Nada ali no meu quarto me lembrava Noah, ele nunca esteve aqui, eu não poderia deturpar a única coisa pura que eu ainda tinha com visões dele, mas foi exatamente o que eu fiz.

O imaginei diante da minha penteadeira recostado, com os braços cruzados zelando pelo meu sono.

O vi diante da minha cama, surrando palavras de carinho como fazia a maioria das noites.

Consegui sentir até seu cheiro, seus braços ao meu redor.

Caralho! Eu tenho que parar com isso. Fechei os olhos com força e apertei o travesseiro contra a cabeça, tentando esquecê-lo. Só por desencargo de consciência, vou dar uma olhadinha no celular... Nunca se sabe.

Estiquei o braço e o liguei novamente. Fico tamborilando os dedos impacientemente enquanto carrega. Espero dar sinal e... Nada. Apenas eu, minha ilusão e meu celular piscando debilmente com as mensagens dos meus pais.

Viro de lado e uma lágrima que se formou cai em meu travesseiro. Por que eu estou chorando? Era de se esperar.

Ele preferiu me deixar no escuro, não me dizer o que estava acontecendo a sentar e conversar comigo. Atitude muito madura para quem quer namorar. – Penso com ironia.

Fico encarando as cortinas brancas do meu quarto até meus olhos pesarem e meus pensamentos redundantes cessarem, me arrastando para a escuridão.

***

O dia de ações de graça nos Greys é uma loucura. Desde que eu e Teddy torramos a paciência dos nossos pais quando éramos crianças, querendo fazer nossa própria comemoração, nossos pais fazem o jantar aqui em casa, antes era na casa dos meus avos Grace e Carrick. Todo ano vem nossa tia Kate junto com tio Elliot, nossas primas Ava e Kristin e claro, a presença da tia Mia e do Ethan (Ele não curte ser chamado de tio), enchem nossa mesa, fazendo a ações de graça ser um dos dias mais especiais do ano. Nos primeiros anos, avó Carla vinha junto com Bob, porém os dois decidiram que estava na hora de viajar pelo mundo, claro que Bob foi muito resistente no começo, Ana sempre disse que minha avó precisa de um adulto de verdade para tomar conta dela. Ouvi dizer que esse ano meus avós paternos também virão, já que não planejaram nenhum evento para arrecadar fundos ou algo do tipo. O dia foi a maior correria, preparamos um cardápio variado e fizemos tanta torta que o exercito americano comeria e ainda ficaria sorrindo a toa. Meu pai estava certo – Como se ele errasse alguma vez. – os ajudantes foram necessários sim, pois na metade do dia, mamãe, Gail e eu estávamos uma pilha de nervos e ainda tinha muita coisa para fazer. Meu pai foi à cozinha algumas vezes e nos repreendeu por estarmos fazendo tantas coisas, mas nada que minha mãe não pudesse controlar. Algumas vezes eu me peguei observando os dois, eles pareciam em sintonia constante, até adivinharam os pensamentos um do outro algumas vezes.

Quando eu estava com Charlie, eu nunca me peguei pensando nisso. Era fácil, nós sentávamos, conversávamos, planejávamos nosso futuro e depois transávamos como se não houvesse amanhã, porém era vazio e eu descobri isso quando estava com Noah.

Com ele não havia silêncio constrangedor, eu não tinha barreiras para falar meus planos ou pensamentos e ele parecia nunca se cansar de ouvir ou falar. Até as nossas “brigas” eram gostosas, pois nós nos desafiávamos e depois nos amávamos e hoje eu estava sentindo tanta falta disso que tive que reprimir um grito de frustração, ou lágrimas mais de uma vez durante o dia.

De certa forma, estar com minha família estava me fazendo bem, eu me esqueci de Noah uma parte do dia, mas agora a recordação dele veio como um tiro no meu peito. Olhei ao redor e estava tudo dentro dos conformes. Montamos a mesa no gramado do lado de fora e daqui a pouco nossa família ia chegar. Peguei minha taça de vinho e andei até a varanda de casa, sentando-me em uma cadeira de balanço que estava ali desde que eu Teddy nos entendemos por gente.

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