Chocolate Doce ou Amargo?

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Karin novamente sentiu o corpo pesar ao ter os olhos de Jungwoo outra vez perderem o brilho com a escuridão em seu coração.

— Todos que prometeram ficar ao meu lado me deixaram pra trás... Meu pai, minha mãe, meu irmão...

— Foi isso que a Dayeon fez? — Karin acabou questionando.

Ele voltou a abaixar seu olhar.

— Jungwoo... Qual meu nome?

Ele franziu o cenho a encarando agora confuso.

— O que está querendo dizer?

— Me diga, qual meu nome?

— Karin.

— Viu. — Ela sorriu. — Eu não sou a Dayeon.

Ele ficou sem palavras.

— Você têm razão, não sabemos o que vai acontecer no amanhã. Mas as dores do ontem também não vão mudar. É por isso que precisa se arriscar no hoje. Não tenho como te dar uma certeza de que estarei aqui sempre, mas posso te garantir que sempre estarei ao seu lado. E se ainda desconfia que não, me procure no seu coração. Certamente eu estarei lá. — Afagou levemente as bochechas dele com seus polegares.

O antes opaco agora se preencheu com brilho e ele se inclinou a pegando de surpresa. Não era o primeiro, no entanto a sensação era como se fosse. Karin sentiu um leve choque no estômago pelo frio que lhe tomou a espinha e, mesmo que pega desprevenida, ela retribuiu aquele carinho na mesma intensidade. Não durou muito, porém, por mais breve que tenha sido, eles sabiam o quanto estavam apaixonados um pelo outro.

Suavemente, Jungwoo retirou as mãos de Karin de sua face e sorriu. Ele não precisava dizer, ela sabia o quanto aquele sorriso dizia 'eu te amo'.

— Sinto que estou cedendo ao medo outra vez. Vivi sozinho com ele por muito tempo que agora se tornou difícil desapegar — ele confessou. — Por isso quando Lucas e Dayeon surgiram na minha vida, me agarrei a eles com todas as minhas forças. Estava cansado de me sentir solitário.

Karin segurou as mãos dele as acariciando com leveza enquanto o ouvia atentamente.

— Lucas nunca me fez promessas. Ele não gosta, diz que elas tendem a somente causar dano. Até entendo como ele se sente... Naquela época eu só queria me agarrar no que me livrasse da angústia de estar sozinho, mas quando ele me disse aquilo, percebi o quanto ele realmente significava para mim. De certa forma me senti aliviado. Ele não era uma desculpa para abafar meu medo. Lucas virou um amigo com quem me importo. Foi assim que quando Dayeon entrou na minha vida, acreditei quando ela disse que nunca me abandonaria. Na verdade, ela me prometeu muitas coisas, e muitas delas ela cumpriu. Achei que Dayeon tinha certeza, quis acreditar que sim. E sei que no fim a culpa não foi dela, mas isso não significa que não doeu... — Ele pareceu tenso, Karin sabia o quão difícil era para ele se abrir daquela forma. — Uma tarde foi o suficiente para destruir tudo e eu perceber que meu medo tinha aumentado. Minha mãe estava em casa, estávamos bem, ela não tinha uma crise há semanas... Dayeon viu uma foto minha com meu irmão e perguntou o nome dele. 'Jungkyu', bastou eu dizer isso. — Seu tom de voz baixou, porém ele prosseguiu. — Minha mãe perdeu a cabeça e começou a atirar tudo o que conseguiu. — Um suspiro. — Dayeon não conseguiu continuar com isso, foi muito mais do que ela poderia lidar.

Karin não quis, entretanto expressou seu abatimento.

— Não tivemos uma discussão, era como se eu já esperasse que ela fosse embora.

— Por isso não conseguiu acreditar que eu possa cumprir a promessa?

— Sinto muito...

Karin negou e sorriu levemente.

— Irei esperar até o dia em que acredite. Gostaria que você pudesse ver o quanto gosto de você. Se conseguisse, tenho certeza de que acreditaria.

Aquilo acabou arrancando um sorriso de Jungwoo. Ele estava genuinamente feliz por ter Karin ao seu lado. Certa coragem tomou seu peito e ele indagou:

— Vamos caminhar um pouco. — Se levantou.

A adolescente nada disse, apenas o seguiu deixando-se ser guiada ao térreo e se pegaram caminhando pelo parque próximo a clínica.

— Você parece inquieto.

— Bem...

— Queria conversar em um lugar mais reservado?

— Me pegou.

— E então, sobre o que queria conversar?

— Tem algo que queria te dizer.

Ele levou as mãos aos bolsos e de repente pareceu sério.

— Algo que nunca disse a ninguém...

O que Karin escutou aquela noite, a obrigou a fazer uma promessa consigo mesma. Ela iria salvar Kim Jungwoo não importa o preço. Porém ainda se perguntava:

Como podia aquele que aparentava um doce chocolate, na realidade ser tão amargo?

Capítulo 26 ➜

Sweet Memory ✓Where stories live. Discover now