O Acordo Perfeito (Em Revisão)

Capítulo 40

O homem a minha frente me encarava de forma carrancuda. Foram poucas as vezes que encontrei com Harrison quando eu e Ben estávamos juntos, porém ele nunca fez questão de esconder a falta de simpatia que sentia por mim. E a forma como ele me encarava agora só confirmava isso. Harris me ligou hoje e falou que precisa encontrar comigo, então me mandou o endereço de um café não muito longe de onde eu morava. Quando cheguei ele já havia pedido um café pra mim. 

-bom, acho que você sabe que eu estou aqui pra falar sobre Benett- disse ele com pose de advogado fodão. Pelo que pude notar ele tinha a mesma mania que Mary, a maldita sobrancelha julgadora, sempre analisando tudo.

-suspeitava que seria isso- dei meu melhor sorriso amarelo. Me ajeitei na cadeira e o encarei esperando que ele falasse-então  o que quer comigo em uma manhã de domingo tão cedo?

-quero pedir pra você conversar com Ben-disse ele antes de levar a xícara a boca.

-foi ele que te mandou aqui?- perguntei de cenho franzido. Quando na verdade meu interior se revirou de expectativa.

-na verdade venho em meu próprio nome- disse ele- não suporto mais ver meu amigo se afundar cada dia mais no poço que você o jogou.

Aquilo me irritou. Ele tinha a coragem de me ligar tão cedo pra me insultar e defender seu amigo. Como se eu fosse a única culpada na história toda.

-não fale como se você soubesse de alguma coisa, Harrison- falei irritada- não haja como se eu fosse a única culpada.

Ele se endireitou na cadeira e me analisou assim como deve fazer no tribunal. Seu ar de julgamento fez uma onda maior de irritação correr por meu corpo. 

-oque eu vejo, Evelyn , é o lado da história pela qual eu faço parte- ele levantou uma sobrancelha e me encarou serio- Benett não come bem a dias, faz mais de uma semana que não pisa no escritório, se você parasse de ignora-lo iria perceber que perdeu peso, ele bebê todo dia e paga seu porteiro pra não deixa-los entrar e bater na sua porta. Tem noção de como isso é patético?

As palavras de Harrison me atingiram como um soco. No último mês tudo que eu tinha feito era enfiar minha cabeça no trabalho e me dedicar a fugir de qualquer tipo de contato com Ben. Nas reuniões as segundas eu procurava manter a cabeça baixa e assim que terminava eu saia da sala de conferência como um furacão. Eu reparei na falta dele na última reunião, mais não levei tão a sério. Ele estava mal também e por mais que uma parte de mim esteja preocupada com ele a outra, a parte malvada e egoísta, se sente vitoriosa por ele estar tão mal quanto eu.

Harris me analisou por um tempo enquanto eu mantinha meus olhos na xícara de café a minha frente. Eu não estava tão melhor que Benett, a diferença é que concentrava minha frustração em exercícios físicos e muito chocolate e filmes tristes pra poder ter um motivo pra chorar. 

-eu precisava de um tempo pra pensar, pra resolver as coisas-falei sem levantar os olhos pra ele.

-ja faz mais de um mês, Eve, pelo amor de Deus- Harrison passou a mão pelos cabelos bem arrumados.

Como se eu não soubesse daquilo, como se eu não tivesse passado a droga do último mês observando ele de longe, ou parada em frente à casa dele tentando criar coragem pra reparar a burrada que eu fiz. Mas o medo de ser rejeitada era tão grande que eu sempre acabava indo embora. Eu não podia julga-lo por me odiar.

- se ele souber que me entrometi nessa merda de vocês vai arrancar minhas bolas, mais eu não suporto mais ver ele se afogando em autopiedade. Ele passa o dia ouvindo música românticas ruins e passando mal pela ressaca.

-olha Harrison, você é um bom amigo por ter vindo falar comigo- lhe ofereci um sorriso simpático- acontece que eu não sei por onde começar a consertar as coisas. E é bem mais difícil do que parece.