LXVII - Chamado de Deus

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Baraquiel surgiu do feixe de luz e andou na nossa direção jogando sua inseparável moeda para cima.

— Você tem que ir? – Perguntou Diana voltando sua atenção para mim.

— Acho que sim. – Me afastei de Diana. – Fica aqui, eu já...

— Por Deus, você é linda! Baraquiel, as suas ordens. – Ele pegou a mão dela e beijou.

Dei um tapa na cabeça dele, o que fez meu irmão soltar a mão de Diana e olhar para mim.

— Se você beijar a mão dela mais uma vez, essa sua moeda vai parar em um lugar onde não ha luz do sol.

— Caçula, eu só estava me apresentando a...

—Não quero saber que merda você estava fazendo. O que quer?

— Deus quer falar com você.

— E ele não podia esperar eu chegar?

— Segundo ele, era importante. Então eu me ofereci para buscá-lo, queria conhecer a moça.

— Cara, eu não estava brincando sobre a moeda.
Ameacei andar na direção dele, mas Diana colocou a mão no meu peito. Nossos olhos se encontram e tivemos uma discussão silenciosa. Ela ganhou dessa vez. Revirei os olhos e me voltei para Baraquiel.

— Só pode ser brincadeira... – Murmurei.

— Creio que não, meu caro caçula. Ele disse que era para você voltar imediatamente.

— Diana, eu...

— Tudo bem, eu entendo. Vai.

— l Vá na frente – disse para Baraquiel – já estou indo.

Baraquiel assentiu e então fez uma reverência para Diana.

— Com sua licença...

Então meu irmão ergueu a espada para o feixe de luz e sumiu.

— Ele é estranho.

— Nem me fale.

— É... a cho que não vamos nos ver tão cedo. - Disse Diana em um suspiro.

— Vou voltar antes que sinta minha falta. - Lhe dei um beijo rápido.

Conjurei Mortalha e a ergui para o céu. Um feixe de luz rompeu o lugar em um piscar de olhos eu estava de volta em casa.

***

— Que porcaria hein, pai. – Falei empurrando as portas de carvalho. – Não podia esperar um pouquinho?!

— Você me desobedeceu.

— Não é a primeira vez que isso acontece. – Afundei em uma das cadeiras da sala.

— Pensei sobre o que você me disse.

— E o senhor preparou outro sermão para me dizer que me proíbe de ver ela?

— Lucas...

— Desculpe pai, continue.

— Tomei uma decisão. Vou designa-lo para uma missão permanente.

— O que? – Me levantei da cadeira. – Pai, o senhor... – Deus ergueu o dedo indicador pedindo silêncio.

— Na Terra. Sinto que o Inferno está tramando outro ataque e não quero ser pego desprevenido mais uma vez. Você aceita?

— Posso ficar em qualquer lugar da Terra?

— Só vou ceder informações sobre a missão se você aceitá-la.

— Eu aceito a missão, pai.

— Muito bem – meu pai se levantou da cadeira e se pôs na minha frente – você poderá ficar em qualquer lugar do mundo. Embora que eu já saiba onde você vá ficar. Todo fim de ano mortal, você vai voltar para cá e me fazer um relatório da missão.

— Sim senhor. – Falei sério, embora quisesse esbanjar um sorriso.

— Dispensado Arcanjo. Pode ir.

— Começo agora?

— Se quiser esperar até o milênio que vem...

— Não, não senhor. Já estou indo. Tirei Mortalha com bainha e tudo mais das costas e estendi para meu pai.

— Leve-a. Foi um presente de Gabriel. E além disso, tenho a súbita impressão que você irá usá-la. Agora vá!

Coloquei Mortalha nas costas e fiz uma coisa que surpreendeu a mim e a meu pai, o abracei.

— Obrigado, pai.

— Espero que eu esteja fazendo a coisa certa. – Nos separamos do abraço. – Não se esqueça, o relatório deve ser feito...

— Todo fim de ano mortal, já sei.

Me despedi de meu pai e antes que eu saísse da sala ele disse:

— Lucas! Quando a criança nascer, porque ela vai nascer, cuide para que você esteja certo e ele destrua o Inferno ao invés de fazê-lo se erguer. E quando chegar a hora, conte a ele a verdade sobre ele.

Assenti para meu pai e as portas de carvalho se fecharam as minhas costas pela última vez em muito tempo.

Anjo MeuWhere stories live. Discover now