Capítulo 59

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- Atrapalho alguma coisa - desdém gotejava em cada palavra. Olhamos e Michael estava encostado no vão, os braços cruzados sobre o peito. 

- Sim, cai fora - William falou com os dentes cerrados. 

- Eu só vim para dizer que eu não cai naquela sua história - disse apontando para mim - eu terei a guarda dos meus filhos e você pode inventar quantas desculpas quiser. Farei teste de paternidade se for preciso.

- Faça, dará negativo de qualquer maneira - exclamei, aturdida e nervosa com toda aquela situação, aquela pressão sobre mim.

- Veremos - ele disse e eu soltei uma risada irônica. 

- Por que acha que eu me casei com você tão rápido? Por que acha que eu dormi com você uma vez? - revirei os olhos, cuspindo as palavras rapidamente - eu já estava grávida, Michael, os meninos não nasceram de oito meses.

- Sua vadia miserável - ele murmurou - parecia tão santinha, mas quem te vê que te compre - senti William ficando tenso ao meu lado, mas coloquei uma mão em seu braço para mante-lo no lugar. 

- E há mais uma coisa - continuei - sei que se casou comigo apenas por causa do meu dinheiro, mas o ducado não será seu quando papai morrer e sim de Max, que é meu primogênito. Conversei sobre isso com papai antes de me casar com você. A não ser que eu me casasse por amor, ai meu pai poderia deixar meu marido como o novo duque. 

- Sua maldita - ele avançou para mim, mas Will foi mais rápido e o segurou pelo colarinho. 

- Aproxime-se e eu terei que fazer coisas que eu não quero - William murmurou raivosamente - ou talvez eu queira. 

- Me solte - Michael reclamou e se afastou - e quem é o homem, pai dos gêmeos, que você dormiu por vontade própria? - ele perguntou com um sorriso sardônico - se é que você sabe. 

Meu primeiro instinto foi ignora-lo e sair daquele quarto, deixando aquela conversa e tudo para trás. Porém, eu não queria dar a Michael satisfação alguma e queria tirar aquele sorriso irônico do seu rosto. 

- Ele - apontei para William e ambos os homens me encararam.

Eu odiava ser o centro das atenções e os olhares no cômodo caía sobre mim como se eu estivesse sob um holofote. Michael estava com uma expressão incrédula, seu queixo ligeiramente caído, enquanto o rosto de William era uma máscara, eu não conseguia decifrar como ele se sentia. Eu estava ficando impacientada com aquela situação constrangedora.

- O quê? - a voz de Michael saiu estridente - você dormiu com esse... - ele mirou Will, desgostado, porém o homem loiro continuava me encarando e eu almejei que ocorresse uma sublimação comigo. 

- Não - falei ironicamente, já irritada com aquilo tudo - nós passamos nossos fluídos por osmose.

 - Por quê? - perguntou ignorando minha ironia.

- Não é da sua maldita conta - William murmurou, sem desviar seu olhar do meu. 

Outro silêncio sepulcral pairou entre nós. Grunhindo, passei por eles e entrei no meu quarto, batendo a porta atrás de mim. Oh, merda, merda, merda. A vida poderia ser um pouco menos complicada para mim? Um barulho surdo soou na porta, antes que William irrompesse por ela. Seus grandes olhos azuis estavam mascarados com fúria e algo mais que não consegui identificar. 

- Por que não me disse? - ele perguntou entredentes, visivelmente tentando manter-se calmo e falhando terrivelmente. 

- E faria alguma diferença? - perguntei baixo. 

- Que raios de pergunta é essa? É claro que faria - ele disse em frustração - eu não gostei de saber que tenho dois filhos em meio a uma discussão entre você e aquele mauricinho. 

ღ Perigosa AtraçãoWhere stories live. Discover now