ღ Perigosa Atração

Capítulo 10

Stefan me pegou pelo braço e me puxou para frente.

- Sigam-me - ordenou e todos fomos para o local da reunião dos marmanjos - ouçam bem, eu não quero, de maneira nenhuma, brigas aqui nesse navio. Passarão muito tempo olhando para as caras feias uns dos outros, então é melhor que se acostumem e comecem a se darem bem, ou as coisas ficarão complicadas. Fui claro?

- Sim, senhor - todos gritaram e eu mordi o lábio de nervosismo. Eu realmente esperava que seguissem suas ordens ou o bicho iria pegar para meu lado, estava pressentindo isso.

Bem, eu merecia um prêmio pelo acerto sobre meu pressentimento. Quando a noite chegou e eu já estava com a mão na maçaneta da porta do meu aposento, alguém passou por mim, deu um leve tapa nas minhas costas e disse:

- Boa noite, chuchu - e não sei se foi impressão minha, mas notei uma pitada de jocosidade em seu tom. Porém, estava tão cansada que não dei moral e entrei. 

Senti alguma coisa andando em minhas costas, mexi um pouco para ver se era impressão mas não era, havia mesmo algo em minhas costas. Comecei a me remexer toda, como em uma dança esquisita, e tirei a camisa e... oh céus, um escorpião. Um escorpião? Fala sério, estavam querendo me matar? Chutei ele para fora da camisa e pisei com o salto da bota.

- Há, Lucy 1, escorpião 0 - falei e sorri com a vitória. Qual é, deixe-me ser feliz. Tirei as botas e olhei em direção à cama, ela parecia tão chamativa e eu praticamente flutuei para cima dela.

- Mamãe já volta querida - anunciei dando um suave beijo no colchão e me levantei. 

Uma noite havia deixado passar, mas duas sem tomar banho era impossível para mim. Não é porque fingia ser um homem que eu tinha que cheirar como um. Passei a chave na porta, tomei um banho rápido, vesti uma das calcinhas que eu havia escondido em um compartimento secreto no chão, onde saía a madeira e me joguei na cama, apagando logo em seguida. Devem estar se perguntando por que eu havia escondido calcinhas no chão... bem, não seria nada legal se vasculhassem minhas coisas e encontrassem calcinhas, sabonetes e absorventes, então tudo que era feminino e indispensável, estava escondido.

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WILLIAN
Estava em minha cabine, sentado em uma cadeira fofa, os pés em cima da mesa e um copo de rum em minhas mãos, quando um dos homens, no momento não me lembro qual, entrou e avisou que havia terra a vista. Estávamos chegando à Londres, finalmente. Sorri para mim mesmo e quando o homem estava saindo sorrateiramente, o chamei de volta.

- S-sim senhor? - titubeou, seus olhos fixos em suas botas decrépitas.

- Diga à Stefan que desejo vê-lo, imediatamente - falei e sorvi o líquido âmbar que continha o copo em minhas mãos.

- Sim, senhor - falou e saiu rapidamente. Não demorou alguns minutos para uma batida surgir na porta.

- Entre - anunciei e Stefan colocou sua cabeleira acastanhada na abertura.

- Chamou-me? - perguntou e eu assenti com a cabeça. Ele entrou hesitante e parou diante da mesa na minha frente. Descruzei os calcanhares e joguei os pés no chão, trocando pelos cotovelos.

- Quem é o novo garoto? - perguntei sem rodeios.

- Ian - falou, simplesmente.

- Ian - repeti - e o que ele faz aqui?

- Eu o contratei, pois...

- Não quero saber os motivos - o interrompi, não estava com muita paciência para explicações - porém, todos que colorem os pés no convés desse navio, devo ficar sabendo de antemão e apenas permanecerão com minha aprovação. Fui claro? - Stefan apenas assentiu, mas em seguida arregalou os olhos.