Era uma vez...

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Era uma vez um cara de 18 anos chamado Noah Knight. Ele tinha uma vida consideravelmente normal. Fazia faculdade de direito, se vestia bem, tinha os cabelos longos por desleixo, andava de skate todos os dias, morava num apartamento que ficava em frente ao Central Park junto de sua mãe e o padrasto e por fim, tinha um melhor amigo chamado Gabriel, mas só o chamava assim em pouquíssimas ocasiões. Para todos os efeitos era Gabe que constava na primeira tecla da discagem rápida de seu celular.

Noah, como todos os caras de sua idade, só queria curtir as férias. Aqueles três merecidos meses de descanso e baladas ou festas. A única coisa que ele não esperava era que um dia, sem mais nem menos, quando sua vida estava um mar de rosas porque sua mãe e seu padrasto iam deixá-lo com o apartamento só pra ele, surgiria aquela enviada do apocalipse, filha de seu padrasto, para estragar com todos os seus planos.

Julia, vulgo pirralha, era uma daquelas adolescentes marrentinhas, nerds que ainda não viveram nem um quinto do que a vida tem pra oferecer e ainda se acham donas da verdade. Munida daqueles óculos fundo de garrafa e sua coleção de mangás ela entrou no quarto (e na vida) dele causando uma reviravolta.

O cara não sabia o porquê, mas só de olhar para aqueles blazers adultos que a garota de 16 anos usava ele já se irritava. Misturando isso com a desorganização que seu quarto virou e o console de vídeo game que ela jogou na privada, o cara realmente estava possesso por tê-la ali para atravancar sua vida. Não demorou muito para que ele bolasse um plano de tirá-la da jogada.

Não, ele não ia matá-la.

Ele só a manteria ocupada para poder curtir suas férias...

Ele só a jogaria para cima de Gabe.

Com o tempo de “babá, Noah percebeu que toda aquele ódio era infantilidade de ambas as partes. O cara já tinha 18 anos, não havia nem sentido ficar discutindo com uma criança de 16.Foi aí que ele resolveu fazer jus a sua idade, e por mais que ela continuasse infantil, ele seria o adulto dali. Um mês e meio depois todo esse negócio de ser o adulto deu merda.

A mais pura e bosta de sua vida. Ele estava gostando dela.
Talvez se ele não tivesse bancado o adulto e continuasse com as infantilidades juntamente com ela os dois estariam de odiando agora. Mas não, o idiota queria porque queria ser o superior ali. Agora ele a enxergava de outra forma e...

–Noah?- a pirralha me tirou de meus devaneios.- Você ta bem?

Merda, por que eu tava contando a minha história de vida na terceira pessoa para mim mesmo?

–T-to, - pigarreei tentando passar meu surto momentaneamente ridículo de gagueira- é só que você me pegou meio de surpresa.

Que problema há em beijar a pirralha, não é mesmo? Beijar é uma coisa normal, da qual eu consigo fazer até quando estou bêbado. É só chegar e pá-pum fim, já era.Qual é a complicação nisso? Além do mais era para que ela desse certo com o Gabe. Eu prometi ajudá-la.

– Humpf- ouvi o barulho dela se mexendo na cama de baixo- deixa quieto- deu de ombros. Tipo assim, a criança pedia para eu beijá-la e depois de eu travar uma guerra interna de dilemas ela simplesmente falava “Humpf, deixa quieto”?

Desci da cama e acendi a luz, me virando para ela. A pirralha estava deitada de barriga para cima olhando o meu colchão.

Balancei a cabeça negativamente. Eu estava prestes a fazer a maior merda da minha vida.

Deitei ao seu lado e olhei para o meu colchão também.

–Não sei porque, mas eu sabia que você ia fazer isso- ela deu um breve sorriso, evitando me olhar de tão envergonhada.

Do Seu LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora