CAPÍTULO 33 VERDADES REVELADAS

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"Todo mundo tem segredo que não conta nem pra si mesmo, todo mundo tem receio do que vê diante do espelho."

Pitty


Depois de uma semana na UTI Beatriz conseguiu se restabelecer e foi para o quarto e podia receber visita. Ela sentia-se bastante estranha. Apesar de estar praticamente em coma em todos aqueles dias sabia que tinha chegado a hora de enfrentar o seu pior pesadelo. Era o momento de acertar as contas com o seu passado.

— Bem que dizem que vaso ruim não quebra. — O som daquela voz trouxe a de volta a realidade nua e crua. Não é possível que depois de dias dormindo o primeiro rosto que fosse rever tinha de ser o dele. Percebeu que ele veio até a sua cama e sentou-se em uma cadeira que estava ao lado da cama. — Que ironia da vida. Foi brincar de doente e acabou por fim bebendo do próprio veneno. — Ele sabia esperziar sem piedade. — Belo teatro! — Aplaudiu. — Sempre é a arte que imita a vida, dessa vez foi a vida que imitou a arte. Oh... — Fez com que ela encarasse. — Merece um OSCAR pela tua atuação perfeita. E os dois idiotas caíram... — Sorriu debochando. — Igual dois patinhos. —Ironizou.

— Não fale do que você não sabe, Steves. — Ela disse com dificuldade.

— Ah, minha querida não subestime a minha capacidade. — Ele sorria. — Sei muito mais do que você pode supor. Ao longo de todos esses anos eu soube de cada passo dado por você.

Ela se assustou com aquela revelação. Ele era um palerma. Um cão sarnento. Ele estava blefando. Tentou se levantar, mas estava sem forças não conseguiu.

— Calma, minha cara, não é necessário todo esse pânico seus segredos estão bem guardados. — Ele estava adorando ver toda a soberba daquela mulher na lama. Finalmente ela havia caído. — E por falar em armações a tua sobrinha é igualzinha a você. — Fez uma pausa. — Ah não, ouso discordar ela é 10 vezes pior. — Pauseou. —Confesso que de você eu tinha medo, mas dela... — Refletiu. — Não desejo estar em seu caminho.

— Do que você está falando? — Perguntou confusa. O que Alexandra estava aprontando?

— Nada. — Ele respondeu sério. — Nada que você precisa se preocupar. —Levantou-se. — Preciso ir. — Caminhou até a porta antes de fechar a porta falou. —Melhoras. — Saiu fechando a porta.

Assim que ele saiu Edgar chegou com Valentina. Ela ficou feliz em vê-los. Ficaram por cerca de meia hora depois foram embora. Ela se viu ali naquele quarto de hospital refletindo todos os seus erros. Não sabia como encontraria coragem para revelar a verdade e pedir o perdão de todos. Pensou que Miguel iria aparecer para visitar, mas já tinha anoitecido e ele não viera. Enfermeiros iam e viam para ver seu estado. Segundo o médico na manhã seguinte iria lhe dar alta.

Pensativa viu que a porta se abriu e era Miguel. Parte sua ficou feliz por vê-lo ali. Sinal que se preocupava com ela. Parte triste porque sabia que tinha chegado o momento de contar toda verdade.

— Oi. — Ele disse se aproximando. — Como está se sentindo?

— Estou um pouco melhor. — Indicou a cadeira ao seu lado para que ele se sentasse. Ele assim o fez. — Miguel precisamos conversar. — Ele assentiu. — Naquela noite... — Olhou de relance e viu que ele estava atento. — Na noite da tempestade eu tinha ido me encontrar com Victória. — Ao ouvir seu nome ele se remexeu na cadeira. — Havia algo que eu precisava revelar do passado... O nosso passado. — Encarou fazendo pausa e tentando ganhar forças para continuar. — Eu sei que ela não te contou nada. Por que se você soubesse não estaria aqui. Miguel eu sinto muito por tudo o que fiz se eu pudesse voltar atrás saiba que faria tudo diferente.

