39 _ Lar

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Oliver

Saí da delegacia e segui direto para ver Louise no hospital. Sequer esperei meu advogado terminar de explicar como todas as provas que havia conseguido para incriminar os dois me ajudariam a não apenas punir os dois, como também limpar o meu nome que havia sido emporcalhado na mídia. Eu sinceramente já não me preocupava com a minha situação jurídica. Somente Louise era minha prioridade.

Assim que passei pela porta do quarto a abracei forte.

— Que bom que você voltou!

— Eu disse que voltaria. — Falei me afastando do abraço e ela apertou os lábios, angustiada. —  Eu já soube. O médico me contou que graças a todo estresse que você passou com o Nicolas, fizeram alguns exames e detectaram a alta na sua pressão.

— Sim. Eu terei que ficar de repouso absoluto até o parto que precisará ser prematuro. — Contou com a voz vacilante. — Estou assustada com tudo isso. Eu realmente achei que conseguiria trabalhar um pouco mais antes de dar uma pausa para o bebê nascer. — Contou abaixando a cabeça e eu peguei na mão dela.

— Não se preocupe com dinheiro agora. Eu já conversei com a sua mãe e vou pagar todas as despesas do asilo. — Contei e ela pareceu incomodada com algo. — O que foi?

— Nada.

— Pode me dizer. O que está te afligindo? Lembra que não pode ficar mais nervosa em hipótese alguma? Me diz o que é e eu resolvo para você.

— É que... Meu pai... Ele... Está internado numa clínica de reabilitação. — Contou sem me olhar diretamente. — E eu assumi as despesas dele. Na verdade ele não sabe. Nem minha mãe pode saber.

— Espera, como você assumiu as despesas dele sem ele saber?

— Meu pai luta contra o vício há anos. Teve uma época que viveu nas ruas. Até mesmo roubou. Ele já fez coisas horríveis... — Contou apertando os lábios. — Já me disse coisas horríveis. Minha mãe desistiu dele, mas eu não. Eu não posso desistir dele, entende? Por mais que nós não nos falamos mais... Eu jamais o abandonaria à própria sorte. Ele é meu pai, meu super herói da infância. Ele cometeu um erro, um grave erro que quase custou a vida dele, porém eu tenho fé que um dia possa se recuperar e seguir a vida dele.

— Se restasse alguma dúvida mesmo que minúscula de que você é incrível, nesse exato momento ela se findaria. Não se preocupe com nada, é só me passar os dados e eu pago o quanto ele precisar para se recuperar.

— Obrigada pela oferta, mas essas dívidas são minhas. — Respondeu inocentemente e eu puxei a mão dela para dar um beijo.

— Suas dívidas são minhas a partir de agora.

— Isso não me parece justo, Oliver.

— Louise, não seja teimosa! Você não pode trabalhar e não tem como bancar tudo sozinha. Aceite minha ajuda! Eu só quero cuidar de você e do nosso filho. — Falei e ela olhou para a própria barriga. A camisola azul clara revelava um pequeno montinho que por alguns instantes prendeu sua atenção. — Jean está ansioso com a chegada do irmãozinho.

— Você contou para ele? — Perguntou me olhando surpresa.

— Não só para ele, para o mundo todo. Até para os moradores de rua eu contei que vou ser pai novamente. — Contei orgulhoso e ela sorriu incrédula.

— Você está mesmo feliz?

— Estou me sentindo realizado. Louise, naquele dia, no aniversário de oito anos da morte de Emma, quando estávamos naquele iate, sentados todos juntos vendo o pôr do sol, eu notei que a luz que iluminava seu rosto vinha de dentro de você. Durante sete anos eu chorei inconsolavelmente naquele mesmo ponto do mar ao lado de Jean, e então no que seria a oitava vez você me fez sorrir. Você me mostrou que amor nenhum prende a gente. Pelo contrário, ele liberta. Eu vivi preso às lembranças, às emoções, ao meu antigo e feliz casamento. Mas numa coisa meu cunhado Leo estava certo, Emma queria que eu fosse feliz. Ela jamais iria apoiar o isolamento que eu vivi por tantos anos. Entretanto sinto que não foi em vão. A dor precisava ser sentida. Os espinhos precisavam serem aparados para só então as rosas desabrocharem coloridas e vivas. Esse tempo todo achei que eu fosse o jardim, mas na verdade era apenas o jardineiro. E agora estou pronto para cuidar de uma nova flor. — Falei tocando carinhosamente no lindo e delicado rosto dela. — Demorou muito para as coisas esclarecerem dentro de mim, mas agora essa época confusa passou. Eu só quero cuidar de você e do menino que daqui a pouco vai estar aqui fora nos deixando louco com os choros durante a madrugada, com as fraldas cheias e com muito amor. — Falei e ela me olhou surpresa.

— Você falando isso me deixa tão ansiosa. Eu nem sei cuidar de criança... Só cuidei de idosos a minha vida toda.

— Fica tranquila! Tenho experiência para dar e vender. Modéstia parte sei muito bem como cuidar de filho. Fazer também. — Zombei e ela sorriu timidamente finalmente ficando mais calma. — Eu gosto tanto de você Louise. Gosto como nunca achei que fosse gostar novamente de alguém.

— Eu também gosto muito de você, Oliver! — Sorri me levantando e a beijando cauteloso. — Deita aqui comigo? — Pediu manhosa e eu olhei em volta, conferindo se não havia enfermeiros ou médicos para me repreender.

No mesmo instante me juntei à ela, a abraçando. Acariciei sua barriga e beijei sua testa. Eu finalmente havia encontrado o meu lugar no mundo. E nos braços dela fiz lar.

Quanto Cu$ta O Amor Där berättelser lever. Upptäck nu