O beijo negado

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"Já se sentiram traídos por alguém? Já sentiram uma imensa raiva de alguém que acharam nunca serem capazes de sentir? Já deixaram de se reconhecer em um momento de ódio? Talvez isso seja normal do ser humano, não sei ao certo. Na realidade, não sei quase nada sobre humanos, talvez não me interesse saber. O que eu realmente gostaria de saber, seria como controlar a minha raiva e, mais do que isso, a raiva que as pessoas que eu mais amava sentiam de mim, pois aquilo doía mais que tudo, e, certamente, nunca vou saber como evitar isso. Eu não vou ter de volta as tão poucas pessoas que eu amo?

Esse foi Min Seung. E esse é o Manual de como se suicidar. Até chegar ao final, um de nós dois não estará mais vivo. "

Senti Hoseok bater no meu braço pela milésima vez e me senti aborrecido, vontade de enfiar esse moleque num saco e chacoalhar pra ver se ele para de nervosismo besta. Como já era de se esperar, meu irmão só queria que eu repetisse pela trocentésima vez que ele estava lindo, sim. Lindo, bonito, maravilhoso, estonteante, um anjo.

"Você sabe que isso não é um encontro com o Taehyung, né? Vão ter mais quatro pessoas lá. "

"Eu sei, hyung! Mas é a primeira vez que vamos sair juntos à noite. "

"Então, vê se aquieta essa tua bunda aí e vamos logo. "

Saí do quarto, sendo seguido por Hoseok, que não parava de arrumar a maldita manga de sua camisa. Imagine quando ele visse o Taehyung, nossa, ia achar que tava num encontro mesmo. Chegamos até a sala e eu procurei a chave do carro antes que os pais de Hoseok pudessem se aproximar. Olha, eu não tô roubando o carro, tá? A mamãe emprestou o carro dela, porque eu convenci ela de que seria muito cheiro de puberdade se ela fosse nos deixar. Tinha outro motivo pra eu querer sair antes, mas foi em vão.

– Jin, espera aí! – Ouvi a voz da mamãe e puxei o ombro de Hoseok.

"Nós estamos indo, mãe. " Disse meu irmão, de forma simples, abraçando sua mãe.

"Tome cuidado, não fale com estranhos, não saia de perto do seu irmão, se precisar de algo, ligue imediatamente pra mim ou seu pai, entendeu? "

– Mãe. – Não consegui me segurar. – Ele tem dezenove anos, pare de tratá-lo assim. Hoseok é surdo, não retardado.

– Jin! – Ralhou o pai de Hoseok.

– Não, o Jin tem razão. – Mamãe suspirou. – Eu continuo achando que o Hobi é meu bebê, mas agora ele já é homem adulto, certo? – Ela gesticulou enquanto falava e meu irmão mantinha um sorriso de satisfação no rosto.

Depois de toda a cena dos pais de Hoseok o tratando como se ele tivesse cinco anos, finalmente nós conseguimos sair da casa e entrar no carro. Enquanto eu dirigia, meu irmão não parava de olhar pela janela e sorrir, eu sabia que ele estava pensando no momento em que se encontraria com Taehyung e aquilo não me deixava tão feliz assim.

Eu teria que ser muito idiota pra não notar que Taehyung não correspondia os sentimentos de Hoseok da mesma forma. Na verdade, o que mais me atormentava era ele parecer mais interessado em outra pessoa, também conhecido como o irmão mais velho do meu melhor amigo. Vou confessar, tenho medo de que meu irmão acabe saindo machucado de tudo isso, afinal, ele continua alimentando sentimentos pelo Tae.

Chegamos em frente à lanchonete onde havíamos combinado de se encontrar com os outros e eu estacionei o carro. Entramos e procuramos uma mesa onde tivesse algum rosto conhecido, não demorou muito pra que eu avistasse Jungkook acenando pra nós, Jimin acompanhou seu movimento, sorrindo. Me aproximei com Hoseok e observei Namjoon sentado de costas pra direção de onde nós estávamos vindo, meu coração acelerou, mas, acreditem, ele acelerou mais ainda quando eu vi quem estava sentado ao lado dele.

Manual de como (não) se suicidarWhere stories live. Discover now