— Do que você está falando? — Interrogou sério. Não entendia aonde ela queria chegar.

— Lembra que quando eu cheguei na casa de seus pais há mais de 20 anos? E o quanto eu infernizei a sua vida e a de Victória. A chegada de Antoniel...

— O que é que tem esse crápula. — Sabia o quanto Miguel odiava o primo.

— Lembra do que aconteceu dias depois? — Porque ela tinha que relembrá-lo. O passado era por demais amargo e precisava ficar enterrado. Vendo que ele continuava em silêncio continuou. — O flagrante de Victória ao lado de Antoniel. — Ele levantou da cadeira dando-lhe as costas. — Ela nunca traiu você. Eu coloquei um remédio no refrigerante de Victória para que quando você a encontrasse não restasse dúvida que ela havia dormido com Steves. — Ela continuava falando, mas ele só conseguia ouvia Ela nunca traiu você. Aquilo era surreal. Aqueles anos todos Victória sempre dissera que não havia traído com Steves. E ele sempre a acusava. Havia tratado mal. Por anos havia odiado sem razão.

— O que você fez? — Ele não queria acreditar que ela havia sido tão vil aquele ponto. A ponto de manchar a reputação de uma pessoa.

— Acredite tudo o que fiz foi por amor.

— Por amor?! — Ele gritou esmurrado a mesa. ‒— Amor doentio. Olha só pra você. — Esnobou. — Olhe até onde esse amor te trouxe. Que tipo de ser humano é você?

— Era a única forma de fazer você me amar afastando dela. — Confessou chorosa.

— Mas eu nunca te amei. — Ele a olhou furioso. — E se algum dia o que senti por você foi pena. Agora nem isso restou.

— Miguel, Miguel... — Dizia em desespero segurando em seu braço para que ele não fosse embora. — Eu preciso que você me perdoe.

— Perdoar? — Ele repetiu incrédulo. — Não espere isso de mim. — Se soltou dela. — O que sinto por você agora é ódio. Ódio pela vida que você roubou de mim. Pelos anos que perdi longe da mulher que mais amei na vida. Ódio por você ter impedido de ter uma família ao lado da mulher mais importante que já conheci. De mim você terá apenas o meu ódio escritas em outdoor.

Saiu do quarto batendo a porta com força e Beatriz ficou aos prantos.

***

Naquela noite Victória foi surpreendida pela visita de Pedro. Ficou muito emocionada quando o viu em frente ao portão da sua casa, não conseguia entender aquele sentimento sempre que o via.

— Estava passando aqui por perto e resolvi vim cumprimenta-la.

— Fez bem. — Ela disse servindo o café. — Tivesse chegado a tempo tinha visto Valentina e os amigos. Foram todos ao cinema.

— Mas o bom é que eu tenho a sua companhia e a sua atenção voltados só para mim. — Riu sorvendo um gole de café.

— Gentileza sua. — Sorriu também. — Seus pais devem ter muito orgulho de ter um filho como você.

— Eu não conheci os meus pais. — Ela o encarou e percebeu a tristeza em seus olhos.

— Ah, sinto muito. Eles morreram....

— Não. Eu fui deixado recém-nascido no orfanato.

— Oh, desculpe eu...

— Tudo bem.

— Que triste. — Ela não sabia o que dizer. — Nunca pensou em procurá-los?

— Pra quê? — Ele foi sarcástico. — Eles não me quiseram quando ainda era bebê, não quero saber deles na minha vida adulta. — Percebeu o amargor em suas palavras. — Bom acho que vou andando. — Levantou. Ele usava short e viu uma mancha escura em seu perna esquerda. Nada comentou. Acompanhou até o portão e se despediram.

Quando ia fechar foi surpreendida pela presença de Miguel.

— Miguel?! — Disse surpresa ao ver o seu estado.

— Me perdoa, Victória. — Disse abraçando chorando sem parar como se fosse uma criança.

Ela não sabia o que fazer diante daquela situação. Esperou ele se controlar.

FOI O SEU AMOR [COMPLETO]Where stories live. Discover now