Dona Judith

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PDV Noah

–Você quebrou a porta no meio. Não vai dar pra concertar isso. Ela esta quebrada ao meio.- falou a ultima frase pausadamente evidenciando seu sotaque britânico, juntando as pequenas mão e depois as separando para mostrar como a porta ficou.

Revirei os olhos, quanto drama, será que ela se inscreveu pra fazer novela das oito?

–Se você não tivesse fechado a porta eu não a quebraria.- retruquei me jogando na cama, quase sentia meus cabelos endurecidos pela pasta de dente. Mas que ideia de jerico foi essa a dela heim?

–Se você não tivesse gritado que ia me matar eu não teria fechado a porta pra me proteger.- ela cruzou os braços se achando a dona da razão.

–Se você não tivesse cortado meu cabelo eu não gritaria que ia te matar...

–Se você não tivesse me tirado de perto do G-

–A quer saber? Chega.- a interrompi esgotando minha paciência, aquela discutição não daria em nada- Vai pra sala que eu vou tomar um banho pra tirar essa melequeira do meu cabelo e depois eu vejo o que vou fazer quanto a porta.

Me levantei da cama e caminhei em direção ao banheiro.

Eu estava relativamente mais calmo, também, depois de ter extravasado minha raiva toda na coitada da porta era normal que eu me acalmasse. Pensando por um lado, foi até melhor que a Pirralha fechasse a porta, porque se eu fiz aquele estrago com a porta imagina o que eu teria feito com ela? Não, não, nem quero imaginar. Sou muito novo e gostoso para parar na cadeia. E ainda tenho uma competição de skate para ganhar amanhã.

Comecei a cantarolar uma musica brasileira cuja a batida me acalmava ainda mais.

E eu sigo em frente,e hoje nada vai me abalar, sem olhar pra trás eu vou na fé(...)– tirei minhas roupas e entrei no chuveiro deixando que a pasta de dentes de meus cabelos escorressem pelo meu corpo- E o jogo virou e a casa caiu(...)peguei o shampoo da pirralha e comecei a esfregar em minha cabeça, o que me fez ter um vislumbre de idéia para uma vingança bem sucedida e sofrida-(...)O mundo gira e bota sempre tudo no lugar.Sem me arrepender, vou continuar(...)– terminei meu banho e desliguei o chuveiro.

Me peguei sorrindo ao terminar de tramar minha vingança. Ela não era muito complexa ou coisa do tipo. Para falar a verdade ela se resumia em: Dona Judith do décimo sexto andar numero 64.

Quando eu era pequeno e morava nesse prédio somente com a minha mãe Dona Judith cuidava de mim aos sábados para que mamãe pudesse se livrar um pouco de mim. Ela era uma velha torturadora e exploradora de menores que me fazia esfregar seus joanetes quando estava de bom humor. Sinto até um arrepio só de lembrar daqueles pés que mais se assemelhavam com a menina do exorcista com perebas.

Sim, o pé dela era exatamente desse jeito.

Desde então eu jurei que se eu tivesse um filho, nunca o deixaria com uma velha esquizofrênica habitante do mesmo prédio que eu.

Bem, pra minha sorte a Pirralha não era minha filha...

Pois é, pois é, eu sou mau eu sei.

Mas as garotas se amarram num badboy..

Me sequei e coloquei uma calça jeans e uma camisa regata branca junto com meu gorro para esconder meus vergonhosos cabelos curtos.

Sai do quarto passando pelo corredorzinho e cheguei a sala onde a monstrinha do pântano esperava sentada no sofá com seus grandes óculos que escorregavam pelo seu nariz fino fazendo-a ficar empurrando-o para cima inconscientemente a cada 30 segundos.

Do Seu LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora