Flerte?

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Porcaria de Noah, porcaria de cama, porcaria de férias, porcaria de vida.

Que raiva.

É meio inacreditável, mas Noah babava tanto enquanto dormia que eu até podia imaginar que fosse uma goteira. Tudo isso graças aquela cabeça ensebada que ficava suspensa para fora da cama de cima. Como será que ele não caía?

Eu não me surpreenderia nadinha se escorregasse numa poça de baba quando levantasse da cama.

Eca.

Já era a segunda vez que eu estava naquela situação.

Na primeira vez não teve baba. Eu só tava olhando da minha cama para aquela cabeça para fora da cama de cima. Os fios do cabelo dele estavam pendendo para baixo, junto com um braço onde hora ou outra a mão se mexia, as vezes só o dedinho se mexia, e eu estava competindo comigo mesma de tentar adivinhar qual seria o próximo a se mexer.

Estranho?

Na verdade nem tanto, isso costuma acontecer comigo quando não consigo dormir...

–Você não ta conseguindo dormir ? – eita, me sobressaltei, de onde veio essa voz do além?

Tirei os olhos do dedinho, que eu acreditava ser o próximo a se mexer e olhei para a cabeça de Noah que continuava com os olhos fechados.

Fantasmas não existem. Fantasmas não existem. Fantasmas não existem?
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–O anta, sou eu mesmo que to falando.- coloquei meus óculos que estavam do lado da cama e finalmente enxerguei os olhos de Noah abertos.

–Eu sabia que era você falando o tempo todo.- menti fazendo ele dar uma risadinha sem humor.

–Anda, levanta.- falou pulando da cama de cima com os cabelos bagunçados e a cara amassada.

Olhei para ele confusa, nem em Londres eu levantava antes das dez horas, e agora pelos meus cálculos não havia nem amanhecido direito, ele era retardado de achar que eu levantaria se ele mandasse.

Cobri minha cabeça com a coberta esperando que ele me ignorasse.

–Vai, levanta logo, ou vai ficar sem café da manhã.- falou calmamente fazendo eu tirar um pouco do cobertor que cobria meu rosto. Me oferecer qualquer tipo de comida era golpe baixo, uma vez que para se achar comida naquela casa – tirando as pizzas anteriores que estavam na geladeira- era preciso muita sorte.

–Onde vamos comer a essa hora?- Em casa é que não seria. Observei Noah vestir um roupão preto e jogar outro para que eu vestisse também.

–Na casa do Gabe.- falou como se fosse a coisa mais normal do mundo. Pelo visto era Gabe que alimentava essa criatura estranha nos cafés da manhã, isso quando essa mesma criatura acordava antes das três da tarde.

Levantei a contragosto logo eu e o Noah estávamos esperando o elevador chegar.

–Nono andar? – estranhei enquanto o elevador subia.

–É o Gabe mora aqui no prédio.- falou entre um bocejo. Quando finalmente chegamos ao nono andar, Noah abriu a porta no apartamento de Gabe sem cerimônias. Hesitei um pouco antes de entrar, primeiro por não estar devidamente vestida, e segundo porque o apartamento parecia vazio. Noah ao perceber que eu ainda não havia me mexido voltou para fora do apartamento e me puxou.

O apartamento de Gabe era igual ao nosso, a única diferença era os móveis um pouco mais vitorianos. Fui puxada até a cozinha, o único cômodo com a luz acesa, onde Gabe esperava com um sorriso no rosto enquanto batia alguma coisa vermelha no liquidificador.

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