Se você não quer, tem quem queira

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"Nós somos capazes de nos acostumar com muitas coisas nessa vida, nos acostumamos a ficar sozinhos, ficar tristes, sofrer calados. Achamos que está tudo bem ser como somos e estar como estamos, ficamos cansados só de pensar em tentar mudar as coisas, por mais que elas estejam ruins.

Nos poupamos do trabalho de nos arriscar novamente, de dar nossa cara a tapa, de tentar. Temos medo de sofrer mais ainda, de fraquejar, de desistir, de nos magoar e abrir feridas que serão difíceis de sarar. Temos medo de acabar machucando outras pessoas também. Nos acostumados por sermos imensamente medrosos, temos medo até de nós mesmos.

Esse foi Min Seung. E esse é o Manual de como se suicidar. Até chegar ao final, um de nós dois não estará mais vivo. "

Olha, eu preciso atualizar vocês em relação aos últimos acontecimentos que tivemos por aqui, o que acontece é que, neste exato momento, minha casa virou oficialmente um cabaré, afinal, esses putos que se dizem meus amigos acham que podem vir aqui quando bem entenderem.

Estamos jogando baralho (é assim que se fala?) e eu sou péssimo nesse negócio, já perdi uma seis vezes pro Hoseok, chega, cansei de ser um fracassado em tudo. Se Jungkook e Taehyung não se importam com isso, eu me importo. Só queria ficar aqui de boa e tirar meu soninho, mas esses dois sem teto não podem permitir isso.

Vez ou outra, eu encarava Taehyung, bem, eu acho que as coisas já estão mais ou menos resolvidas entre nós. Não tocamos mais no assunto e Hoseok disse que ele sabia que eu gostava do Namjoon, deve ter sido a vingança dele. De qualquer forma, eu gosto da amizade do Tae e não queria mesmo que a gente se afastasse.

Ele só começou a gostar de mim porque, depois da sua melhor amiga, eu fui a primeira pessoa que o entendeu e respeitou e acho que isso foi muito importante. Mas eu espero que ele perceba que existem algumas pessoas que podem entendê-lo e ajudá-lo ainda mais – cof cof Jung Hoseok cof cof – e, portanto, não posso ficar de mal com alguém que vai ser da minha família depois.

Suspirei e voltei a chutar a perna de Jungkook, só porque eu adorava provocar aquele babaca mais do que tudo. Ele me chutou de volta com sua perna boa e eu empurrei seu ombro com força, fazendo ele virar pro lado e puxar a manga da minha camisa, me fazendo quase cair por cima dele, então, eu agarrei seu pescoço.

– Jin? – Olhei pra porta e me assustei com minha mãe, me afastando de Jungkook rapidamente. – Trate os seus amigos bem, por favor.

– Ele que começou, eu juro! – Apontei pro Jeon.

– Que mentira! Você me chutou primeiro! – Eu vou te bater, garoto.

– Ok, ok, vocês não são mais crianças. – Ela suspirou. – Só vim dizer que temos mais uma visita. – Ué? Mas o quê? Olhei pro Jungkook, mas vi um sorrisinho bobo surgir no rosto dele e entendi na mesma hora o que significava.

Bati no braço de Hoseok e apontei pra porta. Nossa mãe se afastou e empurrou o garoto tímido para o interior do quarto. Ele mal conseguia se mover, seu nervosismo era evidente demais e suas mãos estavam apertando as pontas das mangas longas de seu moletom.

– Jiminnie! – Quase fiquei surdo com o grito desse retardado do Jungkook. – Vem aqui!

– Jungkook, pare de gritar. – Jimin ralhou baixinho, se curvando pra minha mãe e depois caminhando até onde nós estávamos, sentando ao lado do Jeon e acenando pro Hoseok. – Oi, pessoal.

– Oi, filhote loiro. – Cumprimentei.

– Oi, Jimin! Que bom que veio. – Taehyung sorriu pra ele.

– Obrigado por me convidarem. – Mas eu nem te convidei.

– Você pode se sentir sempre convidado. – Jungkook abraçou Jimin e deixou um beijo em sua bochecha, me deixando com nojo.

Manual de como (não) se suicidarWhere stories live. Discover now