Chapter XXV

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Ela não diz nada apenas vai até sua bolsa e até a mala que trouxe com lágrimas escorrendo por suas bochechas, sai do quarto sem dizer nada e eu me jogo na cama olhando pro teto percebendo o quão idiota foi a minha ideia de tomar ela pra mim. Porra, nem por um segundo eu pensei que no final da viagem seria cada uma para um canto porque tínhamos seguido caminhos diferentes e feito compromissos nesse caminho.

Sim, sei que fui egoísta por pedir para ela voltar comigo sem levar em consideração sua faculdade e sua família mas em momento nenhum a diminuí dizendo para se adequar a uma nova vida em São Paulo comigo.

Bufo e me levanto da cama me dirigindo para o elevador com o plano de encher a cara no bar do hotel. Chegando lá peço diversos copos de whiskey puro e viro sentindo queimar ao descer pela minha garganta, preciso de socorro antes que eu faça alguma merda. Pego o celular e ligo para a rainha da sensatez vulgo Catarina que depois de três toques atende.

— E aí Cams — diz animada — como está a viagem? Está bem?

— Não — digo com a voz vacilando — eu terminei com a Júlia.

Começo a chorar então abaixo a minha cabeça apoiando a mesma no bar segurando firme o copo que estava em minha mão.

— Você o que? — diz surpresa — por quê?

— Porque eu tenho que voltar pra São Paulo e não tenho como manter um relacionamento a distância com ela — ela suspira.

— Meu anjo, você devia ter pensado nisso antes — fungo com o nariz — a vida de vocês agora é outra e cada uma faz algo que não podem deixar pra lá.

— Obrigada por dizer o óbvio.

— O que quer que eu diga Cams? — levanto a cabeça secando as lágrimas em minha bochecha e viro a bebida — você quer que eu fale pra você jogar tudo pro alto e ir viver ai? Pois bem, faça isso mas não se esqueça que você tem uma amiga grávida que precisa muito de você.

Ela desliga na minha cara sem me dar a chance de dizer nada. Reviro os olhos e peço mais uma rodada pois se dor de amor não mata vou tentar morrer pela cirrose mesmo.

Quando me dou conta já é 18hrs e eu passei a tarde toda bebendo, cambaleando caminho até o elevador e me apoio na parede esperando que chegue no térreo, ao entrar me sento no chão e começo a pensar que novamente perdi o amor da minha vida tendo que lugar contra as lágrimas que se formavam em meus olhos. Entro no quarto e coloco meu celular para carregar, mesmo com a tela bloqueada vejo que havia recebido alguma mensagem e assim que coloco minha digital abre a galeria bem na foto que havia tirado com a Júlia. Nesse momento jogo fora todo e qualquer orgulho que tinha dentro de mim, me deito no chão e choro, choro de doer a garganta.

Escuto a porta ser aberta e vejo Júlia chorando, cambaleio até ela e a abraço com força distribuindo beijos na sua bochecha.

— Me diz que você é real e que realmente está aqui — falo baixo perto de sua orelha.

— Estou sim meu amor — sinto me apertar mais.

Faço carinho em seu cabelo e saio do abraço para fechar a porta, me apoio nela para ir até a cama.

— Você está podre de bêbada — ela diz com nojo.

— Isso é o que acontece quando percebo que vou te perder — ela enxuga as lágrimas — o que houve? Por que está chorando?

— Meu pai me bateu por ter terminado com o Henrique mesmo comigo dizendo que ele me deu um tapa — ela volta a chorar e eu a abraço com força puxando pra cama — você estava certa Camille, eu vivo uma vida que escolheram pra mim não uma que eu goste e me orgulhe dela.

The One That Got AwayWhere stories live. Discover now