Capítulo 67

234 37 0
                                    

                                                                         WILLIAM

Fazia alguns dias que estava recebendo ameaças anônimas e sabia que havia alguém atrás de mim, que sabia onde me encontrar. Eu não estava preocupado com isso, estava preparado para qualquer coisa que acontecesse...menos para a última carta escrita com letras de recortes de revistas.

Havia terminado de tomar banho para o jantar quando notei uma folha em branco perto da porta. Revirei os olhos e agachei-me para pega-la, pensando em amassa-la e jogar fora sem ler, sabendo que era mais um bilhete de algum idiota que não gostava de mim. E bem, muitas pessoas não gostavam de mim, eu havia feito muitos inimigos em minhas viagens. Porém, algo atiçou minha curiosidade e me peguei desdobrando o papel e engoli em seco com as palavras. "Estou de olho em você. Vigie muito bem seus três porquinhos ou terei que pegar um deles" e quando meus olhos alcançaram o final da página, consegui ler "Ou talvez eu já o tenha feito".

Não permiti que suas palavras me atormentassem, agi naturalmente e os gêmeos conseguiram me distrair quando me imploraram para jogar um jogo de tabuleiro com eles, mesmo que eles não conseguissem fazê-lo muito bem e roubassem quando achavam que eu não estava prestando atenção. Essa distração funcionou por um tempo, mas quando o relógio badalou indicando 20:00 e Lucy ainda não havia chegado, a agonia que eu estava sentindo antes voltou com força total. 

- Eu já volto - falei para os meninos e me levantei, indo para o quarto. Procurei meu celular e liguei para ela várias vezes. Caixa de mensagem. Merda. Sentei-me na beirada da cama e a cada olhada no relógio, meu coração ficava mais apertado dentro do meu peito. Tentei colocar na minha cabeça que Lucy estava apenas atrasada, porém, ela nunca se atrasava. 

- Papai, você está bem? - Max perguntou parado na porta da habitação. 

- Sim - respondi, minha voz denunciando a minha mentira.

Eram oito e vinte e eu estava pronto para ir atrás dela, minha cabeça martelando e começava a soar frio. Se algo tivesse acontecido com Lucy... eu não queria nem pensar nisso. Li o bilhete novamente várias vezes, o que deixou-me ainda mais desesperado. Decidi esperar mais um pouco e se ela não aparecesse, eu iria até sua casa e se não a encontrasse lá, eu procuraria o maldito que estava me enviando essas merdas e o mataria com minhas próprias mãos apenas por ter tocado na mãe dos meus filhos. Senti o sangue esvair do meu corpo rapidamente, deixando apenas um homem pálido para trás.

Eram exatamente oito e vinte e cinco, eu estava no quarto pegando minhas chaves e pronto para sair, quando a campainha tocou. Joguei tudo em cima da cama e corri para a porta, atropelando tudo que surgia na minha frente, o que fez com que eu batesse com tudo o meu quadril na mesa de centro da sala. 

- Droga - murmurei baixinho.

Abri a porta e encontrei um belo par de olhos claros me olhando, e cabelos acobreados familiares eram balançados por dedos finos até pararem para trás, em suas costas. Então, uma raiva súbita tomou conta de mim e eu estava irado como se um demônio possuísse meu corpo.

- Por que diabos não atendeu esse maldito telefone? - gritei e seus olhos estavam amplos pela surpresa da minha raiva repentina. 

- O quê? - perguntou baixo - estava no silencioso. Aconteceu algo com os meninos? 

- Não, eu apenas... - passei a mão nos meus cabelos e respirei fundo. Eu estava aqui, quase tendo um ataque cardíaco e ela estava preocupada com os meninos? - que droga, Lucy - puxei ela para mim e a abracei fortemente. Eu precisava toca-la, sentir seu corpo e ter certeza de que era real. 

ღ Perigosa AtraçãoWhere stories live. Discover now