Capítulo 41

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- Sabe por que te amarrei? - ela perguntou suavemente. 

- Para me atormentar? - perguntei, meu tom era rouco.

- Não, isso foi apenas um bônus - inclinou-se novamente - apenas para lhe mostrar que nem sempre você está no comando de tudo, capitão. Você tomou-me a garrafa, não mudou-se para a cabine ao lado e isso me deixou furiosa, então eu vou para a outra cabine agora. 

- E por que me amarrou? - interroguei, agora furioso.

 - Para que não me impedisse ou me seguisse, ora - falou como se eu fosse parvo e isso não fosse óbvio - e agora já me vou. 

- O quê? - arregalei os olhos - Vai me deixar aqui, assim?

- Sim, é uma bela visão - seu sorriso era de puro êxtase e triunfo. 

- Está prendendo minha circulação, tem que me libertar. Não pode me deixar assim o resto da noite.

- Tudo bem, seu chorão. Peço para que alguém venha desamarra-lo. 

- E me vejam nessa situação? Acho que não. - agora minha voz tinha um tom ameaçador até para meus próprios ouvidos, dura como aço - Me solte, Luciana, ou irá se arrepender amargamente. Não sou o tipo de homem que alguém brinca assim e sai impune.

Por um momento seu rosto perdeu a cor e engoliu em seco; eu realmente não estava brincando, não gostava de ser taxado como trouxa e nem que me tratassem de tal modo, tão humilhante. 

- Estamos em um navio, não tem como fugir - lembrei-a - solte-me ou na próxima vez em que abrir os olhos não estará amarrada em uma cama, mas na beirada de uma prancha.

 - Você não teria coragem - sussurrou, toda sua vitalidade, força e valentia evaporando com algumas palavras ditas. Bufei e lhe proporcionei um sorriso sardônico.

- Com quem acha que está falando? Eu continuo o mesmo, o frio e calculista que você me rotulou desde o começo. Não me importa se lhe passei uma imagem diferente nesses últimos dias, nunca mudarei. Sou um pirata, que saqueia casas e seduz garotas ingênuas e eu gosto de ser assim. 

- Você é um monstro - Lucy esbravejou, pulando da cama e fitando-me com um olhar de desprezo - gosta de ser assim? Atroz, sem coração, que apenas usa as pessoas e as ofende. Gosta de ser inalcançável? No final da sua vida será um maldito mulherengo, que agarra mocinhas à força, como o seu pai, e que se pergunta por que ninguém o ama. 

- Não ouse falar do meu pai - gritei e ela afastou-se, seus olhos quase saindo das órbitas - e sim, gosto de ser assim. Aqui não é o seu lugar, deveria estar na sua vida dos sonhos, em sua grande casa e prestes a se casar com o mauricinho que a espera. 

- Você não se importa nem um pouco? - perguntou em um fio de voz, quase inaudível. Ficamos em silêncio por um minuto, seus olhos voaram para mim. 

- Não poderia me importar menos - disse com convicção, apesar de ser uma grande mentira. Não queria magoa-la realmente, mas eu tinha que afasta-la de mim, eu não era a pessoa certa para ela e Lucy era o tipo de mulher prejudicial à sanidade. 

  LUCIANA

Ele era um monstro. Um homem totalmente vazio por dentro, sem um pingo de emoção. William lembrava-me uma água-viva, fascinante por fora, atrativo como um ímã, mas quando o encostava, acabava sendo queimado por uma substância urticante. No caso dele era essa sua língua ferina, que não sabia o que era freios.

- Você sempre foi assim? Diz o que quer sem importar-se se irá magoar aos outros? - perguntei baixo, piscando várias vezes para afastar as lágrimas que enxiam meus olhos. 

ღ Perigosa AtraçãoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang