I24I - Arrogância

8.2K 1K 394
                                    


- Esconder? – Perguntei de forma imediata. Do que ele estava falando, não tinha o Lobo me trancafiado nesse lugar para me punir?!

O homem riu. – Como se isso fosse o suficiente. O que nosso Mestre estava pensando a deixar uma ovelhinha tão graciosa sozinha nesse cercado? – Disse, sua dissimulação só não era maior que sua altura, podia ter dois metros ou mais.

Quanto tempo eu havia dormido? Não parecia ser muito, mas de novo eu estava presa no completo escuro impossibilitada de sentir a passagem do tempo. Tochas fracamente iluminavam o corredor e o contorno dos dois homens. Não havia espaço para fugir com ele e seu companheiro ocupando toda a passagem.

- E disseram que você foi a responsável por surrar Ângela. – O homem prosseguiu, dando dois passos para dentro da sela. – Deveríamos mesmo acreditar nisso? – Perguntou, olhando de relance para seu companheiro que sorriu mostrando dentes alvos.

- Acredite no que quiser. – Falei. Eu não sabia o que eles pretendiam, mas podia sentir que suas intenções não eram das melhores. – Quem são vocês? Subordinados insatisfeitos do Lobo? – Propus com falsa arrogância. Talvez fossem mandados de Ângela, mas ela era orgulhosa o suficiente para me finalizar com suas próprias mãos e não mandar capangas.

- Insatisfeitos? – Ele repetiu, fingindo parar para pensar. – Não, essa não é a palavra correta. O garoto nos deixa desocupados e em troca nós o obedecemos na medida que os mais selvagens do nosso clã conseguem. 'Não ataquem os humanos das vilas', 'Não invadam o território de outros Mestres', 'Não se alimentem de humanos'. É um bom acordo, não acha? – Perguntou, agachando-se a minha frente.

- Sim. – Falei na defensiva, lembrando-me das palavras de Kohina: Mesmo um Mestre como você não pode reinar em absoluto sobre os Selvagens. Eles esquecem muito mais rápido do que aprendem, principalmente a seus jovens Mestres.

- Errada! – Ele gritou. – Não somos cães para ficarmos sentados, somos lobos. Somos selvagens. Se queremos uma coisa, nós a tomamos, dilaceramos e no fim comemos até que nossa besta interna esteja saciada. – Disse.

- E o que vocês querem no momento? – Perguntei, segurando a respiração. O homem me encarou, apesar da fraca iluminação pude ver quando seus olhos mudaram de um profundo preto para um castanho luminoso.

Instintivamente virei meu rosto, evitando olha-lo. Podia estar certa sobre como a magia funcionava de diferentes formas em cada Lican, mas aquele não era nem o momento e nem a hora mais propicia para testar minha teoria.

- Não é obvio? Restaurar o equilíbrio das coisas. Humanos são caça, não semelhantes. – Respondeu, jogando sua mão em direção ao meu pescoço sem nenhum aviso. Me esquivei a tempo de evita-la, mas não o suficiente para impedi-lo de segurar meu cabelo.

- Que gracinha, pensando que poderia escapar. – Falou, me puxando consigo até que estivéssemos de pé.

- Solte-me! – Gritei, tentando me livrar de sua mão, em contrapartida ele puxou meu cabelo com mais força, até que minhas costas se chocassem contra seu corpo musculoso.

- Foi assim que derrotou Ângela?! Debatendo-se como uma galinha sem cabeça? Ou você implorou por ajuda? Uma criatura tão patética como você nunca conseguiria fazer nada sem ajuda, então me diga a verdade humana. – Exigiu.

Tentei pensar, tentei imaginar se mentir o satisfaria ou pelo contrario só agravaria minha situação. Se eles não achavam que eu tinha sido capaz de derrotar a toda poderosa Ângela que fossem ao inferno com isso! Então eu me lembrei, lembrei do que estava amarrado na cintura daquele homem.

VermelhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora