Já havia escutado que gatos tinham uma conexão com o outro mundo – mais um motivo para eu não gostar desses bichos esquisitos – e ele ter se irritado daquela forma não me parecia ser algo normal de um siamês ou de um filhote que foi tirado da mãe cedo demais. Ele havia se assustado com algo que havia visto, isto era óbvio.

Jesus, estou parecendo a Lis de novo. Quando em minha vida toda eu me importaria com uma besteira dessas?

Suspirei e estava voltando para a sala, pronto para esquecer algo tão bobo como aquilo, quando ouvi batidas na porta de entrada.

Fiquei ali, parado sem saber o que fazer, até que o som se repetiu.

– Mary? Eu acho que tem alguém na porta – eu disse mas não houve resposta alguma, então fui até a cozinha para avisá-la, mas o cômodo estava vazio, haviam apenas algumas panelas sobre o fogo ainda aceso e algo assando no forno.

Voltaram a bater na porta e eu soube que não desistiriam tão fácil, então voltei à entrada e parei. O que eu diria? Que era o mais novo filho adotado de Mary? Que era uma criança de rua recebendo assistência por dó?

Deixei isso de lado, sabendo que o que poderia acontecer de pior era Mary ficar brava ou chateada por eu ter atendido a porta por ela, então girei a maçaneta e abri a porta, franzindo as sobrancelhas ao ver que não havia ninguém ali.

Eu havia demorado tanto a ponto de a pessoa desistir e ir embora? Eu duvidava.

Parei na sacada e olhei para os lados, vendo uma garotinha loira, pouco menor que eu, correndo para longe. Ela parou quando chegou à casa ao lado – que por sinal era a minha – e se sentou nos degraus da entrada.

Será que estava perdida?

Notei que estava chorando e resolvi ir até lá, ignorando a voz da minha irmã que insistia em berrar na minha cabeça que eu não deveria sair da casa de Mary enquanto ela estivesse fora.

Quando cheguei mais perto, a menina se encolheu e virou de costas para mim, fungando. Coloquei a mão sobre seu ombro e ela escondeu o rosto por entre as mãos.

– Está tudo bem? – Perguntei e ela soluçou, seus ombros tremulando com o choro incessante.

– Não deveriam ter saído – ela disse com a voz fraca e baixinha e um arrepio percorreu meu corpo desde a cabeça até os dedos dos pés. Eu conhecia aquele modo de falar de algum lugar e sabia que não era bom. – Ele não gosta quando tentam fugir.

– Desculpe...?

– Agora os outros vão pagar pelo o que vocês fizeram, mas se não fosse por mim... – ela voltou a chorar compulsivamente, seus soluços agudos me causavam uma agonia esquisita. Eu só queria que ela dissesse que estava bem e fosse embora logo, mas que diabos? – M-me desculpe... Isso é tudo culpa minha.

– Olha se isso for uma brincadeira eu vou fazer seus pais brigarem feio com você se os encontrar, eu não tenho o dia todo para perder com besteiras.

– Eu sou uma inútil, e-eu... Eu só faço tudo errado, nem minha mama me quis – ela disse me ignorando completamente e eu estava pronto para gritar com ela novamente quando travei. Mama? Aquilo era francês, certo?

Ah, merda. Que bela porcaria, eu só me meto em merda, meu Deus do céu.

– E agora o papa vai machucar todos vocês por minha causa – ela continuou enquanto eu tentava me afastar da forma mais lenta e imperceptível possível. – Tudo porque não sou perfeita. Porque os outros têm medo de mim. Ei, Eliel...

Estremeci quando ela parou de chorar e disse meu nome como se já me conhecesse há anos. Que porcaria era aquela?

– Se o papa te levasse como levou todas as outras crianças, você teria alguém para te salvar? – Ela disse de forma fria virou seu rosto pálido em minha direção, deixando visível as órbitas vazias dos lugares onde deveriam estar seus olhos.

No mesmo instante que um grito estava pronto para rasgar minha garganta, um pano úmido foi colocado sobre minha boca e nariz. Aquilo era... álcool?

– Eu sinto muito, eu realmente sinto muito... – ouvi Abelle dizer baixinho antes que minha visão escurecesse e eu perdesse de vez o controle sobre o meu corpo.

◈◇◈

Oi gente, aqui é a Chess! Faz um tempo que não bato um papo com vocês no final do capítulo né? Como estão?

Eu tô bem tirando o fato de estar gripada e literalmente com os cabelos caindo de tanto estresse, mas já passei por coisa pior não é mesmo? E estou sendo compensada pela fada dos surtos de inspiração finalmente ♥

Aliás, o que estão achando dessa história? Mesmo que já esteja no fim, algumas coisas ainda não foram reveladas, vocês têm alguma teoria? Eu adoraria ouvir, sabem que eu super me divirto e até me surpreendo vendo que vocês conseguem ser mais doidos que eu.

Ah e gente, eu preciso compartilhar que eu S U R T E I quando achei fotos desse menino que tá na mídia porque ele simplesmente o Eliel que eu sempre imaginei todinho! E por isso eu quis muito colocar aqui, ainda mais porque esse é um capítulo mais focado nele né, mas desconsiderem se for diferente do jeito que imaginavam aushuahsuhas E o que acham desses capítulos narrados pelo Eliel? Eu amo escrevê-los porque ele tem uma visão totalmente diferente da Lis, chega a ser engraçado ashuahus

Enfim, acho que enrolei demais :P Muito obrigada pelos 6K de leituras e os quase 1K de notas, caramba, vocês não têm noção do quanto isso me deixa feliz, principalmente porque A Casa de Bonecas é simplesmente a história mais importante da minha vida! Obrigada mesmo, amo vocês demais ♥♥♥

Espero que continuem gostando assim até o final, beijos da Chess e até a próxima <3

A Casa de BonecasTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon