No more words

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 "And don't tell me how

Of smiling, pretending

Won't show to the crowd " 

Corpse Roads -Keaton Henson

Amélie P.O.V

Caio de bunda no chão ao lado de Michael, estou tremendo.

- Você atirou em mim? - arregalo os olhos, levando uma mão cheia de sangue para cima. - Seu filho da puta. - levanto a cabeça, piscando lentamente.

O tempo parece passar devagar.

Meu pai atirou em mim, ele iria matar Michael, sem sequer hesitar por que achava que eu era propriedade dele. Lágrimas escorrem e tudo está sem som, há sangue saindo de um lugar que não sei qual é exatamente, ele escorre, viscoso, tornando o chão vermelho.

Eu estou ali sangrando, em choque, completamente mortificada com a situação. 

Michael está tocando meu corpo e as suas mãos se sujam de sangue também eventualmente. Ele me pegou no colo e correu para fora da casa, abrindo a porta do carro e me colocando no banco da frente de forma desajeitada e apressada.

Então tudo viram flashes, noções vagas, mulheres chorando, e mais sangue.

Dói.

Acordo em minha cama, na casa de Polly, parece tudo um sonho distante por um segundo, mas ao tentar me mover, há dor. Levanto as cobertas e vejo curativos no abdome, tudo volta, o tiro, o choque, Tommy, John, Polly, todos eles, a confusão. Existe um sentimento profundo de raiva plantado em meu peito, ele atirou em mim.

Ele atirou em mim.

Foi um aviso: não esqueça à qual lado pertence. Se posicione contra mim, sofra as consequências.

Me obedeça.

Estou consciente de que talvez a ilusão de um futuro feliz tenha terminado. Que quero me casar, mas não por amor. Eu não quero voltar pra "casa". Tudo perdeu o véu de maravilha, a menina do papai, era tudo só teatro, sempre uma peça em seu jogo, nada mais. As coisas fazem muito mais sentido agora.

Polly entra no quarto, vê meu semblante, parece triste.

- Querida... seus pais vão mandar alguém te buscar logo, vou arrumar suas coisas. - fala.

Olho pra ela, fixada.

- Não vou embora. Que dia é hoje?

- Sexta...

- Foi só um arranhão, amanhã estarei completamente bem para o casamento. - digo, subindo e me sentando na cama, ela me olha perplexa.

- Você está maluca? Seu pai atirou em você, ele vai mandar matar vocês dois se formos contra a vontade dele.

- Exatamente, ele atirou em mim, foi covarde. Mas o casamento ainda vai acontecer, vocês devem ter os contratos todos prontos, assinados, ele deu sua palavra, são negócios, não passam disso. - suspiro, olhando para o curativo, cutucando-o aqui e ali e fazendo uma careta. - Eu mesma, sou um grande negócio, não vê?

Ela me olha, triste, mas sabe que não há um pingo de mentira no que falo.

- Como está ele?

- Preocupado com você.

Assinto, rolando os olhos internamente. Preocupado, sei.

- Chame-o, por favor, quero falar com ele.

Forced Marriage ✔️Where stories live. Discover now