XVIII - Diana, essa é Mortalha

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Acordei sentindo o dobro das dores que estava sentido com meu clone. Parecia que eu tinha lutado 3 guerras seguidas, meu corpo estava dolorido, meu nariz sangrava e o corte no meu peito ardia.

- Lucas, o que aconteceu? - A voz de Diana estava trêmula como se ela estivesse prestes a chorar.

- Demônios... ai - reclamei me ajeitando no sofá - muitos deles.

- O que? Como eles descobriram? Como acharam você?

- Não sei, mas infelizmente não sobrou nenhum para responder essas perguntas. - Tirei a bainha com Mortalha das costas, a coloquei no meu colo e dei dois tapinhas nela com a mão livre.

- Isso é...?

- Diana, essa é Mortalha. - Sorri satisfeito.

- Mortalha? - Diana ergueu uma das sombrancelhas. - A espada tem o nome de Mortalha? Por que?

- Porque todos que enfrentam ela só a vêem uma vez. Espera um pouco aí, já volto.

Me levantei do sofá colocando Mortalha na mesinha de centro da sala, e fui avaliar os estragos feitos no espelho do banheiro.
Me apoiando nas paredes, me sentindo tonto por ter usado um poder que não tinha, cheguei ao banheiro com dificuldades. Tirei a camiseta ensanguentada e olhei no espelho: um corte em formato de C que ia do começo do meio do meu peito até o final da minha costela esquerda, se mostrava ali. Não era fundo mas estava sangrando.

- Lucas? Está...wow!

Mesmo vendo reflexo de Diana pelo espelho, me virei para olhá-la. Ela estava encostada no batente da porta pressionando os lábios um no outro.

- Acho que... me machuquei um pouco. - Olhei para o meu peito e depois para Diana.

- Acha? Isso está bem feio. Você precisa parar o sangramento antes que sei lá, tenha uma hemorragia. Senta no sofá, vou pegar as coisas para fazer uns curativos em você.

Tive vontade de falar que não era um corte fundo e que estava tudo bem, mas eu não tinha mais o poder de cura, e fazer um curativo era melhor do que manchar minhas camisas de sangue.
Diana saiu do banheiro e eu fiz o mesmo. Enquanto Diana foi para o quarto, eu me dirigi a sala e me sentei no sofá. Logo depois, Diana apareceu e se sentou ao lado de Mortalha na mesinha de centro, com uma maletinha branca nas mãos.
Ela olhou para espada e depois para mim, tirando um algodão da maleta e passando um liquido nele.

- Como ela surgiu aqui com você? Digo, a espada tem checkpoint?

- O que? Nã... checkpoint? - Franzi o cenho. - Ela não tem checkpoint. Seja lá o que isso seja. O Transporte de Conciência me permite trazer objetos comigo desde que esses tais objetos sejam meus.

Diana passou o algodão no meu nariz, começando a limpar o sangue presente.

- Não vou nem perguntar como isso é possível.

Ela pegou outra bola de algodão, passou mais uma vez o líquido e se sentou ao meu lado.

- Preciso que você sente de frente para mim. - Me virei de lado no sofá atendendo o pedido dela. - Achei que você estivesse morrendo...

Diana começou a passar o algodão no meu peito me fazendo ter um arrepio involuntário.

- Você não vai se livrar de mim tão fácil.

- É uma pena. Sinto saudades de morar sozinha... - ela riu.

- Sente sim, claro. - Sorri.

- Você deveria sorrir mais. - Ela ainda limpava o sangue do meu peito.

- E por que...? - Ergui uma sombrancelha.

- Porque seu sorriso é bonito, você não acha?

- Acho que você é linda. - Quis me bater assim que a frase escapou.

O silêncio tomou conta da sala. No momento em que deixei escapar que ela era linda, Diana parou de movimentar o algodão, olhou para baixo e sorriu. Nunca tinha reparado antes, mas o sorriso dela era lindo. Como nunca tinha visto aquilo?
Diana levantou a cabeça e parou de sorrir. Seus olhos castanhos escuros se fixaram nos meus, me fazendo dar um meio sorriso nervoso. E sem mais nem menos, meus batimentos cardíacos aceleraram.

Anjo MeuWhere stories live. Discover now