Gary - O pato.

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Sabe aquelas pessoas educadas? Aquelas que te ajudam a arrastar três malas para o seu quarto, que perguntam como foi sua viagem ou se você esta com fome, que se apresentam decentemente, do tipo que lavam os cabelos, ou pelo menos que o cortam? Sabe aquelas pessoas?

Bem, definitivamente essas pessoas não são Noah.

–O quarto é a ultima porta no final do corredor , meu nome é Noah e vê se não da muito trabalho, pirralha. Gabe, vem logo jogar, mano - bufou, se jogando no sofá.

Ah, então ele estava irritado? Como se eu estivesse nadando em alegria por ser obrigada a passar minhas férias com ele.

Gabe ignorou Noah e pegou as duas malas que estavam do meu lado. Pelo menos alguém tinha educação ali.

–Não esquenta não, ele é assim mesmo - Gabe murmurou com um sorriso que fez seus olhos castanhos parecerem chocolate derretido. AimeuDeus acho que meu coração parou.

–A cama de cima é a minha! - ouvi Noah falar enquanto seguia Gabe. Engraçado, o que será que ele queria dizer com a cama de cima é minha? Porque normalmente só há uma cama em cima quando há uma cama em baixo - que dedução impressionante - e isso no caso de uma beliche e...

AimeuDeus!

Por favor, me diz que eu não vou precisar dividir o quarto com aquele trombadinha...

–Gabe, vem logo jogar, cacete! - palavreado bacana esse do meu irmão. Eca, não acredito que chamei aquela coisa de irmão. Se eu tivesse qualquer laço genético com aquele aprendiz de mafioso, eu mesma me amarraria no trilho do trem e rezaria por uma morte rápida.

–Vou lá jogar antes que Noah me mande tomar naquele lugar - Gabe disse, colocando minhas malas no chão do quarto, perto da porta, e depois indo embora.

Ele só podia estar de curtição com a minha cara não é? Na verdade, tudo parecia estar de curtição com a minha cara. Primeiro minha mãe, que achava mais prudente me deixar sozinha numa casa junto com um garoto que eu nunca vi na vida, em outro continente, do que continuar na minha própria casa. Segundo era que esse garoto que eu nunca havia visto na vida e que realmente parecia um marginal como eu havia imaginado. E terceiro eu teria que dividir o quarto com o marginal. Tipo assim O MARGINAL!

Ok, ok, eu cuspi bolinhas de natal na cruz mesmo, algo me diz isso.

Coloquei a cabeça para fora do quarto avistando outra porta no corredor, provavelmente seria o quarto do meu pai e da hiena disfarçada de vacadrasta. Coloquei a mão na maçaneta e girei calmamente. Olha, eu nunca fui muito sortuda, e definitivamente não seria agora que eu teria sorte, mas poxa vida, me responde uma coisa: Por que raios eles trancaram o quarto deles?

Eu to falando que tudo não passa de uma conspiração, a resposta é simples como manteiga de amendoim. Eles trancaram o quarto para eu ser obrigada a dormir na cama de baixo da beliche do Noah, eles queriam mesmo que eu dividisse o quarto com o aspirante a marginal.

Um apartamento tão grande, luxuoso e bem decorado com só dois quartos.E um ainda trancado.

Acho que vou morrer de desgosto.

É, eu não tinha opção, ou era a cama de baixo ou era o sofá.

Ou então aprender a arrombar portas com cartões de crédito.

Tá, como se isso fosse acontecer.

Baixei os ombros e voltei, resignada, para o que seria minha prisão. Certo, o quarto até que não era tão ruim. Tinha uma beliche encostada numa das paredes que era rosa pink - muito estranho para um garoto - uma escrivaninha com alguns livros, um computador e uma janela numa parede azul, depois em uma parede toda pichada haviam duas portas, uma de correr que provavelmente era o armário dele e a outra estava aberta mostrando ser o banheiro e algumas estantes entre as portas, onde se encontravam alguns troféus. Na ultima parede, para onde eu arrastei minhas malas, não havia nada, nem cor, nem desenho, era branca, simples e perfeita.No centro do quarto havia um tapete preto que tomava boa parte do chão.

Do Seu LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora