Capítulo 36

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Era sábado à noite e eu estava mofando no sofá. Julian tinha me chamado para sair, mas preferi ficar em casa, ao invés disso falei para ele que Diana estava louca por permanecer trancafiada e, bem, ele não pareceu decepcionado em leva-la para jantar. Já haviam se passado quatro dias desde o dia em que o encontrei no meio do caminho para casa. Júlia havia saído com um rapaz que ela tinha conhecido na festa à fantasia, parecia ser de outro lugar e hoje estava na cidade. E sua mãe provavelmente estava deitada.

- Minha vida é uma droga - murmurei para a solidão do lar. Estava cochilando quando a campainha tocou, dei um pulo pelo susto e acabei caindo do sofá de bunda no chão - ai merda.

 Caminhei cambaleando até a porta e quando a abri, encontrei uma moça de cabelos loiros e olhos acastanhados, com um sorriso travesso nos lábios. 

- Anabela - exclamei com surpresa. 

- Oi, Lucy - ela jogou seus braços ao redor do meu pescoço em um abraço de urso - você não apareceu mais lá em casa, então vim lhe buscar. 

- Me buscar? - perguntei, ainda estava atônita. 

- Sim, estou sozinha em casa e pensei que poderíamos assistir um filme - tagarelava pelos cotovelos, como sempre - Mamãe saiu com uma amiga, Julian com sua irmã e William... - fez uma careta - com Nina. 

Engoli o nó que se formou em minha garganta quando ela disse isso, mas mantive minha expressão impassível. Nós não tínhamos mais nada e ele deixou bem claro isso. Ou fui eu? 

- Oh, por favor, vamos? - ela pestanejou formosamente e com certeza aquele era seu melhor sorriso. Maldição, como ela me lembrava seu maldito irmão mais velho. 

- Tudo bem - suspirei derrotada - apenas vou avisar e nós vamos.

- Você pode dormir lá em casa, ficará tarde e não é bom que volte sozinha - ótimo, minha situação acaba de piorar - não se preocupe, nenhum dos meus irmãos estarão lá - isso me tranquilizou um pouco e poupei meu latim para discutir, sabendo que de nada valeria; ela me atormentaria até que conseguisse o que queria. 

- Tudo bem - repeti, ela pulou e me abraçou novamente. Avisei a mãe de Júlia para onde estava indo, arrumei algumas coisas e nós marchamos até sua casa. 

- Então, vampiros ou fantasmas? - Ana questionou do chão entre alguns filmes, enquanto eu voltava para a sala com uma bacia de pipoca; mesmo que ali não fosse onde eu morava, Ana praticamente me obrigou a fazer a pipoca. 

- Fantasmas - falei, enfiando um bocado na boca - vampiros são bons, mas a maioria muito artificiais. Com uma mordida no pescoço, voa mil litros de sangue como uma torneira aberta. Então, opto pelos fantasmas, definitivamente.

- Então isso faz de nós duas - ela escolheu um e colocou no dvd - adoro filmes sobrenaturais, principalmente aqueles que tem uma mansão sinistra. 

Já havia transcorrido umas meia hora de filme e estava em uma cena de muito suspense; já havíamos comido toda a pipoca e estávamos encolhidas uma sobre a outra, Ana segurando a minha mão, tensas pelo momento do filme. Então a porta bate com tudo e gritamos e pulamos do sofá pelo susto. A luz se acende, cegando-nos, e William surge com um sorriso enviesado de tirar o fôlego. 

- O que está acontecendo aqui? - perguntou, sem preocupar-se em esconder a jocosidade na voz.

- Nos assustou, seu babaca - Ana gritou, jogando uma almofada nele, que a segurou antes que o atingisse. 

- Não fale assim, ainda sou seu irmão mais velho - ele disse e logo ficou sério, seus olhos presos em mim. 

- Olá, Lucy.

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