28 _ Todos somos um pouco criminosos

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Oliver

Tudo pareceu acontecer em câmera lenta. O som dos pneus tentando sem sucesso frear antes de atingir Louise foi ensurdecedor. Ela foi arremessada longe. Eu senti meus joelhos fraquejarem quando a vi sendo atropelada. Minha boca secou completamente e eu senti como se a batida tivesse sido em mim. Foi algo estranho ao ponto de gritar junto com ela. Todos corremos na direção de Louise enquanto o motoqueiro fugia sem prestar socorro.

— Louise, fala comigo! — Pedi me ajoelhando desesperado ao lado dela no chão. — Você está bem?

— Acho que bati a cabeça... — Ela murmurou piscando lentamente fazendo meu coração bater descompassado.

— Me perdoa, Louise, por favor, não era minha intenção... — Nicolas começou a dizer e eu peguei ele pelo pescoço com toda força que eu tinha. Ele tentou tirar minhas mãos, arregalou os olhos tentando respirar, porém a minha ira não deixava ele se esquivar. Eu só queria destruí-lo por ter empurrado Louise para a rua.

— Isso é tudo culpa sua, seu maldito! — Vociferei furioso e Jules e seus seguranças tentaram me tirar de cima dele, porém a minha ânsia de acabar com o verme do Nicolas era maior que a força de todos eles juntos.

— Chega vocês dois! Agora o importante é ajudar a Louise! — Jules interferiu irritado e pegou o celular. — Vou chamar uma ambulância. Oliver, foque nela! — Pediu se afastando com o celular colado à orelha.

— Se acontecer qualquer coisa com ela... — Ameacei soltando contrariado o pescoço de Nicolas. — Eu te mato! Eu juro que te mato! — Gritei e ele caiu respirando desesperado pela boca. O pescoço estava completamente roxo, mas eu não me importava. Olhei novamente para Louise caída no chão. — Como você está? Onde dói?

— Tudo dói um pouco, mas minhas costas e cabeça doem mais. — Respondeu e eu olhei mais de perto a lateral do seu rosto.

— Droga, está sangrando! A cabeça dela está sangrando! — Notei apavorado e Jules arregalou os olhos.

— Oh meu Deus! — Nicolas comentou ajoelhando e colocando as mãos na cabeça de forma exasperada. — O que foi que eu fiz?

— Eu vou arrancar a sua pele! — Prometi tentando ir até ele novamente, porém fui segurado antes de consenguir sair do lugar.

— A ambulância já está vindo. Disseram para não deixar ela dormir em hipótese alguma. — Jules avisou voltando para perto de nós e eu segurei na mão de Louise.

— Ouviu? Você não pode dormir. — Repeti e ela piscou devagar.

— Está tudo rodando. — Ela respondeu fechando os olhos brevemente e eu apertei a mão dela.

— Não dorme! Por favor, não dorme! Fala comigo! — Pedi e ela abriu os olhos devagar.

— Estou ficando enjoada. Me ajuda a levantar! — Pediu tentando se mexer e Nicolas debruçou sobre ela.

— Não toca nela, pode ser perigoso! Pode ter fraturado algum osso. Vamos esperar os socorristas! — Pediu e eu o olhei com ódio mesmo sabendo que ele estava certo.

— Olha para mim, Louise! — Pedi e ela pareceu confusa, seus olhos cor de chocolate custaram a fixar em mim. — A ambulância já está vindo! Espera só mais um pouco.

— Está me dando muito sono...

— Ei, olha para mim, por favor! — Insisti apertando a mão dela. — Não me deixe também. Eu não vou suportar que isso aconteça mais uma vez. Por favor!

Ela piscou devagar e eu senti meu rosto molhado. Sem perceber as lágrimas começaram a cair sem cerimônia. O nó na minha garganta me recordava da época em que perdi Emma. Eu senti formar o mesmo buraco no peito. A dor era visceral. Eu não podia perdê-la também. Não que ela fosse minha, mas... Aparentemente meu coração sentia que fosse.

Ouvimos finalmente a sirene da ambulância se aproximar nos causando um enorme alívio. Em seguida os socorristas pediram para eu me afastar e cuidaram dela, colocando numa maca em seguida.

— Quem vai acompanhar na ambulância? — O socorrista perguntou observando todos nós.

— Eu. — Nicolas e eu respondemos ao mesmo tempo e eu o encarei indignado.

— Eu vou com ela. — Esclareci entredentes já entrando na ambulância.

Nicolas correu para o carro dele para seguir a ambulância e Jules se aproximou da porta.

— Dê notícias, por favor! — Pediu com a voz vacilante e olhou preocupado para Louise. — Fica bem!

Os socorristas fecharam as portas e logo em seguida senti o carro acelerar. O som alto da sirene me deixava ainda mais apreensivo sem ter ideia de como estava a real situação dela.

— Vai ficar tudo bem. — Prometi voltando a segurar a mão de Louise tentando tranquilizá-la.

— Eu estou com medo. — Confessou baixo. — Estou com muito sono.

— Não dorme. Ouça a minha voz, se concentra nela.

— Estou tentando. Tire as notas do meu decote, por favor! Vai ser ridículo chegar no hospital assim. — Reclamou e eu olhei para os seios dela que pareciam sutilmente maiores que antes. Tirei cuidadosamente as notas e guardei no meu bolso. — Só não me roube. — Zombou me fazendo rir.

— Vai ser impossível cumprir essa promessa.

— Vai roubar meu dinheiro?

— Não, outra coisa. — Respondi me abaixando e beijando cuidadosamente seus lábios.

Ouvi os socorristas me repreenderem, entretanto foi mais forte que eu. Eu precisava beijá-la. Precisava tentar acalmar meu coração receoso em perdê-la.

Suguei levemente o lábio inferior dela e aprofundei o beijo sentindo sua língua brincar com a minha. Me afastei relutante e a olhei nos olhos. Ela parecia extremamente confusa.

— Desculpa... Eu... Por favor, não vai embora! Eu não posso te perder. Você trouxe cor para a minha vida. Desde que Emma se foi eu achei que nunca mais iria me sentir assim... E no entanto, dói exatamente como antes. Fica comigo!

— Ficar?

— Sim. Eu preciso de você, Louise. Preciso mais que tudo. — Implorei e ela sorriu fraco.

— Ela está tendo um sangramento! — A socorrista informou nervosa. — Com licença! — Pediu já me afastando de onde eu estava.

Louise então acabou fechando os olhos de vez.

Quanto Cu$ta O Amor Where stories live. Discover now