Joséfina cadê você minha filha?

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PDV Noah

–CADÊ A JOSÉFINA?!

–Hmm?- gemi sem abrir os olhos. Eu estava num estado catatônico meio desacordado, no meio de porcos espaciais, onde o Bacon era o líder de uma nação, mas então um troço gelado encostou no centro da minha testa me puxando para a realidade.

Abri vagarosamente o olho esquerdo e depois arregalei os dois ao me deparar com o um ser loiro magricelo com uma espingarda apontada para a minha testa.

–Eita poxa!- saltei alarmado, ficando sentado na cama, com aquele troço ainda apontado para mim.

–CADE A JOSEFINA?- gritou fazendo pingos de cuspe ricochetearem em mim. O cara estava tão nervoso que uma veia praticamente saltava pulsando de sua testa.

–Oi?- foi a única coisa que eu consegui falar, com a Voz rouca de sono.

–Cadê. A. Josefina?

–Hein?- fiz uma careta incomodado com o cano na minha testa.

–É MELHOR TU FALAR ONDE TA A MINHA JOSÉFINA SE NÃO EU TE MATO SEU CARNIVORO DESGRAÇADO!

–J-josefina?- gaguejei quase, eu disse quase, me cagando de medo.

–VOCÊ TEM TRÊS HORAS PARA ACHAR A MINHA LARGATIXA DE ESTIMAÇÃO OU SENÃO EU TE MATO, SEU CARNIVORO DOS INFERNOS.- o loiro deu um tiro na parede me fazendo arregalar os olhos assustado. Depois ele simplesmente saiu do quarto batendo a porta e me deixando completamente confuso.

–E-ele já foi embora?- a voz tapada e cagona do Jered soou Deus-sabe-de-onde no quarto.

–Já- a minha voz saiu mais cagona do que a dele.

Jered surgiu de debaixo da cama vestido apenas com uma samba-canção de corações estampados com sorrisinhos. Ele me encarou e engoliu em seco.

Olhei em volta. Eu estava sentado na cama do meu quarto alugado, a luz estava acesa, o relógio indicava uma e meia da manhã, e na parede, ao lado da minha cabeça, havia um furo do tiro que o loiro dera.

Meus olhos voltaram para o Jered.

–O que foi que você aprontou?- indaguei pasmo.

–Eu?- ele apontou para si mesmo incrédulo.- Eu não aprontei nada. Você que foi o ultimo a encostar no Dinossauro do Hippie.

– O quê?- perguntei confuso.

–A lagartixa do Hippie sumiu e agora ele acha que a culpa é nossa.- explicou se sentando em minha cama.

–Perae. Vamos recapitular essa espelunca aqui. O hippie, filho dos donos da casa, invade o meu quarto com uma espingarda, me chama de carnívoro e atira na parede porque a lagartixa dele sumiu?- franzi o cenho encarando o meu amigo burro.

–É, isso mesmo- ele deu de ombros.- Esse negócio de ter bichos estranhos de estimação já virou palhaçada.Primeiro você com um pa-

Taquei o travesseiro na cabeça dele e varri o quarto com os olhos procurando por Gary.

Jered revirou os olhos.

–Primeiro e você com o Gary- continuou.- Depois a Julia com um porco, e o hippie com uma lagartixa. – Jered jogou os braços para o alto e bufou resignado.

Suspirei e voltei a me deitar na cama. Eu tinha que continuar minha noite de sono, porque no dia seguinte havia prometido a mim mesmo tirar a minivan do pântano.

–O que você ta fazendo?- ele perguntou enquanto eu me cobria.

–Me preparando para voltar a dormir. Não tá vendo?- rolei os olhos e me ajeitei na cama.

–Como assim se preparando para dormir. Você não vai procurar a Josefina Dinossauro comigo?

–Não.

–Mas o Hippie disse que ia te matar.

–Foda-se- bufei, virando de costas para Jered.

–Mas eu vou ter que procurar ela sozinho- tentou me convencer.

–Procure- murmurei.

Jered bufou.

–To vendo que vou te salvar dessa merda sozinho mesmo.

–Então me salve- sorri de olhos fechados, deixando ele mais irritado ainda.

Ele bufou novamente e deu passos pesados em direção a porta. Pelo menos deduzi que fosse isso, porque já estava quase inconsciente de novo quando um crec soou no quarto.

–O-ou- Jered falou parando de andar

–O que é agora?- disse com uma voz arrastada.

–Eu acho que achei a Josefina.

–Que ótimo.- rolei na cama, até ficar deitado de frente para ele, para poder olhá-lo.

Jered estava parado, olhando para o chão. Segui seu olhar e quem é que estava no chão, estatelada e amassada depois de ser pisada?

Ah sim, ninguém mais ninguém menos que a lagartixa lerda do cara hippie.

(...)

Mato, mato e mais mato.

–Você tem certeza que sabe aonde agente tá, Jered?- indaguei apontando minha lanterna para uma bananeira sinistra.

–Sei sim bro, pode relaxar- respondeu dando de ombros.

Suspirei encostando na bananeira para descansar um pouco eram duas ou três da madrugada, e eu devia estar na cama dormindo, mas não, meu amigo idiota tinha que pisar naquela porcaria de lagartixa. Agora estávamos aqui, eu e Jered, Jered e eu. Ah, e o Gary, procurando por uma lagartixa no meio do mato, para podermos voltar vivos para casa.

–Pô Gary, eu vou te mostrar de novo, procura cara- Jered tirou a lagartixa do bolso pela centésima vez e mostro a para o meu pato.

Gary, como das outras cem vezes anteriores, encarou a Joséfina, pendeu a cabecinha pro lado, e depois me encarou como quem diz “Por que esse retardado fica me mostrando uma lagartixa morta toda hora?”.

–Desiste cara- suspirei resignado.- O Gary não vai encontrar uma lagartixa. É melhor agente mesmo procurar. - Gary me olhou agradecido. Peguei o patinho visivelmente cansado no colo enquanto Jered bufava ao meu lado.Ele tinha cismado que se Gary era um cão de guarda mesmo, ele seria capaz de encontrar uma lagartixa sentindo o cheiro de uma. Mas infelizmente Gary não era um cão de guarda, e isso não aconteceria tão cedo.

–Poser- Jered falou fuzilando Gary com os olhos.

Revirei os olhos a continuei a caminhar naquela mata escura, apenas iluminada pela minha lanterna e a do Jered. Gary ignorou meu amigo burro e se aconchegou no meu colo, fechando os olhos.

Sorri para o meu pato de estimação, eu estranhamente enxerguei fofura naquele momento. E quando lembrei de fofura a coisa menos fofa desse mundo me veio a mente. A pirralha.

Suspirei aumentando o meu sorriso. Finalmente as coisas estavam certas entre a gente.

–Ow. Será que dá pra parar de sonhar acordado ai, e me ajudar a achar uma lagartixa?- Jered pediu irritado.

Suspirei e voltei minha lanterna para o chão enquanto ele apontava a dele para os troncos das arvores.

–Você tem certeza de que sabe aonde nós estamos?- perguntei por perguntar, já que eu odiava ficar tendo que ouvir os barulhos dos grilos.

–Tenho- respondeu convicto.

–Então aonde estamos?- indaguei por desencargo de consciência.

–No meio do mato uai...

Do Seu LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora