— Terra-Ruim fugitivo não é bem-vindo — respondeu o cavaleiro. — Por que estão fugindo?
— Pelo que sei, o imperador está caçando até Terras-Ruins livres. Não tenho lugar aqui.
O arqueiro gargalhou. Jazz sentiu o frio em sua barriga. Teria o guarda de Traquaras colocado eles em uma armadilha?
Além do mais, os dois guardas eram muito assustadores. Os típicos soldados imperiais. Cobertos de lata. Nem conseguiam ver os olhos deles.
— E essa moça aí? Ela é branca. Por que vem com ela?
— Ela é minha amiga — respondeu Daniel, Jazz percebeu que ele suava. — Está me ajudando.
Jazz começou a suar também. Os dias estavam ficando mais frescos, mas aquela hora, o nervosismo a fazia ficar mais quente que o sol podia aquecer. Uma gota de suor escorreu da testa de Daniel até seus grossos lábios negros.
— Pois bem — disse o cavaleiro, tirando o capacete. — Vamos conversar.
Sob o capacete, viram o que jamais esperavam. Um rosto negro com cabelos longos, encaracolados e já brancos com o tempo. Marcas de velhice ao lados dos olhos mostravam que aquele homem já não tinha mais idade para lutar. Era raro ver um montanes tão velho marchando com soldados.
— Vou lhes convidar para um chá — disse o velho. — Ou talvez uma cerveja, combina mais com o momento. Mas vocês terão que partir logo.
Jazz chegou a questionar o cavaleiro, mas ele partiu em silêncio e os dois o seguiram.
O cavaleiro levou os dois até um acampamento, onde havia cerca de quinhentas pessoas. Entre eles, Terras-Ruins e Auróptis, crianças e velhos, homens e mulheres. Uma boa parte do grupo estava se alimentando, mas outra desmanchavam as tendas.
Entraram no acampamento, onde o montanes parecia ser muito respeitado. Um soldado ofereceu uma cerveja e ele pediu quatro.
— Vamos beber — disse ele servindo uma cerveja para cada um, a bebida parecia estar tão velha quanto as montanhas das Cordilheira do Mundo. — A propósito, Morgan...
— O que está acontecendo aqui... Morgan?
— Estamos partindo. Estivemos vigiando esse passo para que pudessemos fugir. A hora está chegando.
— Não parece estar chegando — caçoou Daniel. — Porque estamos bebendo.
— Ora, rapaz. Bebemos pela vida, pois não sabemos o dia de amanhã. Aliás, nós não sabemos nem o fim do dia. Um brinde.
Os quatro brindaram e depois o arqueiro se retirou e deixou os três discutindo.
— Bom — comentou Jazz, tentando unir os pontos. — Suponho que vocês vão para oeste. Mas lá não estão os rebeldes?
— Não estamos indo ao encontro deles. Estamos fugindo. Há mais de uma semana o filho do imperador desceu essas terras recrutando todos os soldados que pôde e matando qualquer Terra-Ruim em seu caminho. O que temos aqui é um acampamento de refugiados. Terras-Ruins e Auróptis desertores são bem-vindos.
"Estamos de olho em tudo que acontece desse lado do rio. Só acampamos aqui porque acreditamos que, com Octávius um pouco para o sul e do outro lado do rio, estaríamos seguros. Soubemos que houve um conflito lá. E parece que não foi coisa boa.
"Agora, nossos sentinelas sabem que Octávius está marchando para essa direção. Sabemos que ele venceu o combate contra os Terras-Ruins lá, usando muita magia. Mas muita mesmo. Depois atravessou o rio para esse lado mais uma vez. O rapaz está perdido."
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A saga dos filhos de Ethlon II - Antíteses
FantasyTrês anos depois que a grande onda atingiu o litoral oeste de Ethlon, os principais terrenos foram todos inundados e ocupados pela água do mar, o que trouxe imigração e super-população às cidades que resistiram. Como tentativa de suprimir o alto núm...
Capítulo IV - Episódio 13
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