Capítulo 63

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William manteve seus olhos fixos nos meus e brilhavam intensamente pela luminosidade da lâmpada. Eu queria erguer minha mão e tocar seu rosto, sentir seu cabelo incrível entre meus dedos, mas me mantive inerte e apenas esperei. Seus braços estavam apoiados nos travesseiros ao lado da minha cabeça e seu corpo estava entre minhas pernas.

Will aproximou ainda mais e eu vi estrelas quando seus lábios encontraram os meus. Seu beijo era exatamente como eu me lembrava, era intenso, com uma pitada de luxúria e havia seu gosto por todos os lados. Apesar dele ter tomado banho, o cheiro no seu perfume e um peculiar dele estava impregnado nele, invadindo minhas narinas e fazendo-me lembrar de tudo o que passamos. Eu ainda era apaixonada por William e eu sabia que era algo irremediável. Eu tinha tentado esquecê-lo de todas as formas, conhecer novos círculos de pessoas e me distrair. 

Após o nascimento dos gêmeos, eu amadureci, me tornei uma pessoa mais forte, do tipo que conseguiria protegê-los de tudo e de todos que surgissem em nosso caminho com garras e dentes. Mas William, esse homem que agora me beijava sofregamente, deixava-me vulnerável. Ele era perigoso. Muito, muito perigoso.

William se afastou e eu senti um vazio perturbador onde ele estava, seus olhos buscaram os meus e sem desviar Will pegou meus braços que estavam largados aos flancos e colocou ao redor do seu pescoço. Não pude resistir e passei a mão em sua madeixa áurea, regozijando-me com a sensação tão conhecida. William sentou-se em seus calcanhares, puxando-me com ele nesse processo e colou nossas bocas novamente. O beijo tornou-se mais profundo do que antes, como se aquilo fosse apenas a preliminar do beijo de verdade e dessa vez eu não consegui resistir e me agarrei a ele. 

Passei minhas mãos por seus cabelos, assanhando-os, depois por seu pescoço e então em seus ombros largos. Eu não sabia como havia conseguido dormir com Michael, mesmo apenas uma vez, depois de conhecer William. Aliás, eu não me vejo com mais ninguém a não ser ele. Sua boca estava exigente e sua língua brincava com a minha, ele beijou-me o pescoço, agarrou a barra da minha blusa e se afastou apenas para passa-la por minha cabeça. Segurei seu rosto entre minhas mãos e fiquei o olhando por um tempo; senti lágrimas queimarem meus olhos e pisquei algumas vezes para não deixa-las cair. 

- Eu não posso fazer isso - sussurrei e neguei com a cabeça.

- Ei - Will murmurou e beijou minhas bochechas, minha testa e voltou a me encarar - eu quero você Lucy.

- Sei - falei e desviei o olhar, porém, ele segurou meus queixo e me fez encara-lo. Eu não conseguiria falar com ele me olhando daquele jeito, simplesmente nada saía; pulei do seu colo e peguei minha blusa para me tapar. Will esticou o braço para tentar me alcançar, mas eu pulei para trás - por favor, vá embora.

Ele se sentou na beirada da cama e passou a mão nos cabelos, sinal que estava desconfortável ou ficando irritado. 

- É isso que quer? - perguntou, me encarando. 

- Eu não sei o que quero - falei, vestindo-me novamente - mas eu sei que não quero ser apenas um caso de sexo na sua vida, não novamente - me aproximei dele - se quiser dormir comigo, William, terá que se entregar de corpo e alma. Eu não o aceito mais apenas pela metade.

- Afinal, o que quer de mim Lucy? - perguntou, exasperado, erguendo-se em toda sua altura. 

- Eu o quero William, sabe disso - falei - mas quero que faça amor comigo.

- Eu nunca...

- Eu sei, sei que nunca fez amor com ninguém, mas eu quero que seja diferente comigo - reclamei - não quero ser apenas mais um transa casual e sem amarras. Enquanto não pode me dar isso, é melhor ficar longe de mim. 

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