18 _ Aquele assunto

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Louise

Por um momento na minha vida eu me esqueci completamente que Lea havia me dito que Nicolas também era piloto. E da pior forma possível nos reencontramos. Primeiro tive receio de ser novamente atacada. Segundo tive receio dele atrapalhar tudo com Oliver. E ele atrapalhou. Na TV ligada na sala eu via a cena de Oliver socando a boca daquele idiota se repetir várias vezes. Era tudo que Oliver não precisava na carreira dele. Eu me sentia extremamente envergonhada, pois a culpa era totalmente minha.

Esse detalhe conseguiu estragar todo o bom dia que tive ao lado da família Bresson. Dona Etienne sorriu ao me receber em sua casa. Ela me abraçou forte e disse que Deus havia escutado as preces dela, pois há muito tempo desejava que uma boa moça aparecesse para fazer o neto amar novamente.

Eu senti meu rosto esquentar, provavelmente ficando vermelha. Oliver Bresson não amaria ninguém além de Emma Florence. Sim, eu pesquisei sobre ela. Era linda, uma cantora com talento incrível e voz fascinante. Tinha os mesmos olhos que o filho deles. Jean era doce e espontâneo. Era bastante carente também, pois vivia me abraçando. Imagino que deva ter sido terrível ser criado sem mãe, afinal, nada substitui tal amor.

Nosso almoço foi delicioso e animado. Jean estava eufórico com a vitória do pai e por sorte não chegou a ver a confusão.

— Que tal ligar o vídeo-game? — Dona Etienne sugeriu para tirar da TV aquilo que eu assistia sozinha na sala.

— Foi culpa minha. — Murmurei e ela ligou o jogo preferido do neto e depois sentou ao meu lado.

— Não é culpa sua a hipocrisia dos outros. Por favor não fique séria assim. Aproveite o dia. Vocês formam um lindo par. — Elogiou e eu sorri timidamente.

Olhei para o lado vendo Jean puxar o pai para a frente do jogo onde se posicionaram para dançar. Oliver era realmente lindo. Estava usando um coque samurai, a calça escura e a camisa clara adornavam seu enorme e maravilhoso corpo. Suspirei o observando em silêncio. Emma teve sorte de conquistar o coração dele, pois ele seria dela para sempre.

— Eu conheço bem esse olhar. — Dona Etienne acusou sugestiva e eu neguei com a cabeça.

— Só estou olhando pai e filho brincarem. — Dei de ombros, porém ela não ficou convencida.

Após Jean ganhar do pai várias vezes me convidou para jogar com ele. Aceitei e perdi também.

— Agora os perdedores irão se enfrentar. — Jean pediu nos fazendo rir.

Permaneci no meu lugar e Oliver se posicionou ao meu lado. Mas não era o meu dia, pois eu perdi novamente.

— Nas cartas você não me vence. — Falei saindo de perto e Oliver gargalhou.

— Como você mesma me disse: isso é discurso de mau perdedor. — Zombou e eu sorri indo até a cozinha.

Encontrei dona Etienne olhando concentrada para a água na chaleira sob o fogão. Ela ergueu o olhar para mim e sorriu serenamente.

— Faz muito tempo que não vejo meu  neto tão feliz assim. — Comentou pegando o pote escrito café no balcão. — Você faz para bem para ele. Aliás, para nós. Veja! — Apontou para a porta da sala e eu flagrei Oliver deitado no sofá, brincando de levantar Jean como se fosse um peso de academia. O menino ria entusiasmado e o pai também parecia uma criança.

Me perdi em pensamentos e então senti o delicioso aroma do café sendo passado. Ela me ofereceu uma xícara e nós bebemos observando os dois juntos.

— Finalmente meu neto deixou Emma descansar em paz. — Comentou aliviada.

Suspirei contrária. Emma estava mais presente do que dona Etienne imaginava.

***

— Obrigado pelo dia de hoje! Tenho certeza que Emma seria assim com nosso filho. — Oliver falou orgulhoso e eu assenti em silêncio. — Aqui está o salário do mês.

Olhei para o cheque que ele me estendeu e um sorriso enorme tomou conta do meu rosto.

— Muito obrigada!

— Não precisa agradecer. É o nosso trato. Te vejo depois. — Disse virando as costas e voltando para casa.

Eu segui apressada para casa. Estava louca para a segunda-feira chegar e poder descontar meu cheque, assim pagaria as mensalidade atrasadas da clínica de reabilitação onde meu pai fica. Mesmo não podendo vê-lo e mesmo minha mãe nem sequer sonhando que eu assumi as contas dele, eu jamais abandonaria o homem que me deu a vida. Não importava os erros que ele cometeu no passado.

Fui direto para o meu quarto e deitei na cama abraçando o cheque ao peito. Ao menos todas as minhas dívidas seriam pagas esse mês. Torci para dar certo em todos os próximos meses. Fechei os olhos e pensei em Oliver, no mesmo instante me repreendi mentalmente.

— É apenas trabalho, Louise! — Repeti para mim mesma em voz alta. — É só trabalho.

Quanto Cu$ta O Amor Where stories live. Discover now