38 _ Embate

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Oliver

Ela passou mal e sofreu um acidente.

Todos os dias da minha vida repetia na minha mente essas palavras ditas quando fecharam o caso de Emma. Eu me recordo como se fosse ontem receber a notícia com o Jean dormindo no meu colo. Meu corpo ainda arrepiava ao me lembrar da dor que parecia que eu estava sendo esfaqueado. Queimado vivo. Eu esperava por Emma. Nosso filho também. Porém ela nunca pôde voltar por conta da loucura de um homem. Meu filho cresceu sem a mãe por causa dele.

Eu conheci o Nicolas logo quando me interessei por corrida. Não sei dizer se na época poderíamos ser considerados amigos, eu acho que não. Saímos juntos muitas vezes, mas nem sempre quem está o tempo todo ao nosso lado é amigo. E só agora posso enxergar com clareza que nunca fomos nada.

Quando se tem dinheiro e reconhecimento as portas se abrem facilmente para nós. E foi isso que usei ao meu favor. Pela primeira vez na vida usei desse artifício para entrar na cobertura de Nicolas sem ser anunciado. O espelho que ocupava o fundo do elevador revelava meus olhos escurecidos pelo ódio.

Havia chegado a hora de Nicolas pagar por ser tão desprezível. Senti o elevador parar e ouvi o anuncio do vigésimo andar chegar. As portas se abriram revelando o local desejado. Segui meticulosamente até a porta onde bati devagar.

— Você demorou, Mila! — Ouvi ele dizer ao abrir a porta e então ele estacou ao me ver.

Tentou fechar a porta porém eu não permiti. Empurrei com toda força que eu tinha, forçando a minha entrada no maldito apartamento.

— O que está fazendo aqui? O porteiro não te anunciou. — Acusou indo até o computador e digitou algo, eu segurei o braço dele, torcendo para o lado contrário, o fazendo se afastar do teclado. Ele me olhou assustado, a feição mudando para dor. — O que pensa que está fazendo?

— Isso é pelo o aniversário de um ano do Jean onde ele não teve a Emma com ele. — Falei socando a cara dele, o fazendo cambalear. — Isso é por quando ele aprendeu a falar mãe e ela não estava lá para ouvir. — Soquei mais forte o estômago dele o fazendo ter ânsia e cair ajoelhado aos meus pés.

— Ela devia ser minha. — Ele cuspiu as palavras com a voz vacilante de dor. Chutei as pernas dele com ódio o derrubando contra a parede. — Ela queria ser minha assim como Louise quer. Só você não enxerga isso. — Gargalhou e eu golpeei novamente no rosto. — Pode me bater o quanto quiser, nada vai trazer nossa querida Emma de volta.

— Desgraçado!

— Ela disse o meu nome. — Ele praticamente miou sem voz enquanto eu aumentava a força das minhas mãos em volta do seu pescoço. — Ela disse... Nicolas, me ajuda...

— Você teve a chance de salvá-la e não fez nada? — Vociferei e ele sorriu satisfeito com meu descontrole.

— Eu jamais a salvaria. Ela pagou por escolher o homem errado. Devia ser minha. E você sabe disso!

Soltei ele violentamente no chão e sequei as lágrimas que insistiam em embaçar a minha visão.

— Ela poderia ter sido salva... — Murmurei atordoado e ele tossiu com dificuldade.

— Eu jamais a salvaria para você.

— Você é um verme! — Gritei socando novamente a boca dele. — Só um verme seria capaz disso.

— Você tomou tudo que deveria ser meu. Tomou a minha mulher e minha contração na Ferrari.

— Emma jamais seria sua mulher. Ela te achava patético. — Contei entredentes e ele arregalou os olhos. — Ela ria da forma como você tentava atrair a atenção dela. Ela dizia que sentia pena de você.

— Você está inventando tudo isso.

— Não estou. — Falei rindo sem humor algum e o encarei firme. — Na noite em que conhecemos Emma, ela me agradeceu por convidá-la para sair só para não ficar ao seu lado. Ela detestou o seu papo furado e a sua insistência em sair com ela. Ela odiou a forma como você a encarava como um lunático perseguidor.

— Isso é mentira. Rolou um clima entre nós! — Ele gritou se levantando e partindo para cima de mim.

Eu o empurrei com força sobre uma mesa de troféus e ele rolou para o tapete.

— Tanto Emma quanto Louise tem algo em comum em relação à você: querer apenas distância. — Falei e ele levantou mancando e pegando um dos troféus para me ameaçar.

— Você sabe que isso não é verdade. — Balbuciou furioso. — As duas me amam. Louise vai ser minha de qualquer jeito.

— Mas não vai mesmo. — Retruquei e ele tentou me acertar com o troféu. Me esquivei e contornei o sofá.

— Se ela não for minha também não será sua. Ela vai fazer companhia para a Emma. — Ameaçou furioso e eu perdi o controle de vez.

Parti para cima dele e senti o metal frio do troféu quase quebrar o meu braço, entretanto não me ocupei com a minha dor.

— Tenta encostar um dedo que seja na Louise e eu te mando direto para o inferno. — Prometi apertando o pescoço dele com toda minha força. — Você não vai chegar perto dela e do meu filho. Senão eu vou preso, mas eu mato você.

— Então mata... — Ele grunhiu fraco, a pele ficando arroxeada e os olhos saltando como duas esferas.

— Eu não vou sujar minhas mãos com você. — Respondi o soltando e dando mais oito chutes na barriga. Um por cada ano sem a minha esposa. — Agora você é caso da polícia. — Anunciei e ele rastejou pelo chão, cuspindo sangue e me olhando fraco.

— Isso não vai ficar assim. — Murmurou fraco.

— Não mesmo, vai ficar bem pior. — Ironizei e ele arregalou os olhos quando ouvimos a porta sendo batida com violência e vários polícias entrando no apartamento e algemando ele.

Eu faria tudo para garantir que a cadeia fosse seu lar mais duradouro.

Quanto Cu$ta O Amor Where stories live. Discover now