Capítulo III - Episódio 12

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Amelie estava muito bem vestida para o jantar que teria aquela noite. Seu vestido era conhecido por ser um dos mais caros de toda Ethlon.

Seu pai, Ferdinand, havia encomendado aquele vestido em Vanatoris, cidade que era conhecida por ter ótimos costureiros. Entretanto, o especial na sua roupa de gala, não era só o costureiro que o fez, mas também a qualidade das sedas que eram cultivadas nos pântanos dos Charcos Eternos.

Por falta de informação, muitas pessoas pensavam que os Charcos Eternos eram formados por banhados inabitáveis. A verdade era que as ilhas que se formavam entre os mangues eram dotadas de uma fertilidade nunca vista em outro lugar de Ethlon. E mesmo com a Onda, que também tomou uma grande parte do território daquela região, o bioma local foi alterado, tornando as terras muito mais produtivas.

Vestiu suas luvas, meias e sapatos, agora Amelie tinha que cuidar de seus cabelos e de seu rosto, que estava destruído de tanto chorar e ficar sem dormir depois da morte de seu pai.

E toda vez que pensava nele, uma pequena chama nascia em seu peito, mas como sempre, a suprimia e seguia normalmente seu padrão de vida.

Uma ajudante apareceu em seu quarto algum tempo depois e a ajudou. Primeiro arrumaram o cabelo longo e loiro de Amelie, de maneira a destacar os dourados cachos, era algo tão marcante em sua aparência que já até fazia parte de sua personalidade.

Também precisou de um toque extra de maquiagem para esconder as olheiras e destacar seus olhos azuis claros, marca que qualquer Rubellius carregava consigo.

Pronta, Amelie seguiu para a sala de jantar da Cidadela do Sol, onde haveria um jantar com todas as pessoas importantes do império. As que não estavam trancadas ali, estavam no campo de batalha ou presos em algum lugar fora da cidadela.

Quando chegou na grande sala, havia uma longa e extensa mesa, muitos notaram sua presença e se encantaram com sua beleza. Izabela e Hera, sua mãe, se levantaram para recebê-la. Então, sentou ao lado de sua mãe.

Quando sentou, Angela estava a sua esquerda e a cumprimentou, preocupada. Amelie não tinha muita intimidade com Angela e muito menos gostava dela, mas depois de tudo que ouviu sobre o que Severo havia passado em Aderol, um pingo de compaixão havia crescido em seu peito.

Aquele jantar foi um dos piores fardos que Amelie carregou em sua vida. Estava deprimida e sem vontade de socializar, mas teve que aceitar conversar com cada uma das pessoas importantes do império. Elas se aproximavam e falavam alguma palavra sobre Ferdinand, inventavam um pouco de preocupação pelo que havia acontecido e voltavam para seus lugares, para se empanturrarem com comida e bebida.

O único momento que Amelie aproveitou, um pouco, foi quando Vânia e Vitória se aproximaram para o mesmo ritual, entretanto, a animação de Amelie levou a conversa para outros assuntos. Algo em Vitória, que também veio carinhosamente a chamar de Vicky, havia encantando o coração de Amelie.

Depois de todo o tempo perdido com aquelas conversas sem fim, pôde sentar e comer.

Enquanto cutucava a comida, sem fome, sua tia, Izabela, se levantou e fez um pronunciamento.

— Senhoras e senhores, todos nós sabemos o que está acontecendo. Não há segredo para nenhum de vocês. Com os Terras-Ruins avançando para o lado de cá do Água Profunda, precisamos ter cautela. Tenho certeza e sabedoria para dizer que esse problema logo se resolverá, pois temos a vantagem no campo de batalha.

Izabela balançou seus cabelos negros ondulados e com um sorriso falso, sentou em seu banco, cruzou as pernas e bebeu um gole de seu vinho.

Fácil para você, pensou Amelie. Que pode sair daqui usando sua magia.

A saga dos filhos de Ethlon II - AntítesesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora