- Eu tomei só dois - falei e ela mostrou a língua - Vou cortar ein.

- Posso falar com você, é rapidão - Rafael falou baixo e eu concordei.

- Vai aonde, ein papai? - Sarah gritou - To de olho em vocês - mandei o dedo do meio. Andamos até uma parte do pátio enquanto eu pensava em que merda eu devo ter me metido.

- Olha eu não fiz nada, não vem com essas ideias que eu to sendo falsa com vocês porque eu não to sendo e se for isso vai se fuder, to sem paciência pra desaforo - fui logo me defendendo.

- Calma garota - falou rindo - Não é nada disso não - cruzei os braços e encarei - Lembra que você disse que já foi voluntária e tal? - coçou a cabeça e eu concordei - É que lá no hospital veterinário que eu trabalho vai ter uma feira de adoções e tal, aí estão precisando de voluntários e eu lembrei de você.

- Então resumindo, você tá perguntando se eu posso ser voluntária? - perguntei e ele concordou - Beleza, que dia?

- Sábado e domingo - sorriu e eu concordei.

- Estarei lá - pisquei e me virei pra voltar pra cantina. Rafael puxou o meu braço e se aproximou.

- Boa sorte na sua prova - sorri - e não deixa a Fernanda beber tudo aquilo de café.

- Obrigada - agradeci e sai antes que ele percebesse que eu me arrepiei todinha, que pegada meus amigos.

Chamei a Fernanda que carregava literalmente uma garrafinha de água cheia de café dentro, entramos na sala, me sentei na carteira da frente e a Nanda atrás. A professora entregou as provas e eu comecei a sentir a minha cadeira sendo chutada, dei um empurrão pra ver se ela parava mas a menina tomou tanto café que tava até em choque.

- Fernanda caralho - sussurrei - Para com isso ou eu quebro a tua cara - ela deu risada e levantou as mãos em rendição. Me virei e comecei a ler a prova, socorro Jesus.

Ayla vai passar o final de semana juntinho com o Rafa, será que vai dar bom? Bjo bjo

Não vejo outra saída [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now