Epílogo

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No dia em que ele voltou, sua batida na porta foi extremamente fraca. Jin estava tremendo e parecia três vezes mais magro do que antes. Eu segurei seu corpo, ele parecia prestes a desmaiar, como um passarinho que caiu do ninho e ficou sem mãe. Levei ele até o banheiro, tirei sua roupa e lhe ajudei a tomar banho, observando todas as cicatrizes de seu corpo e suas costelas expostas.

Depois disso, guiei seu corpo até minha cama, Jin se encolheu no meio dela, como se estivesse preso em seu próprio casulo.

Durante todo esse processo, ele não disse uma palavra sequer.

Jin havia ido embora há seis meses atrás, e mesmo que ninguém tivesse nenhuma notícia sobre ele, eu mantive viva a esperança de que ele voltaria pra casa, afinal, era aqui que estavam todas as coisas que ele amava. Seu silêncio me deixava na dúvida se eu deveria dizer algo ou não, apesar de estar imensamente feliz, eu me mantive apenas o observando.

Quando escureceu, ele já havia dormido, em sua posição fetal, como se estivesse se protegendo de todo o mal do mundo. Eu não sabia se devia avisar a alguém que Jin estava dormindo na minha cama naquele exato momento, não sei se Jin estava pronto pra encarar alguém, então o escondi até que ele mesmo me dissesse que estava tudo bem avisar sobre sua volta.

Deitei pra dormir por volta das onze da noite, ele ainda não havia acordado por nenhum segundo sequer, eu sabia daquilo porque estive o observando dormir por todo aquele tempo. Tive medo de tocá-lo e acabar atrapalhando seu sono, então fiquei à uma distância segura. Na verdade, eu parecia ainda não acreditar naquilo, eu não conseguia acreditar que Jin estava de volta, eu sonhei com aquilo por tantas noites, mas agora era real, finalmente.

Por volta das duas da manhã, acordei assustado, eu pensei que tudo aquilo fosse um sonho, que Jin não havia realmente voltado, e quando olhei pro lado, não havia ninguém lá. Me desesperei, levantei e sai do quarto. Meu coração estava acelerado, mas então eu o vi andando de um lado pro outro da casa.

– Jin. – Meu chamado o assustou. – Precisa de algo?

– Não. – Era tão bom ouvir sua voz, mas ela estava rouca, quase inaudível. – Eu só... não tem ninguém com você aqui?

– Minha mãe foi passar uns dias com a minha tia. – Expliquei.

– Além dela...

– Não.

– Tem certeza? – Me senti confuso.

– O que foi, Jin?

– É que... – Jin abraçou seu próprio corpo, ele parecia não conseguir completar a frase, seus olhos estavam se enchendo de lágrimas. – Eu te disse pra arrumar outra pessoa, mas eu fiquei com medo de que tivesse mesmo feito isso, por isso eu não voltei antes, eu estava com medo de ter que te ver com alguém, isso... me machucaria muito. Desculpe, Namjoon.

Me aproximei rapidamente, abraçando Jin o mais forte que podia, até ouvir um gemido baixinho de dor, então eu finalmente chorei, porque Jin estava de volta e suas palavras significavam que ele ainda sentia algo por mim, da mesma forma que eu sentia por ele.

– Eu senti tanto sua falta, hyung. Eu sonhava com você quase todas as noites, eu sonhei com esse dia várias vezes, eu ainda não posso acreditar que você realmente tá aqui.

– Eu também senti sua falta, eu senti falta de todo mundo. Eu sinto muito. – Senti as lágrimas dele molharem meu pescoço.

Enquanto Jin soluçava sem parar, afastei nossos corpos e o beijei várias e várias vezes, por todo o seu rosto, porque eu precisava ter certeza de que ele realmente estava ao meu alcance novamente, que todos aqueles dias de tormento haviam finalmente acabado. Quanto mais eu o beijava, mais Jin chorava, então ele se abaixou, encolhendo seu corpo e cobrindo seu rosto.

Manual de como (não) se suicidarWhere stories live. Discover now