Save yourself

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"There's a heart now

Where there used to be a ghost"

Freaking Me Out - Ava Max

Michael P.O.V

Teve um grito. Alto, absurdamente alto. Um momento depois eu já havia disparado casa à dentro, com homens gritando atrás de mim.

Chuto a porta da frente até se arrebentar, me permitindo entrar de arma em riste, procurando minha amada.

O local estava silencioso, sinais de vida aqui e ali, sutis, mas estavam presentes. Vasculho o primeiro andar todo, sem sucesso. John aponta para a escada, e subimos um a um, entrando como formigas nos quartos do segundo andar. Ao girar uma maçaneta, esta se encontra trancada. Não penso duas vezes em me jogar contra a porta, mais uma vez abrindo caminho. Cambaleio, entrando no quarto. Sangue, vômito e montes de cabelo ruivo ficavam no canto, acho que nunca senti medo na vida, mas finalmente descobri qual é esse sabor.

O medo é amargo, te faz sentir impotente diante da situação perfeita para tal.

Peguei um amontoado daquele denso cabelo, levantando na altura dos olhos. O brilho do fio denunciava a quem aquilo pertencia. Sinto que tem além atrás de mim, apenas me observando. Era Tommy. Ele caminha e fita o cenário, o que seguro, respirando fundo.

- Temos que ir, não tem mais nada aqui pelo jeito. - sentencia, dando as costas.

Por mais que eu queira me agarrar à esperança, sou obrigado a concordar, seja lá quem tivesse a levado, já não estava mais aqui.

Para onde teriam ido? Foi rápido demais para conseguirem fugir sem deixar nenhum vestígio. Voltando para o primeiro andar, faço questão de quebrar tudo que está ao meu alcance, derrubando móveis e até mesmo os chutando. O desespero revela toda a violência que existe em mim.

Arthur volta correndo com Finn em seu encalço para dentro, balançando negativamente a cabeça em resposta sobre o paradeiro de quem quer que estivesse aqui.

- PORRA! - grito, socando algo imaginário.

Na saída da casa, ouço um barulho sutil de madeira rangendo, mas é óbvio que somos nós. O assoalho deveria estar podre, sendo devorado pelos cupins. Quando meus pés chegam ao meio do gramado, escuto novamente um barulho vindo de dentro da casa, dessa vez parecia algo se chocando contra outra coisa, até mesmo um ruído abafado.

Direciono o olhar para um ponto que não havia me chamado atenção até agora, um sótão, encarando atentamente a janela discreta.

- Vocês ouviram isso? - questiono aos rapazes, rolando os olhos pelo lugar.

- Ouvir o quê? - Arthur fala, fungando.

- Pareceu... - franzo o cenho, buscando palavras para explicar. - Alguma coisa batendo em outra, não sei dizer ao certo.

Eles se entreolham, imaginando que estou finalmente louco. Mas então acontece.

Na janela, duas silhuetas dançam enfurecidas, um homem e uma mulher. Ela o empurra desajeitada, segurando uma faca coberta de sangue, fazendo com que ele se pendure para fora da janela. Sem pensar duas vezes a mulher não perde a chance de esfaqueá-lo novamente, levando o próprio peso do corpo do homem à derrubá-lo telhado à baixo.

Tudo aquilo aconteceu tão rápido, em menos de um segundo uma cabeça ruiva corre para fora da casa.

Tudo aquilo aconteceu tão rápido, em menos de um segundo uma cabeça ruiva corre para fora da casa

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Coberta de sangue, eu a reconheço imediatamente.

- Amélie! - sussurro, agarrando-a tão forte quanto possível no momento em que nossos corpos se chocam.

Eu pego seu rosto, levantando-o para mim. Está coberto de hematomas, o lábio cortado e inchado em alguns pontos, e o cabelo... cortado até os ombros, em picotes irregulares e desajeitados. 

Ela toda parecia um conto de terror de Edgar Allan Poe.

Tommy vai até o corpo acompanhado de John e Finn enquanto Arthur volta para dentro de casa com Alfie para averiguar se havia mais alguém lá dentro. Só consigo levá-la para o carro, sem sucesso em ir de encontro ao corpo com os outros pois, quando faço menção de me separar, se aperta ainda mais contra mim. Talvez fosse melhor que eles fizessem isso, no momento ela era tudo que importava.

Um tempo depois, todos voltam para o carro, partindo para casa. A viagem toda foi silenciosa, agradeço por isso.

Quando chegamos, tenho que praticamente carregá-la para cima, gritando com a criada para que preparasse um banho urgente. Uma vez que este está pronto, ajudo Amélie a entrar na banheira, vendo caretas de dor conforme cada minúsculo movimento que fazia. Entro logo em seguida, banhando-a com calma e cautela. Aqui e ali, mais hematomas foram sendo revelados conforme a sujeira saía. Cubro o rosto por um momento ao ver o gigante roxo ao redor de seu pescoço, antes coberto pelo sangue, inevitavelmente querendo morrer ao ver uma ou duas marcas de mordida em suas costas e mãos. Aquele animal havia espancado a minha esposa como se ela fosse um saco de pancadas.

E pensar que eu mesmo quase agi assim.

Apesar de querer que Amélie fale, não consigo eu mesmo encontrar as palavras que preciso. Não era a hora de cutucar nas feridas ainda tão abertas dela.

Nos deitamos depois que consigo terminar de limpar e perfumar seu corpo. A forma como nos abraçamos revela muito mais sobre o que sentimos um sobre o outro do que qualquer palavra já trocada entre nós.

Durante a madrugada, algo sendo derrubado no banheiro me acorda. Fico assustado ao tocar o lado da cama e não encontrá-la ali. Correndo para o banheiro, abro a porta e dou de cara com um chão cheio de sangue e minha esposa chorando ao tentar se levantar.

Forced Marriage ✔️Where stories live. Discover now