Chocolate quente com Você

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A intenção de Karin em momento algum fora a de encarar tanto o jovem de suéter azul e óculos de armação fina

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A intenção de Karin em momento algum fora a de encarar tanto o jovem de suéter azul e óculos de armação fina. Entretanto, além de bastante encharcado pela chuva, ele também era muito bonito. Assim que percebeu a expressão um tanto desconfortável dele por não ter recebido nenhuma resposta, Karin recobrou a noção desviando o olhar um tanto avoada.

ㅡ Eu só estava procurando um lugar pra comprar um guarda-chuva. — apertou o couro da alça de sua bolsa de ombro marrom — As outras lojas estão fechadas, por isso entrei na primeira que vi aberta. ㅡ encarou os pés notando o estrago que fazia no corredor ㅡ Sinto muito, eu não deveria ficar aqui dentro...

Com dois passos curtos para trás, o jovem de azul se despediu da garota com uma reverência breve e se aprontou para encarar a tempestade novamente.

— Com licença e, mais uma vez, sinto muito pela inconveniência...

Por ele já estar de costas, Karin, num impulso, segurou a manga do cotovelo de seu suéter azul órion, que agora apresentava uma coloração mais escurecida. Apenas sua cabeça virou-se de encontro com a adolescente respingando consequentemente as gotas que caiam de seus fios castanhos nas pontas dos dedos dela.

ㅡ Se não estiver com tanta pressa... Você pode esperar a chuva amenizar aqui dentro.

Ela mesma não sabia o porquê de estar dizendo tais palavras, ou de onde tirou coragem suficiente para convidar um menino a ficar a sós consigo durante o início de uma noite tempestuosa. Ainda mais pela forte sensação de já o reconhecer de algum lugar que a torturava para se lembrar.

ㅡ Eu só iria incomodar, olha o meu estado. ㅡ já estavam frente a frente novamente ㅡ Vou acabar causando um acidente aqui e não vai ser legal.

Karin checou as horas no celular que manteve guardado no bolso de sua calça jeans até então. Quinze minutos para poder finalizar as horas em serviço. Calmamente, ela se aproximou da vitrine da loja analisando o céu escurecido que se negava a parar de chorar, cada vez com lágrimas mais pesadas.

ㅡ Você quer tentar a sorte? — voltou-se ao jovem — Porque eu sei que não quero ligar a televisão amanhã e ver uma notícia de que você ficou preso num bueiro tentando chegar em casa.

ㅡ Que exagero... ㅡ um sorriso amável contornou os lábios dele — Não sou de ter muita sorte, mas vai ficar tudo bem.

No instante em que pôs os pés para fora da doceria fazendo sombra com as mãos em seus óculos, uma enxurrada vinda do telhado o pegou de jeito. Agora sim estava totalmente ensopado, como se tivesse mergulhado num lago ou algo do tipo. Pela pressão da água, os óculos escorregaram levemente pelo seu nariz, mantendo-se suspensos apenas por suas orelhas. Com um forte arrepio, ele se virou com lábios entreabertos em uma expressão assustada para Karin, esta que ria da situação com gosto por o comparar mentalmente à um filhote de beagle perdido na chuva.

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