Quanto Cu$ta O Amor

15 _ Plano arriscado

Oliver

Louise estava me encarando à alguns minutos, esperando eu explicar o motivo do meu convite para tomar um café, poucos dias após o aniversário de dona Lola.

Eu havia ensaiado o que dizer a manhã toda, mas ali, diante dos seus olhos castanhos chocolate simplesmente travei. Tomei mais um pouco do meu café e respirei fundo.

— Sei que pode ser uma loucura... Mas eu pensei bastante no que você me contou na festa. — Expliquei e ela franziu a testa, tentando me compreender. — Eu sei que nunca falei com você abertamente sobre Emma, minha esposa. Digo, minha falecida esposa. — Engoli em seco e apertei o copo entre os dedos. — Nunca fomos muito íntimos, apesar de você ter uma boa relação com minha avó e meu filho.

— Dona Etienne já me contou o que aconteceu. Eu sinto muito!

— Eu imaginei que ela já tivesse contado. — Comprimi os lábios, as palavras custavam a sair. — Todos acham que eu devia seguir em frente, mas não posso seguir sem meu coração, entende?

— Entendo. — Respondeu apertando minha mão sobre a mesa. — Eu não julgo quem deseja ficar onde está. Cada um sabe de si.

— Obrigado. — Respondi olhando nossas mãos juntas e ergui o olhar novamente para ela. — Você disse que tem um cliente com a situação parecida com a minha.

— Sim. Liam, aquele senhor que estava comigo no restaurante. — Comentou soltando a minha mão e ajeitando os cabelos soltos que balançavam com o vento.

— Você disse que vive com ele o que ele vivia e queria viver com a esposa.

— Sim. — Sorriu delicada. — O amor que ele ainda sente por ela é o que o mantém forte.

— Eu me sinto assim por Emma. Eu... Não... Sei explicar sem parecer um louco.

— Isso não é loucura para mim. — Disse me incentivando e eu respirei fundo.

— Eu quero isso também. — Falei direto e ela piscou confusa. — Quero relembrar as coisas com Emma com você. Poderia... Poderíamos ter um namoro de fachada?

— Namoro de fachada? — Soou surpresa.

— Sim. Assim minha família me deixa em paz e nós podemos... Eu posso reviver meu casamento.

— Namorar com você implica em quê?

— Você só tem que pousar ao meu lado em algumas ocasiões sociais. E também...

— Também o quê?

— Também seria bom se não dançasse mais como stripper e nem acompanhasse mais... Outros homens.  — Respondi e ela arregalou os olhos. — A mídia está em cima de mim há um tempo. Provavelmente irão nos infernizar se você continuar fazendo o que faz.

— Mas... Eu preciso muito do dinheiro.

— Eu pago o triplo que você ganha com seus trabalhos. — Expliquei e ela me olhou espantada. — Jamais deixaria você ter prejuízo por minha causa.

— Eu... Sinceramente não sei se isso daria certo. — Comentou insegura. — No Club meu trabalho sempre foi garantido.

— Podemos fazer um contrato se isso for te deixar mais tranquila. — Sugeri e ela suspirou.

— Teria mais alguma exigência?

— Sim. Minha avó e meu filho não podem saber que o relacionamento é de mentira.

— Entendi. Porém... Eu teria mesmo que largar todos os meus clientes?

— Poderia continuar com o senhor que você ajuda a manter o amor dele vivo. — Respondi e ela sorriu aliviada.

— Certo. Então... Podemos tentar. Vamos fazer um experimento. Pedirei ao Jules que deixe minha vaga em aberto, se der tudo certo levamos à diante.

— Combinado. Então mais tarde passo na sua casa para jantarmos no restaurante favorito de Emma. — Propus e ela assentiu ainda pensativa.

***

Segui para minha casa e encontrei Leo conversando com a minha avó sobre algum problema em algum país que não prestei atenção.

— Podíamos sair essa noite. — Leo considerou bebendo suco e eu neguei com a cabeça.

— Tenho compromisso mais tarde.

— Que compromisso?

— Vou jantar com Louise. — Respondi e ele engasgou com o suco e minha avó sorriu empolgada.

— Vocês vão ter um encontro? — Ambos perguntaram surpresos e eu assenti.

— Bem que a senhora disse que milagres realmente acontecem. — Leo comentou para minha avó que não escondia a euforia.

Era bom eles finalmente me darem paz em relação à ter uma namorada de verdade. Coisa que jamais aconteceria.