- Sabe por que te amarrei? - ela perguntou suavemente.
- Para me atormentar? - perguntei, meu tom era rouco.
- Não, isso foi apenas um bônus - inclinou-se novamente - apenas para lhe mostrar que nem sempre você está no comando de tudo, capitão. Você tomou-me a garrafa, não mudou-se para a cabine ao lado e isso me deixou furiosa, então eu vou para a outra cabine agora.
- E por que me amarrou? - interroguei, agora furioso.
- Para que não me impedisse ou me seguisse, ora - falou como se eu fosse parvo e isso não fosse óbvio - e agora já me vou.
- O quê? - arregalei os olhos - Vai me deixar aqui, assim?
- Sim, é uma bela visão - seu sorriso era de puro êxtase e triunfo.
- Está prendendo minha circulação, tem que me libertar. Não pode me deixar assim o resto da noite.
- Tudo bem, seu chorão. Peço para que alguém venha desamarra-lo.
- E me vejam nessa situação? Acho que não. - agora minha voz tinha um tom ameaçador até para meus próprios ouvidos, dura como aço - Me solte, Luciana, ou irá se arrepender amargamente. Não sou o tipo de homem que alguém brinca assim e sai impune.
Por um momento seu rosto perdeu a cor e engoliu em seco; eu realmente não estava brincando, não gostava de ser taxado como trouxa e nem que me tratassem de tal modo, tão humilhante.
- Estamos em um navio, não tem como fugir - lembrei-a - solte-me ou na próxima vez em que abrir os olhos não estará amarrada em uma cama, mas na beirada de uma prancha.
- Você não teria coragem - sussurrou, toda sua vitalidade, força e valentia evaporando com algumas palavras ditas. Bufei e lhe proporcionei um sorriso sardônico.
- Com quem acha que está falando? Eu continuo o mesmo, o frio e calculista que você me rotulou desde o começo. Não me importa se lhe passei uma imagem diferente nesses últimos dias, nunca mudarei. Sou um pirata, que saqueia casas e seduz garotas ingênuas e eu gosto de ser assim.
- Você é um monstro - Lucy esbravejou, pulando da cama e fitando-me com um olhar de desprezo - gosta de ser assim? Atroz, sem coração, que apenas usa as pessoas e as ofende. Gosta de ser inalcançável? No final da sua vida será um maldito mulherengo, que agarra mocinhas à força, como o seu pai, e que se pergunta por que ninguém o ama.
- Não ouse falar do meu pai - gritei e ela afastou-se, seus olhos quase saindo das órbitas - e sim, gosto de ser assim. Aqui não é o seu lugar, deveria estar na sua vida dos sonhos, em sua grande casa e prestes a se casar com o mauricinho que a espera.
- Você não se importa nem um pouco? - perguntou em um fio de voz, quase inaudível. Ficamos em silêncio por um minuto, seus olhos voaram para mim.
- Não poderia me importar menos - disse com convicção, apesar de ser uma grande mentira. Não queria magoa-la realmente, mas eu tinha que afasta-la de mim, eu não era a pessoa certa para ela e Lucy era o tipo de mulher prejudicial à sanidade.
LUCIANA
Ele era um monstro. Um homem totalmente vazio por dentro, sem um pingo de emoção. William lembrava-me uma água-viva, fascinante por fora, atrativo como um ímã, mas quando o encostava, acabava sendo queimado por uma substância urticante. No caso dele era essa sua língua ferina, que não sabia o que era freios.
- Você sempre foi assim? Diz o que quer sem importar-se se irá magoar aos outros? - perguntei baixo, piscando várias vezes para afastar as lágrimas que enxiam meus olhos.
KAMU SEDANG MEMBACA
ღ Perigosa Atração
RomansaLuciana Hamilton, filha do poderoso duque de Westwick, era a favorita do papai e por isso sempre foi mantida presa na enorme casa da família ou vigiada de perto por inúmeros guardas-costas, longe dos olhares famintos dos homenzarrões da cidade. Poré...