E o que eu posso fazer por Haku-san?

Start from the beginning
                                    

— O que você pode fazer por ele?

A pergunta intrigou Kiba. Ele acabou de dizer que Haku-san estava morto. Como poderia fazer algo por ele? Talvez um altar? Pedir aos deuses que tivesse um bom descanso? E isso adiantava de alguma coisa?

— Nada — respondeu com os olhos ardendo — Não posso fazer nada!

Hana balançou a cabeça. Estendeu o braço e segurou com carinho no queixo de Kiba, fazendo-o erguer o rosto que tinha abaixado para ocultar as lágrimas.

— Errado — ela afirmou com suavidade.

— Errado? E o que eu posso fazer por Haku-san?

— Viver, Kiba. Você pode viver por ele.

— Viver? — o garoto soou confuso.

— Sim. Viver. Você pode sorrir muito, e chorar em quantidade igual. Você pode aprender coisas novas e ensinar aos outros. Pode transformar o mundo ao seu redor e fazer tudo da melhor forma possível, pode errar e se corrigir. Tentar, acertar e crescer. Tudo isso porque Haku-san lhe deu uma chance. Não é incrível?

— Hana-nee!

— Todos os dias recebo visita de shifters. Eles trazem seus bichinhos de estimação, mas é só uma desculpa para poder conversar comigo. Então eles me dizem como você mudou o feudo em tão pouco tempo. Como a alegria voltou e as boas energias estão em cada pedacinho de terra... tudo se transformou. Você afastou as sombras desse lugar. E tirou o Alpha da solidão.

— Sou meio foda, né? — ali estava um pálido reflexo da arrogância que o garoto sempre demonstrava.

— Não — Hana sorriu largo — Você é foda pra caralho!

O palavrão não combinava nada com a irmã! Na verdade, Hana nunca tinha dito palavras de baixo calão... foi tão esquisito que Kiba riu. O som cristalino aqueceu o coração da Beta. E do Alpha que acompanhava a conversa da sala ao lado.

— Acha que Haku-san ia querer mais do que isso?

— Acho que não — ele respondeu.

Hana sorriu. Aproveitou que ainda segurava o queixo do irmão para mover o polegar e secar uma lágrima que deslizou, a despeito do riso de antes, um gesto cuidadoso para não borrar as marcas do clã.

— Pode chorar, irmãozinho. O quanto achar necessário. Lembre-se apenas que a dor não dura para sempre, a não ser que você a cultive. E que existem pessoas que amam o seu sorriso, tanto quanto amam suas lágrimas. Mas é o seu sorriso que ilumina o dia. Queremos vê-lo outra vez. Cada vez que sorrir fará o sacrifício de Haku-san ter valido a pena.

— Hn! — ele acenou com a cabeça, emocionado.

Hana ficou satisfeita. Enfiou a mão na manga do kimono que vestia e fitou um pacotinho pequeno.

— Feliz aniversário.

Kiba ficou olhando para o presente que Hana lhe estendia.

— Hoje é o meu aniversario? — entendia bem o conceito. Alguns Alphas comemoravam o aniversário em Gin-Io, ocasião em que mais de um Ômega era requisitado pela mesma pessoa. Só não imaginou que Ômegas pudessem comemorar também.

— Sim. Antes eu fazia oferendas no altar para você. Poder te dar um presente é muito, muito melhor.

— Obrigado! — ele aceitou, curioso e feliz. Abriu o pacotinho. Era um pequeno broche, representeando uma flor de cerejeira, o tom rosa vinha contornado com detalhes em ouro. Era simples, mas lindo.

— Mamãe me deu quando fiz dez anos — Hana pegou o objeto e o prendeu no kimono do irmão — Ela me disse que teve trabalho para escolher. Mamãe nunca foi uma mulher de delicadezas. Quero que fique com ele.

Marcas da Solidão (ShinoKiba)Where stories live. Discover now