capítulo 30

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Durante a cerimônia não houve um só momento que Corine não chorou. Desde a hora que a noiva entrou seus olhos marejaram e deixaram evidente o orgulho que ela sentia pelo filho do meio. E quando a recepção começou seu orgulho foi transferido pra mim, a namorada do filho mais velho. Fui apresentada pra tantas pessoas que meu rosto doia de tanto tempo que mantive o sorriso no rosto. A matriarca Green me exibiu orgulhosa como se seu filho estivesse namorando a futura rainha da Inglaterra, mais mal sabe ela que eu não era à nora troféu, era apenas uma impostora que estava enganando toda a sua família por uma indicação ao promoção e um aumento de salário. Eu iria arder por isso, mas não significava que não me sentia culpada em ficar ali, sorrindo e a ouvindo falar que tinha certeza que o próximo casamento seria o meu e o de Benett. Por que, segundo ela, seu filho mais velho tinha finalmente encontrado uma moça honrada e de valor. Francamente, eu me sentia tudo menos honrada.
Em algum momento da festa Benett conseguiu me arrastar pra longe de sua mãe e a gente transou em um banheiro no térreo da casa e outra vez dentro do que eu acho que era um armário de vassouras. Quando voltamos pra festa Carol já estava quase jogando o buque, na qual Benett me obrigou a ir pegar.
-vai la- disse ele sorrindo - vai deixar minha mãe feliz se você for.
Sabe aquelas jogadas traiçoeiras do destino? Aquelas que acontecem pra você ficar mal mesmo? Pois é, foi isso que aconteceu comigo. Por que nada na minha vida dura muito tempo, pelo menos não as coisas boas. Assim que cheguei Onde as outras mulheres estavam esperando que a noiva jogasse o buque todas contaram até três e ele vôo direto pra meu braços, como algum tipo bizarro de ímã. Eu nem ao menos estiquei os braços e ele me atingiu em cheio.
Carol se virou com um sorriso que ficou ainda maior quando viu que era eu a segurar as flores. De longe puder ver os olhos de Corine brilharem de esperança quando me viu com as flores nas mãos. E aquilo foi demais pra minha consciência suportar. De repente o enorme salão começou a parecer pequeno e cheio de mais. Com vozes de mais e me senti sufocada. Eu inspirava e espirava, mais o ar parecia não chegar mais ao meu pulmão. Só percebi que estava tentando um ataque de pânico quando minha visão ficou turva de repente.
Senti um braço forte me segurar e me puxar do meio do salão. Eu não consegui me concentrar em sua silhueta pra saber quem era, estava mais preocupada em fazer o ar chegar aos meus pulmões.
-respire devagar -disse uma voz rouca que eu conhecia bem. Suas mãos seguraram meu rosto e me fizeram encarar sua íris azul -olhe pra mim Eve, fique calma e tente respirar com calma, sem pressa.
Me acalmei aos poucos, mais sem nunca tirar meus olhos dos seus. Como ele havia percebido? Quando o deixei ele estava quase do outro lado da sala conversando com algumas pessoas.
-eu vi o jeito que minha mãe te olhou e logo depois você começou a hiperventilar- disse ele parecendo ler minha mente- então corri até você. Acho que foi um ataque de pânico.
-eu não suporto mais isso- sussurei
-isso o que?
-você sabe Benett, fica ar mentindo pra seus pais e toda sua família, essas pessoas, que somos um casal perfeito quando na verdade nem somos um casal de verdade. -falei
-la vem você com isso mais uma vez. - Benett passou as mãos pelo cabelo, como sempre faz quando fica nervoso- sempre faz questão de jogar na minha cara que não somos um casal, mais que merda.
-e não é a verdade? -indaguei
-não, não é - respondeu ele perdendo a paciência - dividimos a cama por duas semanas, vivemos e fizemos coisas de casal por duas semanas.
-isso não significa nada.-gritei- a gente transou, e daí?
Benett me lançou um olhar feriado. Como se eu tivesse acabado de dar um chute bem no meio de suas bolas.
-é bom saber que pra você não significou nada. Principalmente quando acho que estou apaixonado por você. - eu o olhei chocada e isso só piorou tudo- pois é Mantovani, me apaixonei mesmo com você me lembrando todo mísero instante que só tinha vindo comigo por que tínhamos um acordo. Em pensar que eu cheguei a achar que talvez você sentisse o mesmo e apenas escondesse melhor que eu.
Pisquei algumas vezes e tentei achar uma explicação racional. Talvez ele tivesse bebido de mais, apesar que eu não sentia cheio algum além de mentalidade vindo de seu hálito, ou talvez eu estivesse com um tipo de tumor cerebral que provoca alucinações. Por que não havia nenhum motivo que me fizesse acreditar que Benett Green estivesse apaixonado por mim.
Eu não sabia o que dizer, não sabia o que fazer. Aquelas palavras tinham fritado meus neurônios. Então fiz a única coisa que eu consegui pensar, fugi. Corri para meu quarto sem me virar pra trás. Eu só queria pegar minha mala e o primeiro vôo pra casa, pra longe daquela confusão que Benett me deixou. Não costumo ser covarde e fugir das coisas assim, mais aquilo era de mais pra mim suportar.

***
Assim que coloquei os pés em New York meu coração pesou ainda mais do que já estava dentro do avião. Eu fui uma covarde, sabia disso, mais mesmo assim eu tinha esperança de que tudo volta - se ao normal quando isso acaba - se. Me preparei durante todo esse tempo pra que assim que estivéssemos em casa Benett volta - se a ser desprezível como sempre. Então ele muda o jogo dizendoque se apaixonou por mim, ninguém pode me culpar por isso.
Assim que cheguei em casa joguei minha mala em um canto do quarto e me deixei chorar. Por não saber que merda eu estava sentindo, por ter tido a brilhante idéia de ir embora sem me despedir de ninguém quando todos meus receberam tão bem, e principalmente por saber que terei que olhar todos os dias pra ele e me lembrar da minha covardia.


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O Acordo Perfeito (Em Revisão)Where stories live. Discover now