Chapter XIII

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Três anos atrás



— Obrigada por ter tratado ela bem — me sentei no sofá a olhando.

— Não tenho porquê destrata-la — me olhou — não ache que sua mãe vai te odiar por você ser quem você é, eu te amo demais pra sentir ódio de você por sua sexualidade.

Senti lágrimas se formando em meus olhos então encarei o chão.

— Mas sua religião me odeia — minha voz começou a vacilar.

— Não odeia porque Jesus é amor em primeiro lugar — ela se sentou ao meu lado — e se eu tiver que mudar de igreja por você, eu mudo.

A abracei forte e comecei a chorar, escutei alguém descendo as escadas, olhei e vi meu pai emocionado que não pensou duas vezes em vir me abraçar.

Sei que mesmo com tudo que disseram seria difícil pra eles lidarem com a situação. Minha mãe sempre sonhou em ter vários netos, meu pai sempre dizia com orgulho que iria dar uma dura no meu primeiro namorado e eu tirei tudo isso deles, mas não intencionalmente, não tenho culpa de ser quem sou e amar quem amo.

Quando uma pessoa LGBT se assume ela precisa de todo amor que puder receber pois julgamento, infelizmente, ela terá até o fim de sua vida.

Sou grata por ter recebido esse amor e apoio dos meus pais. Fico triste em saber que muitos não tem isso em casa.

— Me desculpa pro fazer vocês passarem por isso — senti o abraço apertar.

— Filha, nós não entendemos muito mas por você a gente vai tentar — meu pai disse depois de beijar o topo da minha cabeça.

Minha mãe se separou do abraço e limpou as lágrimas

— Você tem que trazer sua namorada pra jantar com a gente, pra conhecermos ela melhor — sorri.

— Chamo sim — retribuo o sorriso — mas vocês tem que prometer que fora de casa vão fingir que ela não é minha namorada, os pais dela não aceitam.

— Prometemos — disseram juntos.

Fiquei sentada entre eles assistindo um filme qualquer que estava passando. Não poderia estar mais feliz na vida, estava tudo bem. Eu tinha uma namorada incrível, meus pais me aceitavam e minhas notas estavam melhorando.

Com isso eu vi o quão necessário era se aceitar porque antes eu não estava bem comigo mesma, não era totalmente feliz e fingia ser quem não era por medo. Medo. Um dos piores sentimentos e o que eu mais vivi durante toda minha vida. Medo de decepcionar meus pais, medo de ser zoada pelos meus amigos, medo de Deus me castigar por amar uma garota, medo de me relacionar com garotas e medo de não satisfazê-las quando chegasse a hora. Felizmente isso havia passado e eu estava tendo experimentando a verdadeira alegria.

Acordei no sofá sentindo saudades de quando meu pai me carregava pra cama, desliguei o despertador do celular vendo que estava atrasada pra aula. Eu cogitei faltar mais uma vez mas eu já tinha faltado ontem então não era bom ficar acumulando faltas.

Subi e vesti aquele uniforme broxante da escola já que não dava tempo pra tomar banho e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo, me senti mal em pensar que estava indo sem tomar banho depois de ter ido pra uma festa mas era melhor ir suja do que não ir e perder aula.

Desci correndo e peguei o dinheiro do lanche que minha mãe deixava encima da mesa, sorri pra ela que estava fazendo o café.

— Tô indo mãe, te amo — beijei sua bochecha.

— Também te amo, vê se não apronta.

Corri pra casa da Bruna que estava sentada na calçada me esperando.

The One That Got AwayWhere stories live. Discover now