XXXIII - Ajudinha do tio Lú

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Quando meus dedos empurraam uma parte da capa do Livro o fechando, pensei que entraria em combustão ou algo do tipo. Por isso fiquei surpreso ao ver que ainda estava inteiro. Antes de tirar o Livro do monumento, olhei ao redor – com um olho aberto e outro fechado – procurando nervosamente demônios ou até mesmo meu irmão mais velho, Lúcifer. Mas nada aconteceu. Relutante, peguei o Livro e coloque de baixo do meu braço esquerdo e comecei a caminhar, mas algo estava errado. Na minha mão, Mortalha zumbia incansavelmente (o que particularmente estava me deixando louco), segurar o Livro fazia eu me sentir esquisito, com sensações de poder e dominação que não eram minhas. Sentia vontade de ler aquelas páginas, liberar e dominar os poderes contidos nelas e... pisquei com força e balancei a cabeça negativamente para voltar a mim. Que merda estava acontecendo?
Estava quase entrando em colapso nervoso quando senti um aperto na minha mão firme mas gentil e suave ao mesmo tempo. Diana. Ela estava começando a ficar preocupada. Precisava voltar. Tentava me concentrar, mas o zumbido de Mortalha me tirava toda a atenção. Minha cabeça começou a doer. Me ajoelhei no piso do museu sucumbindo a dor. Minha cabeça latejava tanto que parecia que tinha alguém chutando ela de dentro para fora. Meu campo de visão escureceu por um segundo e quando voltei a enxergar, ecarei o piso branco do museu. Segundos depois, voltou a ficar tudo escuro e eu só consegui pensar uma coisa antes de apagar de vez: Diana.

***

Acordei em um solavanco trazendo ar aos meus pulmões com dificuldade com Mortalha na mão direita e o Livro na esquerda. Diana deu um salto no banco do motorista quando o Livro de tamanho médio se materializou na minha mão, onde a mão dela estava a segundos antes.
Olhei em volta assustado. Não tinha como eu ter voltado, não solicitei a volta para o meu corpo por mais que fosse tudo que eu quisesse quando estava dentro do museu.

— Você está bem? – Me sentei rapidamente no banco de trás embainhando Mortalha.

— Sim, estou. Como conseguiu que ele viesse junto? – Diana apontou para o Livro.

— Longa história te explico depois. E Dyllan?

— Dormiu dois minutos depois que você apagou. Ele achou que você estava meditando, não viu o troço que você faz com os olhos.

— Melhor assim. Vamos, agora.

— Lucas, o que...

Não esperei Diana terminar. Saí do carro e abri a porta do carona. Dyllan parecia estar tendo belos sonhos. Peguei ele no colo exatamente como um bárbaro faz: colocando ele no ombro e o levando até o banco de trás.

— Lucas, que merda! Quer fazer a porra do favor de me explicar porque você está apavorado desse jeito.

— Não estou apavorado e não da tempo, Diana. Merda, merda, merda, merda. – Fechei a porta do banco de trás.

— Por que? LUCAS!

Diana saiu do carro, o que me fez parar de fazer o que eu estava fazendo e olhá-la.

— Não consegui me trazer de volta do museu porque Mortalha não parava de zumbir e o Livro, essa droga de Livro tem um certo poder sobre mim. – Dei a volta no carro novamente e sentei no banco do carona. – O que importa é que minha cabeça começou a doer tanto que eu estava quase desmaiando.

— Mas você disse que o Transporte de Conciência era doloroso e... espera. Você não se trouxe de volta? – Diana entrou no carro novamente.

— Não Diana, eu não me trouxe de volta.

— Se você não se trouxe então... ai meu Deus, não me diga que Lúcifer trouxe você de volta.

— Infelizmente desconfio que seja.

— Eu disse para não dizer. – Diana apoiou a cabeça no volante.

– O Monumento no qual o Livro estava contido, de alguma forma não deixava a Chave se manifestar. Não o deixava ser encontrado.

— Então, quando você tirou o Livro da “prisão domiciliar”...

— Eu liberei a áurea dele. O que pode fazer Lúcifer encontrá-lo. – Completei.

— Tudo bem, o passei a Cidade dos Anjos acabou.  – Diana se ajeitou no banco do motorista e olhou para mim. – Põe o cinto.

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