LII - Eu odeio os domingos

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Lúcifer foi se tornando uma mancha vermelha entre as nuvens enquanto eu, involuntariamente, ia de encontro a ponte cartão postal de São Francisco.
Durante a queda, eu tentava tomar controle sob meu corpo que descia desgovernado e a toda velocidade para a Golden Gate. Tentei embainhar Mortalha enquanto caía – o que foi uma ideia muito imbecíl – mas a espada cortou minhas costas umas duas vezes antes de entrar na bainha. Eu estava quase conseguindo me controlar quando BUUM! Atingi pilhas de concreto e alguns carros dividindo a ponte em duas partes e caindo no mar. Saí da água na mesma velocidade que entrei. Lúcifer sorria com sarcasmo enquanto me esperava com a espada de aço negro nas mãos. Ele estava pronto para atacar e então eu sorri e puff, eu sumi em plena vista dele. Se ele ficou surpreso eu não quis descobrir. Reapareci nas costas dele cravando Mortalha no meio das suas costas. Ele urrou de dor e tentou desprender Mortalha dele. Ajudei meu queridíssimo irmão mais velho da seguinte forma: girei Mortalha no eixo do corte que tinha feito e apoiei meu pé em suas costas puxando a espada chutando Lúcifer.
Ele ficou bravo, se virou e desferindo um golpe com a lâmina de aço negro, mas felizmente eu estava de armadura. Se não, já estaria morto. Começamos a trocar golpes novamente. Desferi um golpe na perna dele, o que o fez se curvar e então, sem nenhum escrúpulo, desferi outro golpe com Mortalha e decepei uma das asas de meu irmão que viraram apenas pó negro. Antes que Lúcifer pudesse cair, agarrei seu pescoço e o atirei na direção da ponte.

— Sabe de uma coisa? – Disse pousando na frente de Lúcifer. – Estou com uma vontade de te mandar para o inferno hoje.

Lúcifer se pois de pé com dificuldade e avançou contra mim com as mão nuas já que sua espada tinha caído no mar. Já que era a moda antiga, embainhei Mortalha e aguardei o ataque que não demorou muito para acontecer. Bloqueei um soco de Lúcifer com o ante braço, o que me resultou em um arranhão de quatro linhas. Dei uma cotovelada na cara do meu irmão que o fez cuspir um pouco de sangue e o deixar tonto. Era a minha chance e eu não ia deixar passar. Chutei a cara de Lúcifer uma última vez e em um movimento rápido, desembanhei Mortalha e fiz um corte em sua garganta. Ele levou as mãos ao pescoço tentando estancar o sangue que escorria por entre seus dedos. Lúcifer caiu para trás agonizante.
O sol estava começando a se por. O vento balançava alguns fios do meu cabelo e me golpeava com suavidade, enquanto gotas de sangue dourado escorriam pelo meu rosto. Coloquei o pé no peito de Lúcifer que agonizava no chão e o olhei nos olhos com nada mais do que puro ódio.

— Vá para o inferno, Lúcifer. – Preparei Mortalha.

— E-ela está morrendo. – Ele riu enquanto se engasgava com o próprio sangue. – N-não consegue sentir? Você perdeu. Po-pode ter me v-vencido mas não vai salvá-la.

Olhei para meu irmão moribundo com puro ódio e ergui Mortalha a cravando no coração de Lúcifer. Ele agonizou por mais alguns segundos e então parou de se mexer. Lúcifer estava Morto. Preparei minha espada mais uma vez e cortei a cabeça do Diabo, que se separou do corpo com um som úmido de sangue brotando.

— Eu odeio os domingos.

Então, estalei os dedos e desejei que o corpo sem cabeça do meu irmão mais velho sumisse e voilá, corpo explodiu em fumaça negra e sumiu.
Embanhei mortalha, fechei os olhos e me preparei para fazer o Salto. Precisava cumprir uma promessa ainda.

Anjo MeuWhere stories live. Discover now