"Outra vez"

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PDV Julia

Quem diria que o marginal todo tatuado, skatista marrento se vestiria de Christina Aguilera só para me animar.

Sabe, uma coisa engraçada é que eu não esperaria nunca que o Noah pudesse ser esse tipo de pessoa. É meio obvio que ele se importa comigo, mesmo que não admita nem pra si mesmo. São coisas sutis que deixam isso na cara.

Eu me pergunto, será que ele pensa que nós nos aceitaríamos como irmãos com o tempo? Por que se essa é a linha de raciocínio dele, o único sentimento que me cresce por ele é dó.

Sim, coitado. Não é que eu seja má. Ok, nós sabemos que eu sou má, mas eu sinto dó dele porque por mais que aconteçam momentos fraternais estranhos como esses, que a verdade seja dita. Eu odeio o Noah.

Eu odeio como ele se acha garanhão, odeio as roupas que ele usa,odeio aquelas covinhas que teimam em aparecer quando ele sorri, odeio o estilo de skatista dele, e odeio acima de tudo aquele jeitão despreocupado com a vida, como se nada no mundo fosse importante o bastante para ele ... ele...,não sei como explicar.

Talvez isso tenha ficado um pouco confuso. A questão é a seguinte: a convivência anda se tornando mais fácil por aqui a cada momento fraternal, ou seja, eu preciso fazer com que isso aconteça mais vezes, preciso fazer com que pareça que realmente há algo fraternal entre agente. Preciso fingir que sou a irmãzinha dela.

Argh.

Estou fazendo isso por um bem maior. Tudo em prol a continuar com alguém que pague meus alimentos e me ajude a conquistar o Gabe.

Olhei para o lado onde Noah continuava deitado no chão, com os olhos fixos no teto. Ele estava extremamente ridículo com a peruca loira. Percorri os olhos por seu corpo e me surpreendi ao perceber que não havia tatuagens em seus braços desnudos pela regata.

–Cadê suas tatuagens?- indaguei confusa, eu jurava que elas estavam aí quando eu cheguei a esse apartamento.

Ele me encarou e deu um grande gargalhada.

–Você... achou mesmo.... que... eu era todo... tatuado?- falou entre risos.

–É, eu achei.- admiti me sentindo uma tola por aumentar a sua crise de risos. Porque ele ria tanto?

–Noah, você está bem?- indaguei observando ele limpar as lagrimas nos cantos dos olhos.

Eu mereço uma coisa dessas?

–Melhor.- disse se recuperando. Revirei os olhos impaciente e me pus de pé.- Você viu o Gary por ai?

Arregalei os olhos, lembrando de pobre coitado do pato que se achava cachorro.

–Não... lógico que não.- balancei a cabeça negativamente.- Ele anda sumido?

–Acho que ele deve esta escondido em algum lugar do apartamento.- deu de ombros.

–Eu também acho.- menti e tratei de mudar logo de assunto.- Noah, vamos assistir um filme? Já esta tarde mesmo, e não tem mais nada pra fazer.

É uma ótima chance pra ser fraternal...

–Eu topo.- falou se levantando-Vou pegar alguma bebidinha, e um refri pra você.Vai escolhendo o filme.

Segui para a sala enquanto ele ia para a cozinha. Peguei um filme ha tempos eu queria ver. O nome era “Outra vez”.

Sentei-me no sofá, e logo Noah apareceu com uma coca-cola para mim e uma garrafa de whisky e uma latinha de energético.

–Agente não vai assistir esse filme idiota, vai? –se jogou no sofá bufando.

Do Seu LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora