Disturbia

16.7K 808 32
                                    

Acordei desorientada, olhei ao redor e vi que ainda estávamos no gramado da nossa casa.

– Phoebe? Meu Deus, você está bem? – Teddy apertou meu rosto e eu o encarei.

– Diz pra mim que Noah não estava na sala da nossa casa. – Ele negou com a cabeça.

– Ele estava e você caiu no chão igual a um tijolo. – Ele me ergueu e me segurou pela cintura, me olhando nos olhos. – Cara, se controla.

– Eu não desmaiei porque quis! – Me soltei dele e andei até o jardim com as mãos na cintura. – O que ele está fazendo aqui, Teddy? – Meus olhos encheram d’água e eu nem sequer tentei conter as lágrimas, apenas deixei fluir pelo meu rosto enquanto ele me observava.

– Não sei. – Ele parou ao meu lado e tocou meu ombro. – Ei... Calma, irmã. – Depois me pegou nos braços e me apertou.

– Eu... Só quero... Entender. – Limpei as lágrimas com as costas das mãos, dando espaço a lágrimas novas. – Por quê?

– Eu não sei... – Ele me puxou pela mão e nós demos a volta na casa, entrando pela porta da cozinha. – Não acho que você está em condições de sair. – Ele pegou a cafeteira e serviu uma enorme xícara de café e depois a colocou na minha frente.

– Isso não é justo, Teddy... Ele sabia que eu estava aqui e veio assim mesmo... Depois de me evitar por dias. – Reprimi um soluço e me sentei no banco de frente para o balcão.

– Eu sei. – Ele assentiu uma vez e depois pegou o celular que estava tocando.

Fez um sinal para mim e se afastou pedindo desculpa.

Dei um longo gole no café e não me importei de ter queimado a boca, era menor que a dor no meu peito pelo menos.

Os olhos dele, sua feição contorcida... Ele estava realmente ali e eu não podia fazer nada. Eu queria dar uma tapa na cara dele e depois puxá-lo para o beijo mais apaixonado do mundo. A saudade que eu tentei reprimir veio de uma vez só, fazendo mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Por Deus, era demais querer uma pequena explicação?

Olhei de relance para Teddy que estava aos berros no telefone, totalmente distraído. Andei na ponta dos pés até a sala e vi que eles não estavam mais lá. Esgueirei-me até o escritório de meu pai e o cheiro do perfume de Noah queimou meus pulmões como brasa. Respirei fundo, tentando fazer meu corpo se acostumar com aquele cheiro e mais lágrimas escaparam dos meus olhos, eu nem sequer fiz menção de secá-las. Sentei na cadeira e apoiei a cabeça na mesa de vidro, sentindo meu corpo chacoalhar.

Não era nenhum exagero eu estar chorando tanto assim, eu sentia saudades e estava machucada por ele ter me evitado todo esse tempo. Fiquei respirando fundo entre as lágrimas, o cheiro dele já estava fraco por conta das janelas abertas.

Levantei da cadeira e me arrastei até a cozinha, onde Teddy ainda estava esbravejando no telefone. Apontei para cima e disse que ia para o quarto, ele afastou o celular do ouvido.

– Desculpa não te dar atenção, mas tem um cliente doido da Grey enterprises querendo cancelar um contrato milionário por erro de um setor inteiro.. – Revirei os olhos. Eu sabia quão chato isso poderia ser. Sibilei um “não se preocupe” e fui para o quarto, tirei o tênis e me enfiei embaixo da coberta. Fechei os olhos e deixei a imagem de Noah ficar dando voltas em minha cabeça, até eu pegar no sono novamente.

***

Ouvi a porta do quarto abrir e Teddy entrou com a gravata preta frouxa e os olhos cansados, sentou-se ao meu lado da cama e ficou me encarando.

– Você vai querer beber hoje? - Ele afrouxou mais ainda o nó da gravata.

– Vou... Que horas são? – Sentei-me na cama e vi que já era noite lá fora.

Playing With PleasureOnde as histórias ganham vida. Descobre agora