Bipolaridade, oi.

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PDV Julia.

Eu não sabia mais quanto tempo estava andando. Simplesmente sem rumo. Prestando atenção em cada detalhe alheio para esquecer completamente meu problema. Eu tinha prometido para mim mesma que não derramaria uma lágrima sequer. Eu usaria isso para me tornar mais forte.

Tinha sido bobagem minha pensar que algum dia as coisas dariam certo entre mim e Noah. Desde o meu primeiro dia com ele, eu vi que tipo de pessoa ele era. No final, aquela antiga teoria sempre estivera certa. Pau que nasce torto, morre torto, e o ex-cabeça ensebada não deixaria de ser um galinha e de não se importar com nada mais do que não fosse ele. Ele era assim, sempre foi, e sempre vai ser.

No fundo, eu já esperava encontrá-lo se atracando com Giovanna pela casa. Só não queria admitir.

Que boba eu fui.

Agora, eu já estava muito longe do sítio mal-assombrado, e não fazia ideia do caminho de volta. Devia passar das duas da tarde, mas na verdade nada importava.

Por mais que eu ficasse prestando atenção nas pessoas que passavam por mim, ou nos carros, ou nas árvores, ainda assim, ele continuava na minha mente, como um plano de fundo, passando cada imagem dos momentos que vivenciamos juntos.

Desde o dia em que joguei o console dele na privada, passando pelo dia em que eu atropelei Bacon; o dia em que ele colocou aquela peruca loira e cantou para mim, mesmo depois de eu ter pintado seu cabelo de roxo; sua ajuda para eu conquistar o Gabe; nós dois no terraço do prédio e finalmente o meu primeiro beijo.

Já sentindo minhas pernas doerem, sentei em um banco de uma pracinha que tinha por ali. A menos de 20 metros tinha uma ponte, atravessando um rio, e dali era possível ver as pessoas se jogarem de bungee jump.

Suspirei, voltando minha linha de raciocínio.

Era como se todo esse filme, de ódio para amor, ficasse distante, como se aquelas duas pessoas só fossem protagonistas pagos para fazerem aquelas cenas, e agora que o filme tinha acabado, cada um seguia para o seu lado. Não era como se eles realmente tivessem sentido algo. Pelo menos não era como se Noah tivesse sentido algo. Ele só interpretou os papéis que eu impus para ele desde o momento que cheguei. Ele interpretou o irmão chato, depois o irmão amável, até finalmente se tornar o amante.

Engraçado era que eu tinha caído direitinho no filme e a única coisa que eu queria agora era esquecer tudo.

Por algum motivo, parecia que meus olhos não conseguiam desgrudar do casal que pulava da ponte.

Bungee jump... Talvez a adrenalina me fizesse esquecer um pouco de tudo.

Me levantei em direção ao grupo de pessoas que parecia organizar tudo ali. Era lógico que não mencionei o fato de que não tinha sequer uma moeda para poder pagar eles.

Não demorou muito para prenderem todo o equipamento em mim, e só quando eu já estava do lado de fora do corrimão da ponte, que eu percebi que PORRA DE IDEIA DE GERICO FOI ESSA A MINHA DE PULAR DESSE NEGÓCIO AQUI.

Sério, se a ideia era me fazer esquecer os problemas. Vish, eu devo ir tirando o meu jeguezinho da tempestade porque ficar ali, a um passo de cair do que parecia um abismo, e ainda por cima sozinha, se assemelhava a encontrar o cara que você é apaixonada seminu na cama com outra garota, só que mil vezes pior.E isso tudo fazia meu subconsciente – que fique claro que ele é uma parte completamente autônoma- desejar com todas as suas forças que Noah estivesse aqui. E como se não bastasse o meu subconsciente pensar uma coisa dessas ele resolveu verbalizar.

–Noah...- sussurrei, me sentindo completamente sozinha.

Depois de uns quinze minutos ali, me xingando internamente de todos os nome que eu queria xingar o Noah, inspirei pesadamente chegando a conclusão de que se eu pensasse de mais, eu não pularia.

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