Quanto Cu$ta O Amor

10 _ Castelos

Oliver

Durante duas semanas seguidas Louise colocou minha avó na linha. Acompanhou ela na nutricionista, ajudou a montar receitas com tudo que foi passado pela profissional e ainda caminhou pelas manhãs com a minha avó. Um mero detalhe, minha avó nunca havia feito caminhada em toda a vida. E milagrosamente Louise não só a convenceu a fazer, como também a fez ansiar pelo exercício. Estavam sempre sorridentes e seguiam de braços dados pelo parque, não como avó e neta, era mais como mãe e filha. Era muito esquisito ver o efeito benéfico que uma estranha estava fazendo para a minha avó. Aliás, não só ela. A última vez que Louise esteve na minha casa, jogou uma partida de video-game com Jean, resultado: meu filho também se rendeu aos encantos da jovem. Isso já estava ficando fora de controle.

— Advinha onde vamos hoje? — Perguntei e Jean arregalou os olhos animado.

— Disney! — Ergueu os braços eufórico.

O lado positivo de ter um parque da Disney em Paris era a facilidade de me deslocar para lá com o Jean. O lado negativo era que ele sempre queria ir para lá. Aliás, não só ele. Minha avó também amava a magia do lugar.

— Podemos levar Louise? — Jean perguntou e minha avó me olhou com expectativa.

— Não é possível, agora vocês querem incluir a Louise em tudo. Não vamos levá-la. É um passeio em família. Além disso ela provavelmente tem mais o que fazer.

— Mas ela trabalha só à noite na boate. — Minha avó ponderou.

— Ela não trabalha numa boate. — Comentei distraído e ela me olhou com atenção.

— Como você sabe?

— Eu não sei, é só um palpite. — Menti e ela me olhou desconfiada. — Toma meu celular, pode ligar para ela!

Minha avó continuou com um ar investigativo e então discou o número de Louise. A convidou e recebeu um não como resposta. O que Louise provavelmente não sabia era que minha avó jamais se dava por vencida.

"— Por favor, aceita! Vamos adorar sua companhia. Relaxa, voltamos antes do seu horário de trabalho. Vamos no jatinho particular de Oliver."

Aparentemente a resposta continuou sendo não e no final das contas, dona Etienne ganhou pelo cansaço. Sorriu animada batendo palminhas quando finalizou a ligação.

— Ela topou. — Contou fazendo meu filho comemorar também.

Cruzei os braços impressionado. Como Louise havia conquistado minha família tão rápido? Era a pegunta de um milhão de euros.

***

Louise sentou nervosa, estava visivelmente assustada e ao mesmo tempo encantada com meu jatinho. Jean sentou ao lado dela e deu a mão como um perfeito cavalheiro lhe dando coragem. Ela confessou que tinha medo de viajar de avião.

— Nunca foi à Paris? — Perguntei incrédulo e ela negou com a cabeça. — Mesmo sendo aqui do lado?

— Nunca tive dinheiro para isso. — Respondeu séria.

Ficamos brevemente em silêncio. Isso até Jean disparar a falar sobre o que ela provavelmente iria gostar em Paris. Minha avó também entrou no assunto e me restou assistir os futuros guias turísticos indicar os melhores pontos para se visitar na cidade luz.

Após quatro horas de um vôo tranquilo pousamos e obviamente seguimos direto para o parque.

Caminhamos quase o dia todo vendo as atrações. Jean fez questão de atualizar o álbum da Disney, tirando novamente fotos com os personagens que mais gostava. É claro que os preferidos eram do filme Toy Story.

Louise ficou maravilhada com o castelo da Bela adormecida, com suas dezesseis torres simbolizando a idade que a princesa tinha quando caiu em sono profundo ao picar o dedo numa agulha. Sim, aprendemos muitas coisas estranhas quando temos filhos que gostam de ouvir histórias antes de dormir.

Compramos algumas coisas para fazer o que Jean tanto amava após sair do parque: piquenique próximo da torre Eiffel. Minha avó estendeu a antiga manta quadriculada vermelha e branca e colocamos todos os lanches sobre ela.

Enquanto isso Jean e Louise apertavam as bochechas um no outro para fazer uma boa selfie com a torre de fundo.

— Ele adora a Lou. — Minha avó comentou ao notar que eu estava observando os dois.

— Vocês adoram a Louise. — Corrigi e ela sorriu concordando.

— Ela é uma menina tão iluminada. Mesmo trabalhando no que trabalha é a pessoa mais pura que já conheci. — Falou e eu a olhei espantado. — Sim, ela me contou sobre as profissões dela.

— Eu achei que ela não fosse tocar no assunto.

— Ela é muito sincera. Gosto disso em uma pessoa. Principalmente quando ela assume as coisas. — Disse me olhando séria. Eu senti uma forte indireta.

— Eu não tenho nada a assumir.

— Tem sim. Que está errado e eu e Leo estamos certos.

— Não vamos discutir isso aqui, vó. — Pedi e ela suspirou frustrada. Parou de tocar no assunto, mas eu sabia que não iria esquecer.

Após o piquenique visitamos o museu do Louvre e vimos o quadro da Monalisa. Depois andamos mais um pouco em Paris para minha avó fazer algumas compras.

Voltamos a tempo de Louise ir para o trabalho como minha avó cismou em prometer. No final das contas, era dona Etienne quem mandava e eu apenas obedecia.