Capítulo I - Episódio 4

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A Última Ancorada foi o nome dado ao porto localizado ao nordeste do Planalto Solar. Ela tinha esse nome porque, ao velejar para o leste pelo mar, o navegante entrava em uma infinita jornada através de paredões de pedra, até encontrar a Cordilheira do Mundo, onde o caminho se tornava, além de inóspito, rochoso.

Poucos se aventuravam para aqueles lados.

Entretanto, o interesse do império em Última Ancorada era a proximidade da capital e por isso, se tornou a base militar marítima do império.

Quando o mar secou, a Última Ancorada havia se tornado uma cidade muito parecida com Porto das Pedras, um enorme paredão de pedra se revelou, dificultando o acesso ao mar.

Sem o acesso pelo norte, o império precisou mover sua operação naval para o oeste e se instalou na cidade de Pervale, uma cidade muito conhecida pelo grande avanço em agricultura.

Com os portos longe da capital imperial e das maiores cidades, o comércio por terra se tornou muito mais prático e interessante. Sem Porto das Pedras para servir de porto central, apenas Vanatoris prosseguiu utilizando barcos, ao sul de Ethlon.

O trabalho de Severo Commena nos últimos três anos tinha sido reestruturar frotas imperiais em Última Ancorada, agora que o nível do mar havia voltado ao normal, a cidade poderia voltar a ativa e o império poderia usufruir de uma frota naval mais próxima da capital, e quem sabe, o retorno do comércio pelo mar.

Severo tinha apenas um problema mal resolvido. Uma coisa que ainda fazia seu peito de marujo tremer de ansiedade. O Imperador, que era seu cunhado, sequer se importou como a frota havia sobrevivido. Foram tantas perdas, barco, soldados, magos e marinheiros. Agora tinha que continuar a executar o seu trabalho com a mesma eficiência, só que com menos da metade de seu poder de fogo.

As coisas ficaram ainda mais enigmáticas quando o Imperador Rubellius, em pessoa, convocou toda sua tropa, e com ajuda do mão direita, Bartholomeu Pogonato, marcharam em direção a Llanuras Perdidas, com o objetivo de fortalecer o norte e criar um caminho seguro até o Passo do Céu Baixo.

O Passo era famoso por ser o lugar ao extremo oeste das terras conhecidas, um ermo antes da Cordilheira do Mundo, um conjunto de montanhas intransponíveis, que atravessa Ethlon de norte a sul. Muitos dizem que existem povos do outro lado, mas ninguém se interessa em atravessá-las.

Talvez porque a morte seja o destino de quem tenta.

Apesar do Passo do Céu Baixo ser chamado de Passo, todos sabem que se trata de apenas um beco entre duas montanhas da cordilheira. Quem foi até lá não encontrou nem uma maneira de começar uma travessia pelas montanhas.

Mas, tudo isso está acontecendo muito longe do Planalto Solar. Severo tinha sido designado, assim como Anthony Gabras, a permanecer no planalto e ficar em alerta em caso de alguma urgência.

Depois da partida do Imperador, Severo tentou se organizar de maneira que, se algo acontecesse, ele pudesse dar conta de proteger os mares.

Recrutar marujos foi fácil. Em qualquer cidade havia homens querendo trabalhar e apesar de ser a favor da escravidão, Severo não queria Terras-Ruins em seus barcos. Entretanto, conseguir oficiais e magos foi mais trabalhoso do que gostaria.

Oficiais eram de suma importância para manter as coisas sob controle, então, na falta, teve que promover marinheiros despreparados para gerenciar pequenos aspectos de cada navio de sua frota.

Magos também eram importantes. Além de arqueiros e balestras instaladas nos barcos, os magos tinham funções vitais. Clarividentes eram responsáveis pela navegação e por serem ligados à água e ao mar, conseguiam ter visões de caminhos e com ajuda de Zéfiros, conseguiam também prever os ventos, para evitar ficar à deriva ou enfrentar grandes tempestades.

A saga dos filhos de Ethlon II - AntítesesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora