Stranger

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Fiquei encarando a porta do escritório de Noah até não ouvir mais ruído algum dentro do escritório.

Ele quer se desculpar?

Respirei fundo algumas vezes e tentei voltar a trabalhar, mas o manuscrito new adult recheado de sexo, drogas e romance não me fez voar muito longe.

Que situação esquisita. Ele não me olha durante uma semana. Durante a porra de uma semana que tenho ficado triste, sozinha e me sentindo mal por ter entrado e falado um monte de asneira para ele e justamente quando eu resolvo me desligar um pouco indo viajar com Ivy ele me aparece assim, me chama para sair e depois me beija como se precisasse de mim. Realmente, os homens são loucos.

Ivy me ligou dez minutos antes de eu sair, falou que já estava me esperando do lado de fora no táxi e que íamos sair daqui direto para o aeroporto, onde o jato do pai dela estaria nos esperando. Desliguei meu computador, organizei minha mesa e dei uma boa olhada para a porta de Noah esperando que se abrisse, porém isso não aconteceu. Depois do horário de almoço mais cedo, ele passou pela minha mesa, olhou-me e sorriu dando uma piscadela, entrou na sua caverna e não saiu mais.

Ponderei bater na porta para me despedir, mas acho que ia forçar muito a barra e deixá-lo constrangido também, inspirei profundamente e fui para o elevador.

Entrei no táxi e Ivy estava no celular aos berros com alguém, ela levantou um dedo pedindo para eu aguardar um segundo e voltou a esbravejar.

– NÃO! Por quê? Fala sério, tio Cary! Você tem que ir com a gente. Marie também vai! E daí você sair para beber com sua filha? TIO CARY, VOCÊ É DES-CO-LA-DO. Eu não vou implorar mais, quando eu e Phoebe chegarmos ai, quero você e Marie prontos para sair com a gente. Tio, por favor... – Ela fez uma voz fraquinha e cheia de drama, depois deu um grito de alegria, o taxista levantou o olho e a fitou pelo retrovisor impaciente, sibilei “aeroporto” para ela e ela fez positivo com o polegar. Avisei o motorista e ele começou a tentar entrar no engarrafamento que já se formava por ali. Ivy continuou a persuasão com seu tio e eu os deixei a vontade prendendo minha atenção aos carros que passavam por nós. Levei dois dedos aos lábios, a sensação da boca de Noah ainda estava presente ali, me fazendo lembrar que nada daquilo era mentira, que ele tinha sim me procurado para tentar se desculpar, não consegui conter um sorrisinho e Ivy me encarou enquanto jogava o celular dentro da bolsa.

– Que sorriso é esse? – Ela também sorria, só que descaradamente e os olhos brilhando em expectativa.

– É o sorriso de quem está animado para conhecer sua família e as melhores boates de Manhattan. – Pisquei e sorri abertamente também, como de costume Ivy bateu uma mão na outra e começou a falar desenfreadamente sobre sua prima, seu tio e as boates que eles costumavam ir. Achei interessante quando ela me contou que seu tio Cary era gay e casado, já que ele tinha uma filha, mas hoje em dia é tão comum isso que nem questionei nada. Ivy falou que seus pais eram aqueles típicos casais que sofriam da síndrome de “alma gêmea”, eu tive que gargalhar com a expressão que ela usou, porque meus pais também tinham essa “síndrome”.

Já no jatinho mais tarde, depois de vários gritos do taxista e uma leve dor de cabeça que começava se aproximar, sentei-me confortavelmente na poltrona de couro enquanto pegava meu celular para desligar, havia uma mensagem de Teddy e uma de um número desconhecido. Resolvi ligar para Teddy e quando ele me perguntou o que eu ia fazer hoje, levou um susto quando informei que estava indo para Manhattan.

– Manhattan, Pheobe? – Pude ouvir o barulho das engrenagens trabalhando na sua cabeça. – Você conhece alguém em Nova York? Nós já fomos lá algumas vezes, mas sempre ficamos em hotel. – Ele hesitou um segundo e complementou sua frase, ou melhor, pergunta. – Você não está naqueles surtos de “preciso ficar sozinha”, está?

Playing With PleasureOnde as histórias ganham vida. Descobre agora