Direto ao ponto .

2.4K 152 1
                                    

Não consegui nem subir na prancha, mas eu havia me divertido com Noah, até que chegou uma hora que o coitado não me aguentava mais.

O sol estava se pondo, e o céu tinha um tom alaranjado, calmo.

–Quer tomar sorvete?- perguntou fincando a prancha na areia. Havíamos acabado de sair da água.

Encarei o meu meio-irmão exausto como eu. Ele estava com os cabelos molhados puxados para trás. Seus olhos azuis estavam mais claros e divertidos, a boca esboçava um sutil sorriso e no queixo dele escorriam algumas gotas.

Um gatinho molhadinho se torna ainda mais atraente

Ignorei a voz do Allan cantarolando em minha mente.

Seu peito era definido, junto com a barriga, o que disfarçava bem uma cicatriz grande que ele tinha.

Toquei com a ponta dos dedos a cicatriz. Percorrendo de uma ponta a outra. Ela não era feia, e quase passava despercebida.

–Eu deixo você brincar no meu tanquinho depois- Noah sorriu convencido, ele estava achando mesmo que eu só estava apreciando seu abdômen definido?

O ignorei completamente.

Minha mente estava ocupada, me lembrando do dia em que o vi chorar como uma criancinha perdida.

“Eu me sentia importante, amado por aquele homem sem sentimentos, aquele alcoólatra nojento. E aí um dia, ele simplesmente tentou matar a minha mãe.- Noah fez uma pausa se encolhendo ainda mais na cama. – Se eu não o impedisse, ele a teria matado.”

–Foi ele?- indaguei voltando meus olhos ao meu meio-irmão, que me encarava de forma indecifrável. Senti que Noah sabia sobre o que eu me referia, mas estava novamente indefeso. Sem coragem para responder.

Sim, era certeza que havia sido o pai dele.

Me arrependi completamente de ter notado a cicatriz, e ainda mais por ter perguntado.

Num ímpeto o abracei, enterrando a cabeça em seu peito, numa forma meio cálida de reconfortá-lo. Noah não se moveu. Suspirei contra seu corpo e ainda junto a ele dei um cutucão em sua barriga.

–Vish, como você quer que eu brinque nesse seu tanquinho molenga? – menti, acho que foi a maior mentira da minha vida, porque Noah tinha uma barriga bem durinha, se é que vocês me entendem.

–Molenga?- ele gargalhou.

Isso era tudo que eu precisava para me sentir menos culpada.

–Eu sei que sou completamente delicioso. É só você que não se sente atraída pela minha pessoa. – falou convencido passando os braços ao meu redor.

Afastei minha cabeça de seu peito e olhei seu rosto. Noah me encarava de cima pela extrema diferença de altura. Suas bochechas estavam vermelhinhas, e ele estava levemente bronzeado.

Fiz minha melhor cara de boba feliz ao encará-lo.

–Não tem como me sentir atraída por um cara feio e egocêntrico como você – mentira.

Ele fez biquinho.

–Eu sou um feio egocêntrico gostoso. Pode admitir. Eu deixo.

Revirei os olhos.

–Ei, Noah e Julia. Desculpa estragar o abraço de irmãos de vocês, mas é que eu e o Allan vamos voltar para casa...

Jered vinha correndo até nós, e seu mamilo havia virado o miolo de um flor desenhada com protetor solar. Me segurei para não rir.

Do Seu LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora